Microplásticos encontrados em pênis podem estar ligados à disfunção erétil

Um estudo internacional publicado na última quinta-feira (19) revela a descoberta de microplásticos no tecido de pênis humanos pela primeira vez. As partículas foram identificadas nos órgãos genitais de pacientes com disfunção erétil (DE).

O que aconteceu

Sete tipos diferentes de microplásticos foram encontrados em quatro das cinco amostras de tecido peniano retiradas de pacientes diagnosticados com disfunção erétil, que foram submetidos a cirurgias de implante peniano, conforme um estudo publicado na revista científica IJIR: Your Sexual Medicine Journal.

Apresentamos o primeiro estudo de nosso conhecimento para identificar a presença de microplásticos (MPs) no tecido peniano. A detecção abre um novo caminho para a compreensão do impacto ambiental na saúde sexual, levantando questões sobre as origens e consequências potenciais da exposição ao MP na função erétil. Trecho do estudo

Medindo menos de 5 mm de diâmetro, o microplástico pode entrar em contato com o organismo humano por "ingestão, inalação e contato dérmico [com a pele]", pois "infiltraram-se em ecossistemas atmosféricos, de água doce e terrestres, penetrando em produtos como frutos do mar, sal marinho e bebidas engarrafadas", escrevem os pesquisadores.

As amostras coletadas foram analisadas usando um sistema de imagem por infravermelho, que detectou os diferentes tipos diferentes de partículas, entre as quais prevaleceu o tereftalato de polietileno (PET) e polipropileno (PP), de acordo com a pesquisa.

Relação com disfunção erétil: evidências limitadas

As investigações sobre o papel dos microplásticos no sistema reprodutor masculino representam uma "área de investigação recente", com literatura existente ainda "limitada", segundo os pesquisadores.

Apesar disso, os cientistas afirmam: "Grande parte das investigações existentes tem focado no impacto dos MPs na infertilidade masculina e vários estudos já discutiram os efeitos adversos deles na produção e qualidade do esperma".

Uma das evidências apontadas por eles vem de uma pesquisa de 2021 realizada com ratos que ingeriram microplásticos por meio de água potável e apresentaram consequências adversas relacionadas à saúde reprodutiva.

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"A contagem de espermatozoides vivos no epidídimo foi reduzida em ratos expostos ao MP, em comparação aos que não foram. Anormalidades morfológicas também foram observadas, juntamente com aumento de marcadores inflamatórios. No entanto, a exploração do impacto dos MPs na função erétil ainda permanece notavelmente ausente da literatura", ressaltam os pesquisadores.

Microplásticos em testículos

Outro estudo publicado na revista científica Toxicological Science e divulgado em maio pela Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, afirmou ter encontrado microplásticos nos testículos de todas as amostras que testou — 23 de humanos e 47 de animais.

Os pesquisadores identificaram redução na contagem de espermatozoides nas amostras dos órgãos de cães com maior contaminação por microplásticos. Já nos testículos humanos, analisados em exames após a morte de homens com idades entre 16 e 88 anos, a contagem de espermatozoides não pôde ser realizada.

O estudo aponta uma correlação entre a presença de altos índices de PVC (usado em encanamentos industriais e muitas outras aplicações) e queda na contagem de espermatozoides. No entanto, também seriam necessárias mais pesquisas para provar que os microplásticos são os responsáveis pela situação.

Estas descobertas destacam a presença generalizada de microplásticos no sistema reprodutor masculino, tanto nos testículos caninos como nos humanos, com potenciais consequências na fertilidade masculina. Trecho da pesquisa da Universidade do Novo México

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Especialistas ouvidos em maio por VivaBem foram cautelosos ao analisar os resultados, mas indicam que estudos do tipo são importantes para incentivar mais pesquisas sobre o assunto.

Não podemos dizer que esses resultados sejam conclusivos, mas, sim, promissores. Como os próprios autores afirmaram, o estudo demonstra uma correlação, mas uma pesquisa mais avançada é necessária para provar que os microplásticos causam diminuição da contagem espermática. Renato Fraietta, vice-chefe da disciplina de Urologia na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

*Com reportagem publicada em 23/05/2024.

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