Como limpar casa, corpo e alimentos após contato com água de enchente
Diante da grave situação pela qual algumas cidades do Rio Grande do Sul estão passando, devido às fortes chuvas, uma questão importante voltou à tona: o que fazer ao se molhar ou ter a casa invadida durante uma enchente?
De acordo com a Defesa Civil, em meio a esse cenário, a primeira atitude a se tomar é buscar um local seguro, longe de bueiros, córregos e fontes de energia, para evitar o contato prolongado com a inundação. Isso porque essa água, contaminada por lixo, sujeira e esgoto, transporta doenças como cólera, hepatite A, febre tifoide e diarreias causadas por Escherichia coli e Salmonella.
"O uso de calça comprida e sapato fechado ajuda, mas não protege totalmente, pois acabam encharcados. O mais indicado é o uso de galochas ou sacos plásticos para proteger a pele por dentro do calçado, se não houver como evitar o contato com a água e o barro", orienta Ilana Teruszkin Balassiano, doutora em ciências (microbiologia) pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e tecnologista em saúde pública da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Passado o susto, não espere o corpo secar naturalmente e, o quanto antes, lave bem com água e sabão pernas, pés e mãos, que estão mais expostos. Você pode tentar cumprir esse cuidado até mesmo antes de chegar em casa. Basta ter água potável ou a uma garrafa com água mineral e um sabonete.
"Com relação a cuidados genitais, assim que possível, tome um bom banho. Se imergiu na inundação, é interessante fazer uma ducha íntima no chuveiro, sem nenhum produto químico, para higienizar a parte interna da vagina, no caso de mulheres sexualmente ativas. Meninas virgens, por terem a membrana himenal (hímen) intacta, têm uma proteção maior, por isso basta que lavem a parte externa com água e sabonete e observar se não haverá corrimento", orienta Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra dos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein (SP).
E claro: em caso de acidentes, com cortes e perfurações, ingestão de água, alterações respiratórias, oculares, gastrointestinais ou cutâneas e dores que possam estar relacionadas com a exposição à enchente, um médico deve ser consultado.
A higienização da casa e o que fazer com os alimentos que restaram
O risco de contaminação pode ocorrer pelo contato com a água e o barro de enchentes e deslizamentos, mas também durante a limpeza de uma casa ou carro atingidos. Dessa forma, é importante evitar tocar superfícies sem luvas, máscara ou pisar em local úmido sem galochas, pois ainda há um alto risco, e orientar as crianças para não brincarem nesses ambientes.
Caixas d'água, água de torneiras e tubulações também devem ser checadas antes de serem utilizadas. Bactérias são sensíveis aos desinfetantes de uso geral, principalmente aqueles à base de cloro, recomendados para higienizar casas, e à água sanitária, que pode ser empregada para lavar roupas atingidas pela enchente.
"Garrafas e potes de vidro, latas e embalagens a vácuo, tipo caixa de leite, podem ser reaproveitados, mas precisam estar lacrados, em perfeita condição, sem amassados, estufados ou ferrugens. Desinfete esses produtos com 2 colheres de sopa de hipoclorito de sódio 2,5% para cada litro de água, ou passe álcool líquido a 70%", orienta Gabriela Cilla, gastróloga e nutricionista clínica, funcional e esportiva da Clínica NutriCilla.
Alimentos em situação de enchente podem causar diarreias, vômitos, febre e, em casos mais graves, levar à morte. A nutricionista indica então descartar perecíveis, como frutas, legumes, verduras e carnes, ou que estejam abertos, violados e com cheiro, cor e aspecto diferentes, umidade e mofo.
Alimentos submersos, em plásticos, ensacados e fora da geladeira por mais de duas horas, independente de alterações, ou de não terem sido abertos, não devem ser consumidos.
*Com informações de matéria publicada em 03/02/2021
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