Halsey cita lúpus e leucemia em desabafo; há relação entre doenças?
A cantora Halsey anunciou seu novo álbum e single "The End" com vídeos em que ela aparece fazendo tratamentos de saúde. A canção também fala de uma jornada de diagnósticos e traz questionamentos sobre a vida nessa fase.
Sem dar detalhes ou confirmar a doença, ela marcou dois perfis de associações em uma publicação no Instagram: uma relacionada à leucemia e outra ao lúpus.
"Resumindo, tenho sorte de estar viva. Longa história, eu escrevi um álbum", escreveu na legenda, cujo primeiro vídeo mostra a cantora massageando as pernas.
Pareço uma senhora. Eu disse a mim mesma que me daria mais dois anos para ficar doente. Aos 30 anos, não estarei doente, vou estar supergostosa, terei muita energia para reviver meus 20 anos. Halsey, em vídeo publicado no Instagram
Halsey completa 30 anos no fim de setembro.
Leucemia tem relação com lúpus?
Há associação entre as duas doenças. Estudos observacionais sugerem que o lúpus eritematoso sistêmico pode estar relacionado a um risco maior de desenvolver câncer.
Lúpus já foi associado a diferentes tipos de câncer. Tumores digestórios (esôfago, cólon, fígado e pâncreas), hematológicos (linfomas, leucemia e mieloma múltiplo), além de câncer de pulmão, laringe, colo do útero, de pele e de tireoide são mencionados em uma revisão sistemática sobre o tema.
Mas é preciso ter cautela. Os autores da revisão ressaltam que "o papel causal do lúpus no câncer é fraco". Gabriela Munhoz, reumatologista da SPR (Sociedade Paulista de Reumatologia), lembra que o risco é baixo, de 1,5%, para todos os tipos de cânceres.
Associação tem relação com inflamação. "Um paciente com lúpus tem um risco um pouco aumentado por conta do processo inflamatório crônico da doença", explica a médica. Um corpo mais inflamado estaria mais suscetível a agentes causadores de câncer.
Risco de câncer sanguíneo para quem tem lúpus é de 2,5%. Munhoz explica que de 30% a 40% das pessoas com lúpus têm manifestações hematológicas. Elas apresentam queda de hemoglobina (levando à anemia), glóbulos brancos e plaquetas porque o organismo produz anticorpos que destroem essas células do sangue.
Diferente da leucemia, manifestação é periférica. "No lúpus, afeta as células que já estão circulando no sangue. Na leucemia, o problema é na 'fábrica' das células", diz Munhoz, referindo-se à medula óssea.
Revisão sistemática indica que a relação entre medicamentos para tratar lúpus e o desenvolvimento de câncer ainda é controversa. Os benefícios do tratamento superam qualquer risco de outra doença surgir. Mas como a relação é conhecida, os médicos controlam as doses, o tempo e intervalo de uso para evitar qualquer efeito indesejado.
Trata-se de uma exceção. Munhoz reforça que a combinação de lúpus e leucemia é rara. Além disso, destaca que o início de ambas tem características parecidas que podem confundir uma com a outra.
Entenda o lúpus
Autoimune e não contagioso. Lúpus é uma das 80 doenças autoimunes conhecidas atualmente, em que o organismo produz células e anticorpos que agem contra o próprio corpo.
É uma doença sistêmica, ou seja, afeta diferentes partes do corpo. A desregulação do sistema imunológico provoca lesões no tecido conjuntivo, que forma a estrutura que dá resistência a articulações, tendões, ligamentos e vasos sanguíneos.
Órgãos vitais podem ser alvo da doença. Quando o lúpus se manifesta, as lesões aparecem não só na área das articulações, mas em qualquer parte do organismo, como rins e cérebro, além das membranas que revestem coração (pericárdio) e pulmões (pleura).
Em crianças, lúpus é raro e mais grave. Não se sabe exatamente por que isso ocorre, mas o quadro e as complicações são mais agravadas nos pequenos.
Mulheres são maioria. A SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia) estima que o lúpus afeta entre 150 mil e 300 mil pessoas no país, a maioria mulheres.
Os sintomas incluem:
- Febre
- Mal-estar geral
- Queda de cabelo
- Afta
- Dor articular
- Mancha vermelha em formato de borboleta no rosto
- Erupções na pele
- Comprometimento renal
- Alteração neurológica
Entenda a leucemia
Tipo de câncer sanguíneo. Ele tem origem na medula óssea, onde o sangue é produzido. Ali, células ainda não maduras sofrem uma mutação genética e se transformam em células cancerosas. Elas se multiplicam e substituem as células saudáveis.
Pode ser crônica ou aguda. São crônicas quando a evolução é mais lenta devido a células maduras. São agudas quando sua evolução é mais rápida por células imaturas doentes na medula óssea.
Quatro tipos. De acordo com as células doentes, as leucemias são divididas em quatro grupos principais: mieloide aguda; mieloide crônica; linfoide aguda; linfoide crônica.
Entre os sintomas, estão alguns que também aparecem no lúpus:
- Fraqueza
- Sangramentos
- Manchas roxas no corpo
- Dores nas pernas
- Febre
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.