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Vacinação contra pólio é única proteção efetiva; por que doença é perigosa?

Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

De VivaBem*, em São Paulo

28/05/2024 11h43

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, lançada nesta segunda-feira (27) pelo Ministério da Saúde, vai imunizar menores de 5 anos até o dia 14 de junho. A meta é vacinar, no mínimo, 95% das cerca de 13 milhões de crianças nesta faixa etária.

Risco real

Com a iniciativa, a pasta visa reduzir o número de crianças não vacinadas e o risco de reintrodução do poliovírus no Brasil. O objetivo também é reforçar as medidas para a erradicação da doença, conhecida como paralisia infantil.

O país não registra casos de poliomielite desde 1989. Cinco anos depois, em 1994, recebeu a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem.

Mas, no ano passado, foi classificado como de alto risco. A Comissão Regional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite na Região das Américas indicou que o vírus poderia voltar a circular.

Vacinação é fundamental

Vacinação é a única forma de prevenção. Com a disponibilidade de um imunizante, é preocupante que ainda exista o risco de a doença provocar surtos e epidemias.

Baixa cobertura vacinal. A taxa de vacinação vem caindo no Brasil desde 2016. Em 2022, a cobertura ficou em 70,7%.

O esquema vacinal está disponível no SUS. A imunização é feita em cinco etapas: aos dois, quatro e seis meses de idade, mais dois reforços aos 15 meses e aos 4 anos.

Mudança na via de vacina. Segundo a pasta, a campanha deste ano é ainda mais importante, porque o país vai substituir as duas doses da vacina oral poliomielite (VOP) para apenas um reforço com a vacina inativada poliomielite (VIP), injetável, que será exclusiva a partir do segundo semestre deste ano.

Imunização avança, mas é preciso mais. Segundo levantamento do Unicef com dados do Ministério da Saúde, 152,5 mil crianças não receberam a primeira dose do imunizante no ano passado, ante 243 mil no ano anterior. Ainda assim, a instituição considera que é preciso um esforço ativo para encontrar e vacinar aquelas sem a dose.

Por que poliomielite é perigosa?

A doença é altamente contagiosa. Causada por um vírus que vive no intestino, chamado poliovírus, a enfermidade pode afeta crianças e adultos pelo contato direto com fezes ou secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes.

Pode provocar paralisia. Nem sempre ocorre, mas existe a possibilidade. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos. Em alguns casos, pode levar à morte.

Deixa sequelas. Os problemas estão relacionados à infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus; os principais são:

  • Problemas e dores nas articulações;
  • Pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
  • Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
  • Osteoporose;
  • Paralisia de uma das pernas;
  • Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;
  • Dificuldade para falar;
  • Atrofia muscular;
  • Hipersensibilidade ao toque.

Não tem cura nem tratamento específico. Por vezes, as pessoas infectadas devem ser hospitalizadas para tratar os sintomas, de acordo com a necessidade de cada uma. O plano é multidisciplinar: envolve fisioterapia, exercícios passivos, alongamentos e cirurgias em alguns casos.

As terapias visam estimular a musculatura e evitar deformidades, enquanto o procedimento cirúrgico alinha ossos e músculos alterados por causa da doença.

Como evitar que a doença volte ao Brasil?

Uma ação conjunta em prol da vacinação é a principal e mais urgente medida. Uma política pública que prioriza a vacinação e une as esferas federal, estadual e municipal é indispensável.

Além disso, outras ações são:

  • Aumentar a percepção de risco sobre a doença com comunicação eficiente;
  • Fortalecer vigilância ambiental e notificação de casos suspeitos;
  • Combater fake news e hesitação vacinal;
  • Ampliar o horário de funcionamento dos postos, treinar profissionais da saúde e envolver escolas;
  • Aumentar investimento no SUS e saúde da família.

*Com informações de reportagens publicadas em 18/12/2023 e 07/11/2022

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