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Sofre com prisão de ventre? Invista na pectina, fibra encontrada na maçã

Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

21/06/2024 04h00

O termo "pectina" tem suas raízes na palavra grega "pectos", que se traduz como "gelatinizado" ou "endurecido". Henri Braconnot, um químico e farmacêutico francês, foi o primeiro a usar essa nomenclatura, em 1824. Ele observou que a pectina, que é uma fibra alimentar solúvel, presente naturalmente em plantas, tinha por caraterística a formação de uma espécie de gel ao ser dissolvida.

"A partir dali ela foi amplamente estudada e, desde então, é muito utilizada na culinária, para o preparo de geleias, compotas, molhos e doces, pela grande capacidade de formar géis e estabilizar preparações, quando em condições levemente ácidas e sob aquecimento", informa Andrea Ferrara, nutricionista da Clínica Bottura (SP) com especialização pelo Hospital das Clínicas da USP.

Onde a pectina é encontrada?

In natura, a pectina está presente principalmente na maçã e em frutas cítricas, como laranja e limão, sobretudo nas cascas. Pode estar ainda, em menores quantidades, na uva, na ameixa, no mamão e na batata, beterraba e cenoura. Mas é na indústria que ela é amplamente utilizada, devido às suas propriedades espessante, emulsificante e gelificante.

Serve para fazer, ou ajuda a melhorar textura e cremosidade, de bebidas lácteas, iogurtes, sorvetes, balas, recheios de chocolate, bolos, pães, sucos de frutas concentrados, explica Rodrigo Neves, médico pela Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto) e pós-graduado em nutrologia. "Até em alguns medicamentos está contida, como laxantes naturais e produtos para desconfortos gastrointestinais."

É que a pectina é considerada um polissacarídeo diferente do amido, um carboidrato não digerível. "Por esse motivo, é um alimento funcional, um prebiótico, que pode agir de forma benéfica em uma ou mais funções no nosso organismo", comenta Fabiana Pedrosa, nutricionista clínica dos centros médicos da Rede D'Or, de Recife e Olinda, e da Ísis Clínica de Medicina Feminina (PE).

Função no intestino

Imagem: iStock

Um prébiótico é uma substância que não é digerida pelo corpo humano, mas serve como alimento para as bactérias boas do intestino, estimulando sua proliferação e atividade. No caso da pectina, por absorver água e hidratar o bolo fecal, ainda ajuda a regular o movimento intestinal e previne constipação e o risco de doenças inflamatórias.

Mas antes de chegar no intestino, a pectina passa pelo estômago, onde se transforma em um composto de consistência viscosa que ajuda a gerar saciedade. "Assim, a pectina é uma excelente estratégia na perda de peso e, complementarmente, na redução dos níveis de colesterol e triglicerídeos, controlando a absorção de gordura e glicose após as refeições", afirma Jousianny Patrício, nutricionista e professora do Unipê (Centro Universitário de João Pessoa).

Além de ser positiva para quem sofre de prisão de ventre, colesterol alto e diabetes, a pectina ajuda a reduzir o risco de doenças cardiovasculares e fortalece o sistema imune. Segundo a nutricionista Andrea Ferrara, ela aumenta a integridade, função e defesa da mucosa colônica —tecido que reveste o interior do cólon do intestino.

Consumo requer certos cuidados

A incorporação de pectina na dieta não requer ser uma prática diária e obrigatória, afirma o médico Rodrigo Neves, explicando, apesar disso, que incluir frutas ricas em pectina pode ser uma parte benéfica e equilibrada da alimentação. Porém, lembre-se de diversificar as fontes em que a fibra está presente para se obter uma gama maior de nutrientes.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda a adultos consumirem pelo menos 400 gramas de vegetais e 25 gramas de fibras ao dia, informa Alan Tiago Scaglione, nutricionista da Estima Nutrição (SP) com especialização pela USP. É possível atingir esse valor com cerca de cinco porções no cardápio diário. "Se fizer isso, está tranquilo em relação ao consumo de pectina", diz.

A pectina é segura para todas as idades, desde que se respeite o consumo correto e a quantidade, que deve ser recomendada por um médico individualmente. "Sem orientação de um profissional, pode causar algumas reações, como gases, desconforto e distensão abdominal, além de constipação, quando não há ingestão adequada de água", diz a professora Jousianny Patrício.

Imagem: Getty Images/Westend61

Veja uma sugestão de receita de geleia caseira rica em pectina:

Ingredientes:

  • 1 kg de maçã (cerca de 10 maçãs inteiras)
  • 1 kg de laranjinha kinkan (assim como a maçã, ela é rica em pectina)
  • 1 colher (sopa) de psyllium (fibra solúvel natural), se quiser

Modo de preparo:

  1. Corte as maçãs em pedaços, mantendo casca e sementes. Numa panela, cubra-as com água e, em fogo baixo, cozinhe-as, mexendo até obter um suco e as maçãs ficarem macias. Depois, retire, bata tudo no liquidificador, coe e reserve.
  2. Corte as laranjinhas em rodelas, com casca, mas sem sementes, e coloque-as para ferver em água para tirar o amargor. Depois de retirar do fogo e escorrer, adicione-as ao suco de maçã. Deixe a mistura cozinhar até adquirir uma consistência de cor amarelo-claro e as laranjas brilharem.
  3. Formada uma geleia, adicione o psyllium para aumentar o valor nutricional e a textura gelatinosa. Após homogeneizar, desligue o fogo e, num vidro esterilizado, coloque a geleia ainda quente. Feche esse vidro e esfrie a geleia de cabeça para baixo, para criar um vácuo entre o doce e a tampa. Consuma em até seis meses.

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