Já olhou seus testículos hoje? Inchaço pode ser sinal de 8 doenças

A depender do motivo, a dor pode ser aguda, isto é, surge de imediato e dura poucas horas, como após uma pancada de uma bola de futebol. Ou crônica, quando aparece lentamente e dura por semanas.

Neste último caso, é importante consultar o urologista, pois as causas vão desde hérnia, caxumba, tuberculose, infecção urinária e prostatite até ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e câncer.

Já o tratamento depende dos sintomas, da gravidade e da causa, e engloba a prescrição de anti-inflamatório e antibiótico ou a indicação de cirurgia. VivaBem ouviu especialistas para listar as causas e as doenças relacionadas ao inchaço dos testículos.

1. Câncer de testículo

Presença de pequenos nódulos duros e indolores e aumento do tamanho de um dos testículos são os principais sinais. Mais comum entre homens de até 40 anos de idade, se desenvolve provavelmente por um defeito embrionário.

O mais preocupante são os casos em adolescentes. Por ser indolor no estágio inicial, pode passar despercebido e avançar. A recomendação é a realização frequente do autoexame. Mensalmente, homens devem averiguar se existem caroços na região, diferença de tamanho entre os testículos e alteração de cor do saco escrotal. Em caso positivo, procure um urologista para a realização de exames.

O diagnóstico é confirmado com a biópsia excisional, em que o nódulo inteiro é removido e analisado no intraoperatório, para saber se é benigno ou maligno. Exceto em casos em que o tumor tem mais de 5 mm, o que exige a retirada completa do testículo, se apresentar características que são sugestivas de câncer. Descarta-se a biópsia por agulhamento antes da cirurgia, pois o procedimento viola a integridade do testículo e o paciente pode desenvolver anticorpos contra os próprios espermatozoides.

2. Torção testicular

Os testículos se movimentam para cima e para baixo, de acordo com a temperatura. Porém, o enfraquecimento do tecido que os sustenta facilita a rotação e, com isso, a torção do cordão espermático, que é o responsável pelo fornecimento de sangue para o escroto.

A interrupção do suprimento sanguíneo pode causar lesões graves, devido à diminuição no nível de oxigênio e morte do tecido. Em apenas seis horas, pode ocorrer necrose, o que exige a retirada do testículo. Por isso, requer atendimento médico de emergência, para recolocá-lo na posição correta e permitir a circulação sanguínea, por intervenção cirúrgica.

A maioria dos casos ocorre em crianças e adolescentes. Entre os sintomas estão dores muito intensas, sobretudo ao acordar, inchaço, vermelhidão do escroto, febre, náuseas e vômitos, além de um testículo mais elevado que o outro.

3. Varicocele

O mal funcionamento das válvulas das veias localizadas no saco escrotal prejudica o fluxo sanguíneo na região. Com isso, o sangue não circula, se acumula e provoca dilatação. Causa inchaço, dor intensa, sensação de peso e aparecimento de caroço.

A consequência mais grave é a infertilidade masculina, uma vez que o refluxo do sangue aumenta a concentração de substâncias inflamatórias e a temperatura dos testículos. Essa variação de calor prejudica a produção e a qualidade dos espermatozoides. Na maioria dos casos, afeta o lado esquerdo, por questões anatômicas.

4. Epididimite

A doença surge com a inflamação do epidídimo, tubo cuja função é armazenar e transportar o sêmen produzido pelos testículos.

Em crianças, geralmente ocorre devido a pequenos traumas ou por malformações do trato geniturinário.

Já em adultos, as ISTs gonorreia e clamídia, assim como infecção urinária, tuberculose e prostatite, são os prováveis motivos do entupimento do canal.

O impedimento do fluxo do esperma e a presença de agente infeccioso geram inchaço, dor intensa na região genital e pélvica e ardência ao urinar. O homem pode perceber, ainda, um caroço na parte superior do testículo e sangue no sêmen.

5. Espermatocele

Caracterizada pelo aparecimento de um cisto benigno no epidídimo, surge quando esta estrutura responsável por transportar o esperma está bloqueada, fazendo com que o sêmen se acumule no local. Os prováveis motivos são infecção na região ou uma forte pancada, que causam inchaço, dor e sensação de peso no escroto.

Outra causa possível é o pós-cirúrgico de vasectomia. O bloqueio da circulação dos espermatozoides produzidos pelos testículos até a uretra provoca uma forte pressão no canal deferente e, por consequência, a dilatação de esperma na região. Em alguns casos, requer cirurgia para retirada do acúmulo no epidídimo.

6. Hérnia inguino-escrotal

Decorrente da hérnia inguinal, acontece com o deslocamento de parte do intestino até a bolsa testicular, devido à fraqueza na parede abdominal. Com isso, o nódulo presente na virilha se movimenta para o saco escrotal.

Fatores congênitos, como o não fechamento do canal inguinal, são a causa do aparecimento em recém-nascidos. Se a falha não for corrigida naturalmente até os dois anos de idade, a criança passa por cirurgia corretiva.

Já em adultos com problemas na próstata, a força exigida para urinar aumenta a pressão no abdome e alarga o canal inguinal. Obesidade, tabagismo e excesso de esforço físico são outros possíveis motivos. Além de inchaço e dor, os sintomas mais comuns são a sensação de peso e pressão na região e incômodo no movimento de sentar e levantar.

O tratamento evita falhas na produção dos espermatozoides e, portanto, a infertilidade. Assim como problemas no fluxo sanguíneo para o intestino, que é um quadro grave que provoca vômitos, náuseas, dificuldade para evacuar e aumento do abdome.

7. Orquite

Provocada por bactérias (infecção urinária ou da próstata), vírus (caxumba, rubéola ou catapora) ou ISTs (gonorreia, clamídia ou sífilis), a orquite causa fadiga, febre, dor ao urinar, testículo endurecido, vermelhidão no saco escrotal e sangue no sêmen.

A falta de tratamento adequado resulta em infertilidade, pois este tipo de inflamação destrói os tecidos e forma pus na região, prejudicando o funcionamento dos testículos. A remoção cirúrgica é a solução em casos graves.

8. Hidrocele

Consiste na dificuldade de drenagem do líquido testicular, que serve como lubrificação para que o testículo não fique preso na parede escrotal e possa se mover.

O acúmulo deste líquido dentro da bolsa escrotal gera, além de dor e inchaço, sensação de peso e mudança de tamanho no escroto, que pode aumentar excessivamente de volume. Neste caso, requer cirurgia para correção.

Em bebês, a inflamação costuma sanar naturalmente nos primeiros anos de vida. Já em adultos, as suspeitas são traumatismo, processo inflamatório e infeccioso e orquite.

Fontes: Bruno Benigno, urologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP) e mestre em oncologia, com enfoque na pesquisa do câncer de próstata; Mario Delgado, urologista do Hospital Santa Paula (SP); e Jandrey Souza, urologista do UDI Hospital (MA).