Sangue de centenários revela segredos para longevidade; o que eles têm?
Colaboração para VivaBem*
25/06/2024 11h33
Cientistas do Instituto Karolinska (Suécia) analisaram exames de sangue de mais de 44 mil idosos, em busca dos segredos da longevidade.
As amostras foram coletadas ao longo de 30 anos e 1,2 mil indivíduos ultrapassaram os 100 anos de vida.
Os resultados revelaram que os centenários apresentavam níveis mais baixos de glicose, ácido úrico e creatinina a partir dos 60 anos, contou Karin Modig, professora associada de epidemiologia do Instituto Karolinska e autora do estudo, ao site The Conversation.
Todos os marcadores no sangue selecionados já tinham sido relacionados com os processos de envelhecimento em estudos anteriores. Esses biomarcadores podem fornecer pistas para o desenvolvimento de tratamentos que prolonguem a vida, embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar essas descobertas.
O atual estudo não considerou, por exemplo, o impacto do estilo de vida e a questão genética na probabilidade de uma pessoa chegar aos 100 anos. Então, os resultados devem ser percebidos como um ponto de partida na pesquisa sobre os segredos do envelhecimento.
Você já ouviu falar nas blue zones?
Esse foi o nome dado a regiões no mundo onde há altas taxas de pessoas com mais de 100 anos. Fazem parte dessa lista Sardenha, na Itália, Okinawa, no Japão, Loma Linda, nos Estados Unidos, Ícaria, na Grécia, e Nicoya, na Costa Rica.
Esses cinco lugares não têm uma só dieta, então a nutrição por si só não explicaria essas populações viverem tanto. "É outra coisa. É ser ativo, é o jeito como comemos, o jeito como nos conectamos com os outros, ter um significado para a vida", disse Dana Weiner, diretora da divisão de nutrição do hospital israelense Sheba Medical Center, durante uma palestra na segunda edição da Conferência Africana sobre Redução de Riscos para a Saúde, realizada em setembro de 2023.
Segundo Weiner, o segredo para viver muito são as coisas simples da vida, como caminhar. Ela recomenda limitar momentos em que se fica sentado, preferir usar as escadas, andar enquanto fala ao telefone e até levar o cachorro para passear.
Weiner também fala em ter um propósito e contribuir para a comunidade. Outro segredo é ter amigos. Conexões saudáveis, com família e amigos, é fundamental para viver mais e com qualidade.
Quanto à alimentação, as blue zones têm duas coisas em comum, segundo Weiner:
Dieta baseada em plantas: eles comem carne e laticínios, mas a maioria dos alimentos vem da terra e alguns plantam a própria comida. "Eles não comem comida ultraprocessada, e sim frutas, verduras grãos integrais. Em Sardenha, comem bastante massa, mas a diferença é que eles fazem o próprio macarrão", diz.
Não comem com os olhos, mas com o estômago: pessoas dessas regiões comem menos, apenas até ficarem saciados.
Por falar em longevidade, genética importa
Weiner lembra que viver bastante tem a ver com genética. "Minha longevidade começou quando minha mãe estava grávida de mim. Ela me programou para ser o que eu sou hoje", disse. "Ela programou minha longevidade de acordo com o quanto fumou, se ganhou peso, se foi sedentária."
De acordo com ela, para viver mais, a intervenção tem que começar muito cedo, quando a mulher ainda está grávida. "Desculpe, homens, mas as mulheres são importantes nesse processo."
Com a população do mundo envelhecendo, a resposta para uma longevidade de qualidade talvez esteja em voltar ao básico, como as blue zones ensinam.
*Com informações de reportagem publicada em 30/09/2023