Dorme mal? Você pode sentir-se 4 anos mais velho; veja como melhorar sono

Diversos estudos recentes indicam que a presença de alterações no padrão de sono podem estar associadas a aceleração de vias ligadas ao processo de envelhecimento. Geralmente, nesses casos, isso ocorre porque há aumento da inflamação do corpo e do estresse oxidativo. Priscila Farias Tempaku, pesquisadora do Instituto do Sono

Como estudo foi feito

Em um primeiro estudo transversal, o padrão de sono de 429 participantes com idade entre 18 e 70 anos foi avaliado.

No segundo estudo, 186 participantes que tiveram restrição de sono foram analisados.

O estudo transversal mostrou que para cada dia adicional de sono insuficiente, a idade subjetiva aumentou 0,23 anos.

Já o outro estudo apontou que duas noites com insônia ou dificuldade para dormir fizeram as pessoas se sentirem 4,44 anos mais velhas.

A coleta de dados ocorreu em um período de aproximadamente 15 meses.

De acordo com os pesquisadores, o sono insuficiente e a sonolência exercem uma influência sobre a idade que o indivíduo sente.

A qualidade do sono e o impacto no envelhecimento

O sono desempenha um papel importante na reparação e regeneração dos tecidos, na regulação de hormônios e na manutenção geral da saúde física e mental.

"Dormir bem restabelece o organismo. Muitos processos celulares e moleculares acontecem durante o sono. Os distúrbios do sono atrapalham os mecanismos que mantêm o corpo saudável e afetam todo o organismo, causando o envelhecimento e o surgimento de doenças crônicas", explica Letícia Azevedo Soster, neurofisiologista clínica, especialista em medicina do sono do Hospital Albert Einstein.

Quando a pessoa dorme pouco, o corpo é afetado negativamente e sofre com o estresse oxidativo, danificando as células e acelerando o envelhecimento.

Além disso, a falta de sono aumenta a inflamação do organismo e reduz a sua capacidade de realizar a regeneração celular, levando a um envelhecimento mais rápido.

Por fim, a privação do sono impacta diretamente na pele ao provocar mais rugas, olheiras e opacidade.

Como dormir melhor?

Conseguir dormir por pelo menos 8 horas e acordar com a sensação de bem-estar é o sonho de muita gente. Para isso, alguns buscam uma resposta imediata no uso de medicamentos que ajudam a adormecer.

No entanto, apesar de parecer a solução, os especialistas consultados reforçam que muitos desses fármacos estão sendo usados incorretamente, já que precisam sempre ser indicados por especialistas e utilizados de forma consciente e supervisionada.

Muitas vezes, para lidar com a insônia é importante mudar os hábitos e realizar a higiene do sono.

Veja a seguir algumas dicas para dormir melhor e ter mais qualidade de vida:

Estabeleça horários para dormir e se levantar, mesmo aos finais de semana.

Prepare o ambiente, deixando-o com temperatura agradável, com pouca iluminação e use roupas confortáveis.

Evite estimulantes algumas horas antes de dormir —fique longe de telas e cafeína.

Crie uma rotina para aumentar o relaxamento, como tomar um banho ou ler um livro.

Faça refeições leves no período noturno.

Gerencie o estresse e as emoções —vale a pena investir na terapia cognitivo-comportamental para lidar com os sentimentos negativos do dia a dia.

Evite dormir durante o dia.

Exponha-se à luz do dia pela manhã.

Pratique atividade física regularmente.

Tome medicações prescritas apenas pelo médico. Lembrando que a automedicação pode causar intoxicação e efeitos adversos à saúde.

Não use a cama ou o quarto para outras atividades além de dormir, como trabalhar ou estudar.

Qual médico procurar e quando buscar ajuda?

É importante procurar ajuda especializada quando a insônia (ou sono inadequado) atrapalha a rotina e o cansaço se torna constante.

Atualmente, existem especialistas do sono, como neurologistas e psiquiatras, que avaliam cada caso e indicam a melhor forma de tratamento ou mudanças de hábitos.

"Aqueles indivíduos que sentem que não estão dormindo suficientemente bem, que acordam cansados ou apresentam o sono fragmentado, devem procurar assistência médica para serem avaliados e tratados adequadamente", diz Manoel Sobreira, médico do sono e chefe da Unidade de Sistema Nervoso do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) do Complexo Hospitalar da UFC (Universidade Federal do Ceará).