Costuma requentar alimentos? Saiba razões para evitar a prática

Consumir alimentos frescos e preparados na hora nem sempre é uma tarefa simples. Frequentemente, cozinhar em grandes quantidades é uma solução prática para facilitar a rotina, permitindo consumir as porções ao longo da semana. No entanto, será que reaquecer as sobras de comida pode representar riscos à saúde?

O que acontece com alimentos requentados

O principal problema é a forma como o alimento foi acondicionado até ser requentado, explica Gisele Pontaroli Raymundo, nutricionista e professora de nutrição da PUC-PR.

Dependendo da maneira de preparo e armazenamento, os alimentos podem se tornar mais suscetíveis à proliferação de microrganismos causadores de intoxicação alimentar. Este problema é bastante comum e provoca diversos sintomas desagradáveis, como diarreia, cólicas, gases e vômitos. Em casos extremos, pode até matar.

De forma geral, os alimentos não podem ficar sem refrigeração adequada. Outro ponto é a diminuição do valor nutricional, que se perde quando o alimento é aquecido por muitas vezes. Gisele Pontaroli Raymundo, nutricionista

É preciso estar atento às individualidades dos alimentos ao congelar
É preciso estar atento às individualidades dos alimentos ao congelar Imagem: Getty Images/iStockphoto

Alimentos para tomar cuidado

Os especialistas não recomendam requentar alimentos que não tiveram cozimento por inteiro e perderam suas características originais, já que isso ocasiona riscos no seu consumo.

A seguir, veja alimentos que proporcionam mais riscos se forem requentados.

Arroz: a situação fica mais perigosa quando ele não é cozido integralmente e alguns grãos permanecem crus. Isso, associado a uma temperatura morna, aumenta o risco de contaminação por uma bactéria conhecida como Bacillus cereus, que tem rápida proliferação. "Essa bactéria é eliminada em altas temperaturas, porém libera uma toxina no alimento, ocasionando intoxicação, com quadro de diarreia, vômitos, dor de cabeça, febre, entre outros", diz Ana Sandra Viana Zimichut, nutricionista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

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Ovos: se armazenado ou preparado de forma inadequada, há risco de proliferação bacteriana.

Carnes e frutos do mar: são itens propensos à contaminação bacteriana e devem ser consumidos logo após o preparo.

Espinafre cozido e beterraba: têm altos níveis de nitratos, que, ao serem requentados, transformam-se em nitritos. Estes compostos fazem mal à saúde, além de terem relação com o risco de câncer em longo prazo.

Preparações com tomate, cebola e pimentões: esses alimentos são fermentativos e podem azedar durante o armazenamento ou ao requentar as preparações.

Alimentos ricos em proteínas: é o caso de feijão, lentilha e castanhas. Como são alimentos ricos em proteínas, gorduras, vitaminas e minerais e têm alta umidade, são mais perecíveis.

Molhos à base de leite e massas: esses itens também favorecem a proliferação de microrganismos pela variação de temperatura e maior risco de contaminação cruzada com outros alimentos. Tanto o leite quanto as proteínas de origem animal são mais perecíveis pela sua umidade, que favorece a proliferação de microrganismos. Além disso, esses produtos são mais expostos, desde a coleta, produção, transporte, armazenamento até a chegada na casa das pessoas. Isso pode afetar os métodos de conservação, pasteurização e resfriamento feitos para a comercialização de leites e derivados.

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Aquecer na panela ou micro-ondas?

Apesar de ser mais prático, o micro-ondas não aquece a comida de forma homogênea. Isso pode favorecer o acúmulo de microrganismos que causam intoxicação. Além disso, o sabor e a textura da comida, geralmente, ficam menos agradáveis quando comparamos com o aquecimento no fogão.

Se optar por aquecer no micro-ondas, use utensílios (pote/pratos) de vidro, evitando assim a transferência de componentes químicos que estão presentes em alguns plásticos quando submetidos a altas temperaturas.

Refratários de plástico no micro-ondas liberam também contaminantes que são altamente nocivos à saúde, como bisfenol A, que é um material poroso que acumula bactérias. As panelas podem ser fontes de metais pesados. As mais indicadas são de cerâmica, vidro e aço cirúrgico. Jamille Carvalho Tahim, nutricionista, mestre em nutrição e saúde pela Universidade Estadual do Ceará

E sempre que possível, mexa o alimento para que o aquecimento seja por igual.

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Imagem: iStock
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Como minimizar os riscos

Se o alimento foi produzido, servido e, em seguida, armazenado em refrigeração adequada (geladeira), é possível preservar sua qualidade.

É importante se atentar para a higiene dos utensílios utilizados, assim como da cozinha e de quem preparou as refeições.

O alimento não deve ficar sem refrigeração por mais de 2 horas, para evitar a proliferação de bactérias.

Evite requentar o mesmo alimento várias vezes. Vale destacar que cada vez que um alimento é submetido ao aquecimento, ele vai perdendo valor nutricional e aumentando o risco de contaminação.

Descarte qualquer sobra de alimentos que tenha um odor forte ou cor estranha, para diminuir o risco de consumir algo estragado.

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Evite colocar comida quente direto no refrigerador e abrir com frequência a geladeira. Isso favorece a oscilação de temperatura, agravando o risco de contaminação dos alimentos.

Se for congelar as sobras, antes de colocá-las na geladeira, aguarde o resfriamento para evitar o surgimento de bactérias.

As sobras dos alimentos devem ser consumidas em, no máximo, até quatro dias. Acima desse período já é considerado impróprio para o consumo.

Não se esqueça de checar a data de validade dos alimentos antes de prepará-los.

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