Ex-goleiro do Corinthians morre de infecção generalizada; o que é isso?
De VivaBem, em São Paulo*
21/06/2024 11h07
O ex-goleiro César, que atuou no Corinthians nos anos 80, morreu na noite da última quinta-feira (20), aos 69 anos, vítima de uma infecção generalizada.
O que acontece no corpo
A infecção generalizada é o mesmo que sepse. Ela acomete 50 milhões de pessoas a cada ano. Dessas, 11 milhões morrem da doença.
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Entre as pessoas que se curam, de 30% a 40% ficam com sequelas —como fraqueza, transtornos cognitivos e incapacidade—, o que demanda reabilitação.
Alguns casos podem começar em casa, com um indivíduo desenvolvendo uma infecção.
Bruno Besen, médico intensivista da UTI Clínica e pesquisador do Laboratório de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que, em casos mais simples, o paciente é tratado no ambiente ambulatorial, através de antibióticos, sem necessidade de hospitalização.
Alguns casos evoluem para a infecção generalizada —"um quadro em que a infecção perde o controle no organismo e passa a afetar o funcionamento dos órgãos".
No entanto, a maioria das infecções se inicia quando o paciente está hospitalizado, as chamadas "infecções associadas ao cuidado de saúde".
Fases da sepse
A sepse é dividida em três fases. Primeiramente, o paciente desenvolve uma infecção específica, como pneumonia, infecção urinária, apendicite ou meningite, por exemplo.
Depois, se esse quadro começa a afetar outros órgãos —devido a uma resposta desregulada do próprio organismo—, ele passa a ser chamado de sepse.
O último estágio é chamado de choque séptico, em que o paciente tem uma infecção tão intensa que sua pressão cai e os órgãos são afetados profundamente.
Os sintomas da sepse são os mesmos da infecção que a desencadeou —se for uma pneumonia, por exemplo, o paciente apresenta tosses, catarro e febre—, além de somar outros fatores, como falta de ar e tontura.
O que caracteriza a infecção generalizada é a identificação médica que [a infecção] está afetando outros órgãos além do foco inicial.
Uma das formas de agilizar o processo de tratamento se faz por um diagnóstico precoce, tanto no hospital quanto fora, antes que os órgãos sejam afetados.
Besen pontua que também é importante evitar a infecção, sempre que possível. Quando o indivíduo apresenta uma infecção bacteriana, os profissionais de saúde indicam antibióticos para realizar o tratamento.
O problema das superbactérias
Durante a pandemia, houve um uso indevido de medicamentos antimicrobianos, que não foram eficazes contra doenças virais.
"Quando usamos remédios de forma inadequada e em grande quantidade, o que é comum nos casos de antibióticos, as bactérias começam a ficar resistentes e os pacientes perdem uma alternativa terapêutica" pontua Besen.
Esse tipo de bactéria —organismos resistentes a muitos antibióticos ou a todos os antibióticos que não possuem alta toxicidade— é uma grande preocupação para a comunidade médica.
Se infecções não conseguem ser prevenidas por terapias e tratamentos, os médicos acabam usando mais antibióticos, o que pode gerar o surgimento de superbactérias.
*Com informações de reportagem do Jornal da USP.