Alzheimer sem sintomas desafia cientistas; cérebro doente dá sinais

A doença de Alzheimer permanece um enigma para a medicina, embora novos e constantes achados continuem eclodindo. O mais recente, um estudo publicado no dia 25 de abril no periódico Acta Neuropathologica Communications constatou que algumas pessoas, apesar de terem Alzheimer, não manifestam sintomas clínicos.

Na pesquisa, conduzida na Holanda, foi observado que o tecido cerebral desses indivíduos possuía sinais característicos do Alzheimer, embora não houvesse registros de manifestações da doença em seus históricos médicos.

Para os cientistas, isso sugere que o Alzheimer pode se desenvolver silenciosamente antes de quaisquer sintomas se tornarem aparentes. Uma hipótese levantada é que cérebros com alta estimulação cognitiva podem ser afetados pela condição neurodegenerativa mais cedo, mesmo sem sinais.

Outra possibilidade é que indivíduos capazes de suprimir os sintomas do Alzheimer por períodos prolongados possam ter astrócitos (células que ajudam na manutenção da função neuronal, portanto vitais para o cérebro) mais eficazes.

Os cérebros resilientes pareciam ser melhores na remoção de proteínas tóxicas associadas ao desenvolvimento do Alzheimer.

Novas descobertas e mais promessas

No estudo, os pesquisadores examinaram a expressão genética em tecidos cerebrais de 35 doadores e notaram uma produção aumentada pelos astrócitos de metalotioneína, substância conhecida por sua capacidade de proteger o cérebro.

Além disso, descobriu-se que cérebros que resistem ao Alzheimer parecem ter uma produção energética superior, possivelmente devido a um maior número de mitocôndrias, organelas celulares que produzem a maior parte da energia necessária para a atividade celular.

Agora, se os cientistas conseguirem encontrar a base molecular para a resiliência dos cérebros com Alzheimer, mas sem sintomas, a promessa é a de avanços em pesquisas sobre o desenvolvimento de medicamentos. Concluir esse quebra-cabeça é a meta, mas é sabido que exigirá mais investimentos e estudos futuros.

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10 sinais de alerta do Alzheimer:

  1. Problema de memória que chega a afetar as atividades e o trabalho
  2. Dificuldade para realizar tarefas habituais
  3. Dificuldade para se comunicar (as palavras às vezes "fogem")
  4. Desorientação no tempo e no espaço
  5. Diminuição da capacidade de juízo e de crítica
  6. Dificuldade de raciocínio
  7. Colocar coisas no lugar errado muito frequentemente
  8. Alterações frequentes do humor e do comportamento
  9. Mudanças na personalidade
  10. Perda de iniciativa para fazer as coisas

Como prevenir o declínio cognitivo?

  • Coma de forma diversificada e natural
  • Pratique atividades físicas e mentais
  • Tenha hábitos saudáveis (sem álcool e cigarro)
  • Cultive o lazer e tenha uma vida social ativa

Fontes: Marcio Balthazar, neurologista da Academia Brasileira de Neurologia; Jerusa Smid, neurologista do Hospital das Clínicas da USP; Rubens Gagliardi, professor de neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

*Com informações de reportagem publicada em 24/01/2024

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