Atriz atacada por fãs de Anitta tem esclerose múltipla e síndrome rara
A atriz americana Selma Blair, 50, se envolveu em uma polêmica com fãs da cantora Anitta. Eles a acusaram de ignorar a brasileira no desfile da marca Schiaparelli durante a Semana de Alta Costura de Paris, na segunda-feira (24).
Blair é conhecida por trabalhos em filmes como "Legalmente Loira" (2001) e "Hellboy" (2004) e, nos últimos anos, compartilha o dia a dia convivendo com a esclerose múltipla e a síndrome de Ehlers-Danlos, ambas sem cura.
A atriz descobriu a esclerose múltipla em 2018 após ter dificuldades para andar. Ela participava de um desfile quando sentiu que precisava fazer mais esforço do que o normal com a perna esquerda. O diagnóstico, no entanto, ainda levou alguns meses, o que é comum ao investigar a doença.
Com o avanço da condição, ela apresentou mais sequelas de locomoção —ela usa uma bengala para andar. Além disso, tem bastante dificuldade para falar —a língua simplesmente "enrola", é a chamada disartria.
senti ate dor física vendo esse vídeo pic.twitter.com/AITxrE8req
-- andrey; (@inwhead) June 24, 2024
O que é esclerose múltipla
A esclerose múltipla, conhecida pela sigla EM, é uma condição autoimune, em que as células de defesa atacam o próprio organismo. O mecanismo mais conhecido é a perda da bainha de mielina, estrutura que protege os neurônios. Por esse motivo, a doença é chamada de desmielinizante.
A região atingida é o sistema nervoso central, formado pelo cérebro e a medula espinhal. Por isso, a esclerose múltipla causa sintomas no corpo todo. Os mais comuns são:
- Perda de força;
- Dormência;
- Tremor;
- Alterações de visão (como o estrabismo e a neurite óptica);
- Formigamento nas pernas e mãos.
É mais comum entre as mulheres e os jovens, mas pode se manifestar em qualquer idade, inclusive na infância.
Atriz contou ter sintomas desde a infância
No ano passado, Selma Blair contou conviver com sintomas da esclerose múltipla já na infância, que não eram levados a sério. "Se você é um garoto com esses sintomas, você é levado para fazer uma ressonância magnética. Se você é uma menina, te chamam de maluca", disse em entrevista à Vogue britânica.
Ela diz que desde os 7 anos tinha crises "incontroláveis" de riso. Na fase adulta, os episódios passaram a ser de choro frequente, revelou a atriz.
Eu parecia uma garota normal para todo mundo. Mas eu era uma pessoa com deficiência durante todo esse tempo.
Selma Blair, em entrevista à Vogue britânica no ano passado
Transplante de células-tronco
A atriz passou por um transplante de células-tronco em 2021. Parte do tratamento foi mostrada no documentário "Selma Blair - A batalha contra a esclerose múltipla", disponível no serviço de streaming Max.
As coisas estavam andando para trás. Os remédios só estavam me fazendo sentir pior. As opções acabaram. Um transplante de células-tronco é o que vai me ajudar, se alguma coisa vai.
Selma Blair, em trecho do documentário "Selma Blair - A batalha contra a esclerose múltipla"
Todo o processo de transplante de células-tronco —que é autólogo, ou seja, com células do próprio paciente— dura cerca de seis meses, desde a avaliação e exames iniciais até a fase de enxerto das células. O objetivo é "reiniciar" o sistema imunológico, como tentativa para ele parar de agredir o sistema nervoso central.
São elegíveis pacientes de até 60 anos, que não tenham respondido ao tratamento convencional e que estejam apresentando inflamação pela esclerose múltipla. O transplante envolve altas doses de quimioterapia, o que leva a náuseas e vômitos, além de queda dos cabelos e riscos de alergias, infecções e sangramentos. Portanto, não costuma ser considerado a primeira opção de tratamento.
'Sinto dor o tempo todo'
Blair entrou em remissão da doença após o transplante. Isso significa que a esclerose múltipla está sob controle, mas não é uma cura. "Eu estou bem, ainda em remissão, me sinto cansada e exausta o tempo todo", disse a atriz em vídeo publicado nas redes sociais em janeiro deste ano.
Ela revelou conviver com dores diárias devido à síndrome de Ehlers-Danlos. "Envelhecer dói, você tem de se alongar, mas eu não posso me alongar por causa da síndrome de Ehlers-Danlos. Que, aliás, descobri que muita gente tem. Se eu tentar me alongar, acabo me machucando. Mas não é nada assustador ou horrível, é só algo que preciso ficar atenta", compartilhou a atriz.
O que é a síndrome de Ehlers-Danlos
Também conhecida como síndrome do homem elástico, a doença rara é hereditária e afeta o tecido conjuntivo. A síndrome é dividida entre diferentes tipos.
Na forma mais clássica, a hipermóvel, há uma hiperextensão da pele (pele elástica) e uma hipermobilidade de articulações. O paciente apresenta cicatrizes, fragilidade da pele, se machuca com facilidade, tem hematomas constantes, luxações de articulações da paleta, joelho ou ombro. Quem tem esse tipo de síndrome também sente dores crônicas.
*Com informações de reportagem publicada em 17/01/22, 07/08/23 e 08/12/23.
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