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Leucemia de Susana Vieira não tem cura, mas tem controle; entenda

Susana Vieira em noite de autógrafos de autobiografia no Rio de Janeiro Imagem: Daniel Pinheiro/BrazilNews

Colaboração para VivaBem*

20/05/2024 15h07Atualizada em 20/05/2024 15h07

Aos 81 anos, Susana Vieira esbanja alegria de viver. Talvez seja por isso que muita gente foi surpreendida por uma entrevista exibida pelo Fantástico no último domingo (19), na qual ela fala sobre como lida com uma doença ainda incurável, a leucemia linfocítica crônica, desde 2015.

"É óbvio que, à medida que você vai ficando com mais idade, fica mais preocupada. [Mas] estou em paz", declarou a atriz, que também foi diagnosticada com anemia hemolítica autoimune. "A disciplina é o que me trouxe até hoje. Com 81 anos, isso é disciplina, é ginástica, é mental", declarou ela à atração dominical.

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O que é leucemia linfocítica crônica

A leucemia é um tumor líquido nas células do sangue e afeta os linfócitos, células de defesa do organismo. A leucemia linfocítica crônica é o tipo mais comum desse câncer, representando cerca de 30% dos casos de todas a leucemias diagnosticada no Brasil, conforme explicou Caroline Aquino Moreira-Nunes, professora do Laboratório de Farmacogenética da UFC (Universidade Federal do Ceará) e diretora do laboratório de Biologia Molecular do Grupo Clementino Fraga, em Fortaleza (CE), em entrevista a VivaBem em fevereiro.

A doença atinge os linfócitos B, responsáveis pela produção de anticorpos e pela memória imunológica. Essas células passam a se multiplicar além do normal e perdem a capacidade de morrer no tempo certo.

Com o aumento descontrolado dos linfócitos B no sangue, na medula óssea, no baço e/ou nos linfonodos, os pacientes, que geralmente já são idosos e estão mais propensos a outras alterações, tornam-se imunossuprimidos.

"O acúmulo dos linfócitos anômalos pode prejudicar a produção das células sanguíneas normais", explica Isabela Assis de Siqueira, médica hematologista do Hospital de Amor, em Barretos (SP).

"A diminuição dos glóbulos vermelhos leva à anemia; o número menor de plaquetas pode causar sangramentos, mais comuns na gengiva e nariz, além de manchas roxas na pele; e a redução dos glóbulos brancos provoca baixa da imunidade, deixando o organismo mais sujeito a infecções."

Quais são as causas?

A leucemia linfoide crônica é mais frequente em pessoas com idade acima de 50 anos, sendo os homens os mais afetados. A doença é rara antes dos 40 anos e não costuma atingir crianças.

Não há causas ou fatores de risco bem definidos para as mutações nos linfócitos B que provocam a leucemia linfoide crônica e, embora não seja considerada hereditária, há maior incidência em parentes de primeiro grau —ou seja, filhos de pais quem tiveram a doença.

Segundo especialistas, assim como ocorre com outras leucemias, uma possível causa que não pode ser desprezada é a exposição a produtos químicos. "E, no Brasil, nos últimos anos, a legislação flexibilizou o uso de agrotóxicos", lembra Moreira-Nunes.

Sinais

A maioria dos pacientes não apresenta sintomas e descobre a doença somente após a realização de um hemograma completo. A confirmação vem com testes mais específicos, como imunofenotipagem e exames genéticos.

"Os sintomas da doença não aparecem rapidamente; chegam aos poucos e podem até passar desapercebidos", diz Danielle Padilha, médica hematologista da Oncologia D'Or Recife. Entre esses sintomas, podem estar fadiga, perda de peso, febre, sensação de empachamento ou dor abdominal e o surgimento de ínguas ou gânglios.

Tratamento e perspectivas

A leucemia linfoide crônica não tem cura, mas pode ser controlada, garantindo aos pacientes uma sobrevida média global de 10 a 20 anos. Tal prognóstico positivo se deve principalmente ao desenvolvimento de novas terapias, que aliviam os sintomas, melhoram a qualidade de vida e levam à remissão da doença.

Atualmente, o tratamento —que pode ser por tempo determinado ou indefinido— é baseado em quimioterapia, imunoterapia e terapias alvo, muitas vezes associadas, de acordo com idade, comorbidades e prognóstico do paciente e situação clínica da doença. Ou seja, envolve desde infusões endovenosas até comprimidos tomados por via oral.

*Com informações de reportagem de 22/02/24

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