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Polêmica do arroz: alho e cebola fazem mal à saúde, como diz vídeo viral?

Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

04/06/2024 15h07

Um vídeo que viralizou nas redes sociais afirma que fazer refogados com alho e cebola prejudica a absorção de nutrientes. Autora da publicação, a padeira e cozinheira Nanda Benitez diz que o preparo com os alimentos causa fermentação no intestino, o que levaria a desequilíbrios com consequências nutricionais.

Temos tantas deficiências nutricionais, que nem sabemos de onde é que vêm. A gente fica tomando um monte de vitamina e continua doente. Se você não tem a absorção que tem que ter no intestino, por causa dos 'bichos' que estão desequilibrados, você nunca fica bem, nunca cura de muita coisa. Muitas vezes, é a cebola que está causando. Nanda Benitez, em vídeo que viralizou nas redes sociais

Os "bichos" a que se refere são microrganismos que habitam a flora intestinal (microbiota) e formam uma colônia de fungos e bactérias. A microbiota se alimenta do que comemos e algumas coisas, incluindo o alho e a cebola, levam à formação de gases (por isso são conhecidos como alimentos fermentadores).

Mas isso não é motivo para deixar de comer alho e cebola, segundo nutricionistas ouvidos por VivaBem. Sobretudo porque a fermentação dessa pequena quantidade dos alimentos é natural.

"Cientificamente, é verdade dizer que a cebola e o alho são fermentados e levam à produção de gases. Mas essa lista de alimentos é grande e a gente não pode colocar a cebola e o alho como vilões", alerta Rachel Freire, que fez pós-doutorado na Escola Médica de Harvard (EUA). "Gases, quando em uma microbiota saudável e em quantidade normal, fazem parte de boa saúde do intestino."

Freire considera excessivo quem consome, por exemplo, bife muito acebolado em muitas refeições do dia e com grande frequência. "Não vejo problema para uma pessoa saudável usar [alho e cebola] para temperar, em pouca quantidade", diz.

A informação até tem um fundo científico, mas precisa tomar cuidado com a interpretação disso e como as pessoas trazem para realidade de todo mundo, quando pode ser a realidade de uma minoria da população com alguma doença. Rachel Freire, nutricionista

A boa saúde do intestino (e por consequência do restante do corpo) não é definida só pela ausência de alimentos fermentadores. É preciso adotar hábitos como:

Manter uma alimentação equilibrada

Limitar o consumo de alimentos ultraprocessados e adoçantes

Praticar exercício físico

Beber bastante água e pouco álcool

"Não dá para condenar alho ou cebola enquanto a gente está falando de uma abrangência muito maior", completa Freire.

Alguém deve evitar alho e cebola?

Pessoas saudáveis não têm restrição de consumo. Qualquer corte na alimentação deve ser feita com indicação de um nutricionista. "A restrição é algo complexo e não pode ser avaliada de forma generalista, como no vídeo. A correlação precisa avaliar todos individualmente", destaca a nutricionista Andrea Visintainer, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).

Nunca podemos falar que algum alimento causa ou melhora algum sintoma de forma isolada, temos que avaliar a alimentação como um todo e também se a pessoa tem doenças prévias, em que o risco de má absorção intestinal é maior. Andrea Visintainer, nutricionista

Quem apresenta desequilíbrio intestinal (disbiose) merece atenção. Um dos principais sintomas são gases frequentes com mau cheiro.

Pessoas com condições intestinais, como doença inflamatória intestinal, doença de Crohn, pacientes pós-bariátrica e quem passou por ressecção intestinal devem avaliar as escolhas com um nutricionista, pelo risco de terem má absorção dos nutrientes.

Quem tem síndrome do intestino irritável, por exemplo, pode fazer um tratamento sem ingerir alimentos fermentáveis, além de outros grupos. Mas essa é uma dieta específica para momentos de crise.

O que são antinutrientes

Problemas de absorção estariam associados a outro mecanismo dos alimentos, segundo Freire: a presença de substâncias antinutrientes, específica de alguns grupos de vegetais.

Esses compostos reduzem a absorção de vitaminas e nutrientes, mas isso não significa que você precisa deixar de consumi-los. Afinal, há muitas propriedades importantes para a saúde. Para se ter ideia, as substâncias estão presentes em alimentos como brócolis, feijão, soja, lentilha e até algumas castanhas.

"Isso faz parte da diversidade da alimentação, não é ruim. É verdade que existe a interação, mas não necessariamente gera deficiência nutricional", afirma Freire.

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