Antes do burnout: o que é o estado de 'burnon' e como evitá-lo
Colaboração para VivaBem*
20/06/2024 12h39
Embora muito tenha sido falado sobre o burnout, a fase de esgotamento físico e mental depois de semanas, meses ou até anos de esforço excessivo no trabalho, pouco se fala sobre a fase que vem antes: o burnon.
Criado por pesquisadores alemães (Timo Schiele e Bert te Wildt), o burnon descreve o estado de pessoas com níveis elevados de estresse, já capaz de trazer prejuízos para rotina, bem-estar e saúde mental, mas no qual o indivíduo consegue manter um certo nível de eficácia.
No burnon, as pessoas trabalham e seguem suas vidas como se tudo estivesse normal, embora se sintam frequentemente exaustas. Os indivíduos permanecem funcionais e podem ter dificuldade para perceber que já se encontram diante de um estado que precisa ser remediado para evitar o colapso.
Nessas circunstâncias, a pessoa geralmente sente uma redução do prazer nas atividades fora do ambiente corporativo, desconexão emocional e persistência de sintomas físicos, como tensão muscular e dores de cabeça constantes.
O que fazer para evitar
Conseguir estabelecer limites saudáveis em relação ao trabalho é um fator importante de prevenção. Outras estratégias incluem investir no autocuidado, ter momentos de qualidade com amigos e familiares e respeitar e priorizar o descanso e a desconexão. Também é essencial reservar tempo para atividades que proporcionem prazer e satisfação pessoal.
Além disso, vale sempre buscar ajuda de profissionais especializados em saúde mental para evitar que a situação se agrave.
A seguir, veja algumas dicas para melhorar sua saúde mental:
1. Olhe para si
O excesso de alternativas ou possibilidades dos tempos atuais é um dos maiores inimigos da paz mental das pessoas. Há situações que envolvem sentimentos como culpa, revolta, vingança, ciúmes, e que enquanto estão sem resolução geram sofrimento. Então, seria necessário olhar para si mesmo antes de tudo, ter consciência do que está passando e buscar resolver o que o aflige.
2. Ouça e seja ouvido
Outra sugestão para manter a mente protegida é focar na escuta, ou seja, em ouvir e ser ouvido por alguém. As pessoas precisam se escutar e hoje elas não fazem isso. A escuta é processar a informação que vem do outro lado e interagir com ela.
3. Comunique-se melhor
Umas das grandes causas de estresse mental é o ruído de comunicação, seja entre familiares, entre casais ou no âmbito profissional.
O descuido com a saúde mental é, em essência, um descuido das relações, como as pessoas não saberem dizer não àquilo que as oprime ou desagrada, por exemplo. Wimer Bottura, psiquiatra e psicoterapeuta, presidente da ABMP (Associação Brasileira de Medicina Psicossomática)
4. Não ignore as emoções
O medo nos avisa do perigo, enquanto a raiva é uma maneira de nos defender dele, seja fugindo, seja enfrentando o "inimigo". Hoje, porém, o significado de enfrentar é dialogar. O conflito é resolvido pela conversa. Ignorar esses sentimentos pode levar a transtornos mentais.
Outras fontes: Thaís Gameiro, neurocientista pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e sócia da consultoria Nêmesis; Cleyson Monteiro, psicólogo e professor do curso de psicologia da Uninassau; Camila Magalhães, doutora em psiquiatria pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo);
*Com informações de reportagem publicada em 05/06/2024 e 19/11/2021