O que pode causar aquelas manchas brancas na pele de idosos
Envelhecer é um privilégio, mas tem seu preço e alguns são inegociáveis. A perda de viço da pele é um deles. Conforme envelhecemos, a espessura da epiderme e da derme diminui. Há também redução na produção do colágeno e elastina, resultando em perda de elasticidade, diminuição da regeneração celular e da produção de melanina, além de aumento da secura devido à redução da secreção sebácea.
Tantos efeitos vividos pela pele facilitam o aparecimento de manchas brancas causadas por variados motivos. Um deles, o mais comum em idosos, é a leucodermia gutatta, também chamada de leucodermia solar.
"São aquelas manchinhas brancas bem pequenas que costumam aparecer nos antebraços e membros inferiores, locais cronicamente expostos ao sol ao longo da vida. Os danos causados pela exposição solar na pele são cumulativos", explica Clarissa Felix Almeida, professora de dermatologia na Faculdade de Medicina da Unifacs (Universidade Salvador) e membro titular da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
Sarda branca
Popularmente conhecida como sarda branca, essas manchas geralmente possuem de 2 mm a 5 mm de diâmetro, são benignas e fruto de predisposição genética. A prevenção consiste basicamente no uso de protetor solar em áreas expostas de forma frequente, além de evitar o sol direto sempre que possível.
Como tratamento, além da fotoproteção, é possível usar lasers, crioterapia com nitrogênio líquido e dermoabrasão, na tentativa de recuperar a coloração da pele.
"Tratamentos estéticos podem melhorar a aparência, mas não há cura para a leucodermia solar", ressalta Giuliana Miranda, dermatologista no Hospital e Maternidade Brasil, da Rede D'Or, em Santo André (SP).
Outras fontes de manchas brancas
Infecções fúngicas, bacterianas, predisposições genéticas ou mesmo deficiências nutricionais também podem ser fatores de manchas brancas na pele de idosos. Depois da leucodermia gutatta, as mais comuns, segundo especialistas ouvidos por VivaBem, são:
Micose de praia (Pitiríase versicolor): também conhecida como pano branco ou micose de pele, é causada por uma infecção por fungo que pode coçar ou não. Aparecem mais frequentemente no tronco e nas costas, áreas mais oleosas da pele, além de locais que suam mais ou que não são bem enxutos após o banho.
Para tratar, o médico dermatologista pode recomendar pomada antifúngica, além de shampoos, sabonetes e géis para complementar o tratamento. Medicamentos orais também podem ser necessárias.
Pitiríase alba: Possui aspecto áspero, com formatos arredondados ou ovais, e costuma surgir na face, pescoço, braços e tórax. Podem ser múltiplas, com cerca de 4 a 20 manchas na pele, não são transmissíveis e costumam piorar nos meses mais secos do ano. O tratamento, quando necessário, pode incluir o uso de pomadas com corticoides ou cremes imunossupressores. Mas em muitos casos elas costumam melhorar espontaneamente com o passar dos meses.
Vitiligo: caracteriza-se por grandes manchas brancas causadas pela perda de melanina. Pode afetar qualquer parte do corpo, até mesmo o interior da boca ou mesmo pelos dos cílios e sobrancelhas. Sua causa não é totalmente conhecida, mas acredita-se que ocorra devido a alteração genética ou alteração no sistema imune, onde o corpo passa a combater os melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina. Podem surgir espontaneamente ou após traumas físicos e emocionais.
O tratamento pode ser feito com medicamentos tópicos ou orais, como uso de laser ou banhos de luz especial e aplicação de cremes e pomadas com corticoides ou imunossupressores. Em alguns casos também há opções cirúrgicas.
Deficiências nutricionais: Dietas muito restritivas ou doenças que causam má absorção intestinal podem levar a quadros de deficiência de nutrientes essenciais, como vitaminas A, B3, D e E, além de minerais como zinco e cobre. Essa carência pode causar dermatites e ictiose adquirida, que se caracteriza por um ressecamento extremo da pele, com lesões semelhantes a escama e manchas claras ou avermelhadas.
O consumo regular de alimentos ricos nesses nutrientes como leite e derivados, amendoim, peito de frango, sardinha, ovo, nozes e abacate podem ajudar na saúde da pele.
Hanseníase: A hanseníase, também conhecida como lepra ou mal de Lázaro, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Ela é contagiosa e de evolução crônica, podendo afetar pessoas de todas as idades. Caracteriza-se por alteração, diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular, principalmente em mãos, braços, pés, pernas e olhos. Lesões de pele como caroços e placas pelo corpo também podem surgir.
A transmissão ocorre por meio de gotículas de saliva eliminadas na fala, secreções nasais, tosse e espirro eliminados por pacientes com a forma infectante da doença que não receberam tratamento.
A hanseníase é tratada com uma combinação de antibióticos e o processo de cura pode durar de 6 a 12 meses. Se não for tratada, pode causar lesões severas e irreversíveis.
"Sempre que o paciente tem uma mancha branca recente deve procurar um dermatologista para fazer o diagnóstico diferencial, onde será testado principalmente a sensibilidade térmica, tátil e dolorosa dessa lesão", reforça Lucas Campos Garcia, professor de dermatologia da Faculdade de Medicina da UFMG e membro titular da SBD.
Cuidado com o banho
Tomar uma ducha para higienizar o corpo é importante, claro, mas excessos, principalmente diante da pele mais frágil de um idoso, podem ser prejudiciais. Isso inclui banhos muito quentes, várias vezes ao dia, demorados, com uso de buchas ou esponjas na pele e sabonetes muito desengordurantes.
"Isso piora o ressecamento e favorece o aparecimento de dermatites e manchas devido ao ressecamento, como eczemátides e a pitiríase alba", alerta Almeida.
A saúde e a aparência da pele podem ser influenciadas por uma variedade de fatores, incluindo genética, ambiente e estilo de vida. Por isso, manter hábitos saudáveis, hidratar e proteger a pele dos raios solares são estratégias essenciais.
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