Ex-goleiro do Corinthians morre de infecção generalizada; o que é isso?

O ex-goleiro César, que atuou no Corinthians nos anos 80, morreu na noite da última quinta-feira (20), aos 69 anos, vítima de uma infecção generalizada.

O que acontece no corpo

A infecção generalizada é o mesmo que sepse. Ela acomete 50 milhões de pessoas a cada ano. Dessas, 11 milhões morrem da doença.

Entre as pessoas que se curam, de 30% a 40% ficam com sequelas —como fraqueza, transtornos cognitivos e incapacidade—, o que demanda reabilitação.

Alguns casos podem começar em casa, com um indivíduo desenvolvendo uma infecção.

Bruno Besen, médico intensivista da UTI Clínica e pesquisador do Laboratório de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que, em casos mais simples, o paciente é tratado no ambiente ambulatorial, através de antibióticos, sem necessidade de hospitalização.

Alguns casos evoluem para a infecção generalizada —"um quadro em que a infecção perde o controle no organismo e passa a afetar o funcionamento dos órgãos".

No entanto, a maioria das infecções se inicia quando o paciente está hospitalizado, as chamadas "infecções associadas ao cuidado de saúde".

Fases da sepse

A sepse é dividida em três fases. Primeiramente, o paciente desenvolve uma infecção específica, como pneumonia, infecção urinária, apendicite ou meningite, por exemplo.

Continua após a publicidade

Depois, se esse quadro começa a afetar outros órgãos —devido a uma resposta desregulada do próprio organismo—, ele passa a ser chamado de sepse.

O último estágio é chamado de choque séptico, em que o paciente tem uma infecção tão intensa que sua pressão cai e os órgãos são afetados profundamente.

Os sintomas da sepse são os mesmos da infecção que a desencadeou —se for uma pneumonia, por exemplo, o paciente apresenta tosses, catarro e febre—, além de somar outros fatores, como falta de ar e tontura.

O que caracteriza a infecção generalizada é a identificação médica que [a infecção] está afetando outros órgãos além do foco inicial.

Uma das formas de agilizar o processo de tratamento se faz por um diagnóstico precoce, tanto no hospital quanto fora, antes que os órgãos sejam afetados.

Besen pontua que também é importante evitar a infecção, sempre que possível. Quando o indivíduo apresenta uma infecção bacteriana, os profissionais de saúde indicam antibióticos para realizar o tratamento.

Continua após a publicidade

O problema das superbactérias

Durante a pandemia, houve um uso indevido de medicamentos antimicrobianos, que não foram eficazes contra doenças virais.

"Quando usamos remédios de forma inadequada e em grande quantidade, o que é comum nos casos de antibióticos, as bactérias começam a ficar resistentes e os pacientes perdem uma alternativa terapêutica" pontua Besen.

Esse tipo de bactéria —organismos resistentes a muitos antibióticos ou a todos os antibióticos que não possuem alta toxicidade— é uma grande preocupação para a comunidade médica.

Se infecções não conseguem ser prevenidas por terapias e tratamentos, os médicos acabam usando mais antibióticos, o que pode gerar o surgimento de superbactérias.

*Com informações de reportagem do Jornal da USP.

Deixe seu comentário

Só para assinantes