É possível ter o 'rosto quadrado' da moda sem cirurgia, mas não é pra todos
Ao contrário do que muitos pensam, a moda de ter rostos quadrados não surgiu com Angelina Jolie ou Zac Efron. Lá na antiguidade, quando os humanos eram caçadores-coletores, mandíbulas bem definidas e robustas sinalizavam força, coragem e autoconfiança. Logo, a aparência contribuía para a aceitação social.
De lá para cá, nossa espécie evoluiu. Mas o desejo por um rosto quadrado ou retangular e tudo o que ele traduz parece ter resistido no inconsciente coletivo. Cada vez mais, homens e mulheres recorrem a procedimentos para obter um rosto mais harmonioso e marcante, afinal somos guiados por impulsos visuais.
"Com as redes sociais, a face, mais especificamente a mandíbula e o queixo, tem ocupado lugar de destaque. Mas as possibilidades de tratamento estético para o terço inferior da face dependem de uma avaliação individualizada", explica Sandra Figueiredo, especialista em harmonização orofacial e coordenadora da região Sudeste da SBTI (Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais).
Como adquirir um rosto definido?
É possível modificar o formato do rosto e deixá-lo definido de diferentes formas. Às vezes, são empregadas tecnologias tão precisas que não há necessidade de anestesia, cortes e o procedimento pode ser feito em poucas e rápidas sessões.
- Para impressão de osso destacado podem ser utilizados preenchedores injetáveis, como ácido hialurônico, informa Ceres Jamille, dermatologista e professora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Garanhuns (PE). Leva de 30 a 40 minutos e com duas sessões, ou uma anual, se obtém resultado satisfatório.
- Se o aspecto de queixo curto não for por falta de estrutura óssea, mas devido a excesso de gordura acumulada na papada, pode ser indicada uma lipoaspiração mecânica ou enzimática. Ao reduzir essa gordura, o queixo parece ter crescido.
- Substâncias injetadas nas camadas profundas da derme, os bioestimuladores (hidroxiapatita de cálcio e ácido polilático) estimulam a produção natural de colágeno, aumentando a firmeza e conferindo à pele aspecto simétrico. Vale combinar com ultrassom microfocado para tratar a flacidez local.
- Também são minimamente invasivos e podem ser associados às técnicas citadas os fios de dermosustentação. Depois de delicadamente inseridos na derme ou no tecido subcutâneo por meio de agulhas muito finas, eles proporcionam uma definição na base da mandíbula, segundo Sandra Figueiredo.
- Regis Ramos, especialista em cirurgia plástica pela SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), cita a rinomodelação (que aprimora a simetria e a aparência do contorno do nariz, contribuindo para a harmonização facial) e a bichectomia (remoção parcial das bolas de Bichat, depósitos de gordura nas bochechas).
Não basta só vontade, é preciso indicação
Geralmente, procedimentos estéticos que remodelam o rosto, dando a ele o contorno desejado, são indicados após o crescimento completo da face, por volta dos 18 anos. Mas, com autorização dos responsáveis, pode ser executado um pouco antes, como finalização de perfis cirúrgicos ou tratamentos ortodônticos.
Na grande maioria, é algo reservado para adultos. "Para mulheres e homens, não há limite de idade. Mas cabe ao profissional o discernimento para recomendar o procedimento no momento oportuno", esclarece a dermatologista Ceres Jamille.
A médica ressalta que, para obter resultados seguros e satisfatórios, a escolha do profissional (dermatologista, cirurgião plástico, odontologista, biomédico), deve ser baseada em sua formação, experiência e habilidades específicas nessa área. Consultórios e clínicas onde são feitos tais procedimentos devem estar regulamentados e cumprir todas as normas da Anvisa.
Assim que um procedimento é realizado, é natural ter um leve inchaço tópico, bem como vermelhidão, que melhoram nos dias seguintes. Mas se os sintomas não cessam e ocorre, por exemplo, introdução de produto em locais inadequados, complicações podem aparecer, como obstrução de artéria, veia, trazendo grandes prejuízos ao paciente. O profissional deve ser imediatamente avisado.
Ceres Jamille, dermatologista
A especialista em harmonização orofacial Sandra Figueiredo acrescenta que profissionais não habilitados também podem causar prejuízos, como perda das características naturais da face em movimento e até sua descaracterização.
E se o resultado não agradar, o que fazer?
Lembre-se de que cada pessoa é única e por isso resultados de procedimentos estéticos podem variar. Seja gentil consigo mesmo e tenha paciência durante o processo de recuperação.
No entanto, mesmo com as melhores intenções e profissionais qualificados, às vezes imprevistos podem surgir. Estando insatisfeito, saiba que existem medidas que podem ajudar a lidar com essa situação, como:
- Voltar ao profissional e relatar a ele suas queixas, preocupações, impressões e desejos. Um bom profissional estará disposto a ouvir você e encontrar soluções.
- Em alguns casos, tratamentos adicionais podem ser recomendados para ajustar ou melhorar os resultados. Isso inclui retoques ou abordagens complementares.
- Fazer uma reflexão sobre o que se pretende com a correção estética e, às vezes, aceitar a realidade, pois as expectativas podem estar muito altas ou baseadas em imagens idealizadas. Um rosto perfeitamente simétrico pode não ser alcançável.
- Buscar apoio emocional de uma rede, de amigos, familiares e profissionais de saúde mental, a fim de se aliviar, receber conselhos, se conhecer mais a fundo.
- Ainda insatisfeito, considere buscar uma segunda opinião de outro profissional.
Outra possibilidade é esperar o término da validade de um procedimento. Em se tratando de substâncias injetáveis, como o ácido hialurônico, pode variar, em média, de 6 a 18 meses, informa o médico Regis Ramos. Sandra Figueiredo diz que produtos de qualidade superior —e mais caros— podem alcançar durabilidade de 24 meses.
Caso queira reverter o procedimento injetável, há uma enzima chamada hialuronidase, que o degrada. Depois, se o paciente quiser, pode optar por realizar um novo procedimento para ajustar o contorno facial.
Regis Ramos, médico
Ele diz ainda que preenchimentos costumam ter um custo mais acessível em comparação com cirurgias para redefinição de maxilar/mandíbula, que são mais complexas, demandam sala de cirurgia, equipe especializada e cuidados pós-operatórios mais intensivos, o que acaba refletindo em um custo mais elevado.
"Para preenchimento de mandíbula, os preços variam conforme o profissional e as áreas na face onde serão feitos os preenchimentos. Além disso, é preciso considerar o número de ampolas utilizadas no processo. O valor vai de R$ 3.500 a R$ 5.000 por ampola, ou sessão", conclui a dermatologista Ceres Jamille.
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