KP.2: com inverno, especialistas dizem que nova variante da covid-19 vem aí

A nova variante da covid KP.2 já representa 25% das infecções nos EUA; mais de 20% na Inglaterra e cerca de 20% no Canadá. Ela tem se espalhado, de acordo com o Celso Granato, infectologista e diretor Clínico do Grupo Fleury, devido a uma taxa de multiplicação superior à da JN1, que era a dominante mais recente.

"Por outro lado, a quantidade de vírus KP.2 necessária para infectar uma pessoa é maior. Então, ela não tem a mesma infectividade. Ela produz uma quantidade maior de vírus, mas precisa de muito mais para poder infectar uma pessoa", diz. Segundo ele, é provável que a nova variante se dissemine no Brasil, como está ocorrendo no Japão e nos países já citados.

De acordo com Ana Karolina Barreto Marinho, infectologista do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) e membro do departamento científico de imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), esses aumentos repentinos de novas variantes podem ter impacto na saúde pública, especialmente com a chegada de eventos sazonais como o inverno e as férias escolares, que tradicionalmente aumentam as viagens e o contato social.

Além do inverno, o perfil populacional e as vacinas utilizadas no país até o momento também têm influência. "Em todos os lugares em que ela já se faz presente, a KP.2 rapidamente atingiu um percentual significativo dos casos de infecção pela covid. Então, não tem por que ser diferente no país", afirma o infectologista do Grupo Fleury.

KP.2 não parece aumentar mortalidade e internações

A boa notícia é que a variante não provocou um aumento do número de internações no final do inverno no hemisfério norte, nem de mortalidade e tampouco da procura por atendimento nas unidades de pronto-atendimento devido aos quadros respiratórios, conforme relata Raquel Stucchi, infectologista, professora da Unicamp e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

Para a infectologista da Asbai, deve-se considerar que grande parte da população já foi vacinada e vacinas atualizadas estão disponíveis para as pessoas com maior risco de agravamento, hospitalizações e óbitos. "A imunização e o monitoramento oportuno dos casos e novas variantes são cruciais para mitigar o risco do aumento de hospitalizações e óbitos pela covid-19."

Dessa forma, para evitar os casos graves, pois KP.2 é capaz de contaminar pessoas que já foram vacinadas e que já tiveram covid anteriormente, José Eduardo Levi, virologista da Dasa, recomenda tomar a vacina, independente da cepa que estiver dominante.

"As pessoas devem estar protegidas na época de maior circulação do vírus, que pode ser o inverno. Até agora a covid não teve essa sazonalidade, mas os respiratórios têm registro de circulação elevada nessa época do ano", diz Levi.

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Sintomas são diferentes?

"Até o momento os sintomas causados pela infecção do Sars-CoV- 2 e suas variantes são os mesmos e não é possível distingui-los", afirma Marinho.

O infectologista do Fleury explica que novas variantes do grupo FLIRT, baseado na sequência de aminoácidos, como as KP1 e KP.2, não possuem ainda descrição do quadro clínico. "Pode ter pequenas variações em relação às outras cepas, mas isso ainda não está publicado."

Grupos mais vulneráveis

Granato enfatiza que os cuidados devem ser redobrados com crianças pequenas, adolescentes, idosos e quem tem comorbidades (hipertensos, diabéticos, pessoas obesas, por exemplo), pois a infecção pode evoluir de forma mais grave e contribuir com o aumento nas hospitalizações.

A consultora da SBI também reforça que a vacina que já está chegando em todas as unidades básicas está direcionada para as pessoas que têm risco de maior gravidade.

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"Além da vacinação, outras medidas de saúde pública, como uso de máscaras em locais fechados ou aglomerados e higienização das mãos continuam a ser importantes para reduzir a transmissão do vírus", diz Marinho.

Covid longa

Em relação aos casos de covid longa, não se sabe ainda o que poderá ocorrer, afinal a variante é recente. "O que se observa ao longo do tempo é que não há aumento, muito pelo contrário, o percentual de pessoas com covid longa tem diminuído à medida que essas novas mutações foram surgindo. Mas não sabe se isso vai obrigatoriamente acontecer com KP.2", afirma o diretor clínico do Grupo Fleury.

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