Celular, controle remoto, toalha: 10 objetos onde germes curtem se esconder

Os germes estão em preticamente tudo o que tocamos. Um estudo de 2020, o ano da pandemia do coronavírus coordenado por Rosana Siqueira, microbiologista e professora do Centro Universitário Metrocamp, de Campinas (SP), identificou germes em 29 de 31 latinhas de cerveja analisadas. Em uma delas havia 45 mil bactérias e 9.700 fungos.

As bebidas enlatadas estão entre os objetos cotidianos nos quais os germes (bactérias, vírus, fungos e protozoários) mais gostam de se "esconder". Também integram essa lista telefones celulares, notebooks, controles remotos, esponjas de pia, maçanetas, toalhas de banho e carrinhos de supermercado. Depois da covid-19, nos nos acostumamos a prestar mais atenção à limpeza das mãos e dos objetos.

Manter a casa limpa praticamente anula o risco de se contrair alguma doença infecciosa. No entanto, as bactérias estão em nossas residências, convivemos com elas, porém uma pessoa saudável dificilmente será contaminada dentro de casa, desde que seja feita a higienização das mãos (antes das refeições e após usar o banheiro).

Isso não significa que seja prudente combinar seu almoço com conversas no WhastsApp ou esquecer a louça suja por semanas a fio. Os especialistas ouvidos por VivaBem ressaltam que os cuidados com a limpeza e a higiene pessoal nunca devem ser deixados de lado.

Aproximadamente 80% das infecções são transmitidas pelo contato da pele ou da boca com as mãos ou objetos contaminados. Essas superfícies contaminadas podem transmitir bactérias, vírus ou fungos que são capazes de causar desde doenças de pele até gastroenterite, dependo do grau de contaminação e também de condições como pele intacta ou não, mucosas, imunidade.

A precaução fundamental —e que deve ser tomada sempre por todas as pessoas— é higienizar as mãos com frequência. Além disso, deve ser encorajada a limpeza dessas superfícies.

Objetos que podem "esconder" germes

  • Telefone celular
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Imagem: iStock
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Este tornou-se o grande vilão contemporâneo. Em um mundo em que ferramentas como WhatsApp e redes sociais se tornaram indispensáveis, o celular está a mão a todo momento. Ele costuma ser guardado no bolso ou na bolsa, mas há quem o deixe descansando no chão, na mesa do trabalho, do home office, na carteira escolar, na cama, no banco do ônibus...

Vira um convite às bactérias em um objeto constantemente manuseado e que entra em contato com o rosto com frequência. Além disso, muitas pessoas têm o hábito de comer com o celular à mão. Pior ainda são aqueles que usam o aparelho enquanto estão no banheiro —quem nunca? É recomendada a limpeza do celular com produtos desinfetantes, mas sempre verifique com o fabricante o que pode ser aplicado sem danificar o aparelho.

  • Computadores

O perigo mora nos teclados e no mouse. Como estes aparelhos não passam rotineiramente por desinfecção, a oportunidade de transmissão de agentes contaminantes é concreta. Lembre-se de limpá-los com frequência.

  • Controle remoto
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Imagem: Getty Images
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Controles de televisão e de videogames geralmente são manipulados por muitas pessoas. Que criança nunca convidou os amigos da escola para uma sessão de games regada a sucos e quitutes? Se uma dessas pessoas estiver gripada, por exemplo, o controle pode ser contaminado.

A higienização desses objetos deve ser feita com um papel toalha molhado com álcool isopropílico. Vale lembrar, mais uma vez, que é importante lavar bem as mãos.

  • Esponja de pia

Alguns trabalhos já documentaram diferentes bactérias em esponjas domésticas, algumas delas causadoras de diarreia, intoxicação alimentar, infecção intestinal e infecção urinária.

São recomendados, além da higienização das mãos, cuidados como não utilizar a esponja por um período superior ao recomendado pelo fabricante, dar a diferentes esponjas um trabalho específico (limpar apenas o balcão, o chão ou a louça), lavá-las a cada uso, não guardá-las molhadas e estocá-las em local seco e protegido.

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Descarte as esponjas precocemente se estiverem visivelmente sujas ou com mau cheiro.

  • Latas de alumínio

As latas de cervejas, refrigerantes e sucos ficam na prateleira dos supermercados expostas a grandes quantidades de germes. Foram identificadas 45 mil bactérias e 9.700 fungos em apenas uma latinha durante o estudo acima citado. Como os consumidores de bebidas colocam a boca em contato com a lata, há risco de contaminação.

Quem compra cerveja em ambulantes, nos quais as condições de armazenamento quase nunca são adequadas, fica ainda mais exposto. Algumas marcas passaram a usar um selo de proteção no início dos anos 2000, mas a medida não tem efetividade comprovada.

A Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio) afirma que não existe, na literatura médica, nenhum registro de contaminação atribuída a latas para bebidas. Na dúvida, é bom higienizar antes de colocar a boca.

  • Toalha de banho
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Evite o compartilhamento, a toalha deve ser de uso individual. Tecidos úmidos propiciam a proliferação de fungos causadores de micoses.

  • Maçaneta
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Imagem: Getty Images

A sua casa, o Uber que você chamou, o escritório onde trabalha... Nós nem nos damos conta de quantas portas abrimos e fechamos ao longo de 24 horas. Muitas delas são manipuladas também por outras pessoas.

No entanto, não é necessário viver como o cineasta, aviador e empresário norte-americano Howard Hughes (1905-1976), que tinha pavor de tocar em maçanetas. Basta lavar corretamente as mãos.

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  • Molho de chaves

Não é raro ver uma pessoa com dificuldade para se lembrar onde deixou suas chaves. Trata-se de um objeto usado pouquíssimas vezes ao longo do dia. No entanto, o seu chaveiro geralmente fica em cima do balcão, na mesa do escritório ou em outras superfícies possivelmente contaminadas por agentes causadores de doenças contagiosas. Também neste caso, o ideal é não negligenciar a higienização das mãos.

  • Carrinho de supermercado

Alguns supermercados dos Estados Unidos oferecem suportes higiênicos para serem usados no cabo de carrinhos de compras. É uma forma de se proteger dos germes existentes nestes objetos. Um estudo de 2012 da Universidade do Arizona (EUA) indica que o consumidor é exposto a bactérias entéricas regularmente ao usar carrinhos de compras de supermercado.

Os níveis bacterianos, diz a pesquisa, são muito maiores do que aqueles encontrados em banheiros públicos. Vale a pena lembrar que muitos desses carrinhos possuem suportes para crianças. O hábito de limpar o cabo com álcool, que alguns supermercados criaram durante a pandemia, é bastante válido. Fique de olho.

  • Dinheiro
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Pesquisas já mostraram a presença nas cédulas de dinheiro de bactérias e parasitas que podem causar doenças de pele, pneumonia, meningite, infecção intestinal e diarreia.

Por serem manipuladas por mais pessoas, as notas de valores mais baixos são mais propícias a concentração de patógenos (organismos capazes de causar doenças). Não esqueça nunca de higienizar as mãos após contato com dinheiro.

Fontes: Silvia Costa, professora do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo); Thiago Zinsly, infectologista da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (SP); Thais Guimarães, médica infectologista, presidente da subcomissão de controle de infecção hospitalar do Instituto da Central do HC-SP (Hospital das Clínicas de São Paulo). Revisão técnica: Silvia Costa.

Referências: Ministério da Saúde; Manual MSD; "Dr. Bactéria - Um Guia para Passar Sua Vida a Limpo", de Roberto Martins Figueiredo e Roberta Vaz Belluomini; Dr. Bactéria (YouTube e Instagram); MedicineNet; Incidência de Staphylococcus Aureus e de Bactérias da Família Enterobacteriaceae em Cédulas de R$ 1,00, R$ 5,00, R$ 10,00 E R$ 50,00 (https://periodicos.pucpr.br/index.php/estudosdebiologia/article/view/21741); Avaliação da Infestação por Agentes Infecciosos e Parasitários em Dinheiro na Cidade de Catanduva (http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/reu/article/download/384/385); Bacterial contamination of shopping carts and approaches to control (https://www.researchgate.net/publication/289170286_Bacterial_contamination_of_shopping_carts_and_approaches_to_control).

*Com matéria de setembro de 2021.

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