Câncer de pulmão pode manifestar sinal pouco conhecido no rosto
Colaboração para VivaBem*
21/05/2024 15h41
O câncer de pulmão foi considerado o mais comum em todo o mundo, segundo dados divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em fevereiro deste ano. Os números são referentes a 2022 e constataram 2,5 milhões de novos casos, representando 12,4% do total. Ele também é o mais letal segundo a entidade, com 1,8 milhão de óbitos no mesmo ano.
No Brasil, apesar desse tipo de câncer também liderar o número de mortes, é considerado o quarto mais comum em termos de diagnósticos, representando 7% dos tumores identificados em 2022.
Sintomas como tosse, falta de ar e rouquidão costumam ser os primeiros sinais que vêm à mente quando se pensa em câncer de pulmão. Mas outros menos conhecidos também podem ser um importante indicativo. Um deles é o inchaço no rosto, pescoço, braços e parte superior do tórax.
Isso ocorre quando o tumor exerce pressão sobre a veia cava superior, a VCS, ou se espalha para os gânglios linfáticos próximos.
Apesar disso, é importante dizer que nem todos os casos de inchaço facial são causados pelo câncer de pulmão. Diante de uma suspeita, busque um médico oncologista para avaliação e eliminação de outras possíveis condições.
Além desse sinal, outros podem ser indicativos da doença. Como:
- Tosse persistente
- Catarro com sangue
- Dor no peito
- Dor dos ossos
- Dor de cabeça
- Rouquidão
- Falta de ar
- Perda de peso e de apetite sem causa aparente
- Pneumonia recorrente ou bronquite
- Cansaço
- Fraqueza
É bom reforçar que os sintomas geralmente não ocorrem até que a doença já esteja em um estágio mais avançado, o que compromete as chances de cura e qualidade de vida do paciente. Clarissa Mathias, oncologista do Grupo Oncoclínicas e ex-presidente da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), de Salvador (BA)
Por isso, assim como outros tipos de câncer, o diagnóstico precoce, geralmente antes dos sinais iniciais da doença surgirem, é muito importante para o sucesso do tratamento.
De acordo com o Ministério da Saúde, apenas 16% dos cânceres de pulmão são diagnosticados em estágio inicial (tumor localizado). Atualmente, a recomendação é de que apenas as pessoas com alto risco para a doença passem por exames periódicos de rastreio.
Como é feito o diagnóstico do câncer de pulmão?
O diagnóstico do câncer de pulmão é realizado a partir de exames de imagem como a tomografia computadorizada do tórax e o raio-X. A partir dos resultados, o médico pode requisitar uma biópsia —retirada de uma pequena amostra de tecido pulmonar para análise em laboratório.
Os exames de imagem apresentam uma suspeita, mas apenas a biópsia é capaz de confirmar ou não a malignidade dos achados desses exames. Suellen Nastri, médica oncologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Se o tumor for confirmado, o médico deve solicitar ainda novos exames para determinar em que estágio o câncer se encontra. A classificação varia de um a quatro: a primeira para quando a doença se limita ao pulmão e quatro para quando ela já está avançada e se espalhou para outras áreas do corpo.
Para evitar uma exposição desnecessária à radiação desses exames, a realização deles de forma periódica (uma vez ao ano) é feita apenas para aqueles pacientes com risco alto para desenvolver a doença.
Quem tem alto risco para a doença?
O principal fator de risco é o tabagismo. "Sabemos hoje que cerca de 85% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao uso do cigarro", diz Luiz Henrique Araújo, coordenador de oncologia do Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro, e head de oncologia da Dasa Genômica.
"O restante dos pacientes geralmente desenvolve a doença por ser fumante passivo, contato com poluição em excesso ou produtos químicos", diz. "Os casos de não fumantes existem, mas são raros e ainda não temos clara a explicação para eles."
Por isso, a recomendação da realização de exames de rastreio é feita para pacientes entre 55 e 80 anos, fumantes ou ex-fumantes que pararam há menos de 15 anos, e que tenham uma "carga de fumo" de pelo menos 20 maços por ano nesse período.
Para chegar a esse valor, é multiplicado o total de maços consumidos por dia pelo total de anos em que o paciente já fumou.
*Com informações de reportagem publicada em 06/03/2023