Cientistas chineses dizem que descobriram possível cura da diabetes tipo 2
Um grupo de cientistas chineses disse ter descoberto uma suposta cura para o diabetes tipo 2. Em um artigo publicado no dia 30 de abril no periódico Cell Discovery e divulgado pela Comissão de Ciência e Tecnologia de Xangai, os pesquisadores contaram que trataram com sucesso um paciente por meio de um procedimento experimental que envolveu o transplante de células pancreáticas.
Não foram divulgados pelos pesquisadores dados pessoais sobre o paciente, apenas sabe-se que ele, um homem de 59 anos, conviveu com diabetes tipo 2 por 25 anos e, após o transplante, não precisou injetar insulina a partir da semana 11. De acordo com o artigo, "os medicamentos antidiabéticos orais foram reduzidos gradualmente a partir semana 44 e descontinuados nas semanas 48 (acarbose) e 56 (metformina)".
Estudo piloto com transplante de células
O tratamento, chamado de estudo piloto pelos cientistas, consistiu na utilização de células mononucleares do sangue do próprio paciente, que foram reprogramadas em células-tronco.
Posteriormente, a equipe reconstruiu pequenos agrupamentos de células especiais no pâncreas (as ilhotas pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina) em um ambiente artificial.
Durante o período de acompanhamento de 116 semanas, nenhuma formação tumoral foi detectada e os eventos adversos do tratamento incluíram: distensão abdominal temporária e perda de apetite dentro de 4-8 semanas; perda de peso restaurável (de 80 kg a 76 kg).
Os primeiros dados de 27 meses revelaram melhorias significativas no controle glicêmico e forneceram a primeira evidência de que os tecidos das ilhotas derivadas de células-tronco podem resgatar a função das ilhotas em pacientes com diabetes tipo 2 em estágio avançado. Artigo publicado na Cell Discovery
O procedimento descoberto pelos médicos possibilita a completa recuperação da função das células pancreáticas. Eles também têm expectativa de que esse tratamento possa prevenir o desenvolvimento das complicações do diabetes.
O estágio seguinte do estudo envolve analisar mais amostras para obter conclusões definitivas sobre o papel dessas células e o alcance das metas glicêmicas.
Além disso, futuras pesquisas serão necessárias para expandir o uso do transplante de células pancreáticas derivadas de células-tronco para outros subtipos de diabetes e desenvolver produtos prontos para uso que curem o diabetes sem a necessidade de imunossupressão.
Doença tem aparecido mais cedo
A incidência do diabetes tipo 2 vem crescendo em jovens no mundo todo. Um estudo recente, publicado no British Medical Journal, mostrou que ela aumentou 56% na faixa dos 15 aos 39 anos entre 1990 e 2019. Um dos principais fatores de risco foi o alto IMC (Índice de Massa Corporal).
"Quanto maior o tempo de exposição a altos níveis de glicose, maior o risco de complicações", diz o endocrinologista Simão Lottenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein.
"Essas pessoas precisam já começar a tratar a obesidade, a hipertensão, fazer atividade física, controlar alimentação, por exemplo", acrescenta o médico. Vale lembrar que a obesidade é uma doença que precisa ser tratada, se preciso com medicação, pois é fator de risco para inúmeras outras doenças, não apenas o diabetes.
*Com informações de reportagem publicada em 12/10/2023
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