Lúpus: mulheres são 90% dos casos, mas homens podem ter forma mais grave

O lúpus é uma doença autoimune, ou seja, causa uma desregulação do sistema imunológico que faz com que o corpo ataque seus próprios tecidos. Esse processo provoca lesões no tecido conjuntivo, que forma a estrutura que dá resistência a articulações, tendões, ligamentos e vasos sanguíneos.

Quando o lúpus se manifesta, a inflamação e a resposta imunológica causam lesões nesse tecido, não só na área das articulações, mas em qualquer parte do organismo, como rins e cérebro, além das membranas que revestem coração (pericárdio) e pulmões (pleura).

Com uma prevalência que varia conforme cada região do mundo, sabe-se que o lúpus é mais comum entre afro-descendentes, asiáticos e hispânicos, quando comparados aos caucasianos.

O grupo feminino representa 90% dos casos, mas os homens, menos afetados, podem manifestar formas mais graves da doença. Nas mulheres, o lúpus é mais frequente na idade reprodutiva, mas pode aparecer em qualquer período, inclusive em crianças e idosos.

Como não existe cura para essa enfermidade, a adesão ao tratamento é tida como essencial para o controle dos sintomas e até o desaparecimento deles (remissão).

O que causa o lúpus

As causas do lúpus ainda são desconhecidas. O que se sabe até o momento é que a doença é multifatorial, influenciada pelas seguintes situações:

Predisposição genética;

Desregulação do sistema imunológico;

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Fatores hormonais (hormônio feminino);

Exposição a fatores ambientais (infecções, tabagismo).

Conheça os vários tipos

Lúpus eritematoso: é a forma mais comum dessa enfermidade e que pode ser sistêmico ou cutâneo. O primeiro é assim denominado porque tem como característica o eritema (vermelhidão da pele) e pode acometer qualquer parte do corpo; o segundo se manifesta na pele em regiões expostas ao sol.

Lúpus induzido por drogas: essa apresentação decorre da exposição a determinados medicamentos ou drogas e costuma ser mais raro. A solução desses casos se dá por meio da suspensão do uso do agente desencadeante.

Lúpus neonatal: há uma transferência de anticorpos da mãe para o feto, provocando neste manifestações cardíacas e cutâneas, muitas vezes transitórias. Também costuma ser raro.

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Saiba como reconhecer os sintomas

O lúpus é uma doença desafiadora exatamente porque seus sintomas podem variar de pessoa a pessoa, e ainda evoluir por meses e até anos. Apesar disso, são comuns as seguintes manifestações:

  • Febre;
  • Mal-estar geral;
  • Erupção de pele, mancha vermelha em forma de borboleta no rosto (90% dos pacientes);
  • Erupções de pele em outras partes do corpo;
  • Sensibilidade à luz solar (a pele fica vermelha ao ser exposta ao sol);
  • Úlceras na boca;
  • Dor nas articulações, que pode começar nas pequenas articulações, como dedos, pulso etc., mas pode acontecer em todas (90% dos pacientes);
  • Anemia;
  • Perda de força física (astenia);
  • Perda importante de cabelo.

Sintomas mais graves:

  • Problemas do SNC (Sistema Nervoso Central) --convulsão, psicose;
  • Nefrite (doença inflamatória do rim);
  • Presença de líquido no pulmão ou coração

Quando é a hora de procurar ajuda?

Na maioria das vezes as pessoas começam a perceber o aparecimento de manchas que surgem logo após a exposição ao sol, além de dores ou inchaço nas juntas que não decorrem de esforço. Esse quadro vai se instalando aos poucos, cada dia aparece uma coisa nova.

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Ao notar esses sintomas mais comuns, procure um médico para avaliação. Quanto mais cedo começar o tratamento, melhores são as chances de conter o avanço do lúpus.

Como é feito o tratamento

A depender da gravidade de cada caso, a estratégia terapêutica partirá de medidas protetivas como a menor exposição ao sol ou à luz artificial, que também tem raios ultravioleta. O conselho dos especialistas é usar protetor solar diariamente, até mesmo dentro de casa e nos dias nublados. As aplicações devem ser repetidas três vezes ao dia.

A redução da resposta imunológica é outra meta que se busca alcançar por meio da terapia medicamentosa.

Os especialistas garantem que mais de sete pacientes em dez obtêm sucesso terapêutico, o que significa o controle ou a remissão dos sintomas da doença. Isso leva à redução do uso de medicamentos ou mesmo à suspensão.

Pouco mais de duas pessoas entre dez poderão ter formas mais graves da doença. Para elas, a adesão ao tratamento é a alternativa para evitar o avanço ainda maior da enfermidade e até a morte.

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A boa notícia é que a mortalidade caiu muito nas últimas décadas para esses casos, dada a maior ocorrência de diagnósticos precoces, tratamentos com metas terapêuticas precisas e disponibilidade de novas medicações.

Fontes: Licia Maria Henrique da Mota, presidente da comissão de artrite reumatoide da SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia); Liz Ribeiro Wallim, professora de reumatologia da Escola de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Flávio Calil Petean, professor de imunologia clínica e reumatologia da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo).

*Com informações de reportagem publicada em 31/03/2020

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