Jejum intermitente é associado ao risco maior de morte cardíaca, diz estudo
Um estudo de março de 2024, conduzido pela Universidade Jiao Tong, de Xangai, na China, analisou dados de 20 mil adultos entre 2003 e 2018 e descobriu que, embora o jejum intermitente esteja associado a benefícios para a longevidade, aqueles que se alimentavam apenas em uma janela diária de 8 horas não apresentaram maior longevidade em comparação com os que mantinham um padrão alimentar mais tradicional, com refeições distribuídas em um intervalo de 12 a 16 horas.
Também foi constatado que especificamente esse padrão 16:8 (quando as refeições são consumidas em uma janela de 8 horas e o jejum ocorre nas 16 horas restantes) está associado a um risco 91% maior de morte por doença cardiovascular.
Mais estudos são necessários
Segundo Wenze Zhong, professor e presidente do departamento de epidemiologia e bioestatística da Universidade Jiao Tong, embora os resultados sugiram uma associação entre restrição alimentar e maior risco de morte cardiovascular, o estudo não comprova definitivamente que a restrição causou as mortes. Isso ocorre porque as dietas dos pacientes eram autodeclaradas, o que pode introduzir algum grau de imprecisão nas informações.
Além das questões mencionadas, fatores como estado de saúde individual, estilo de vida, adesão específica a diferentes tipos de jejum intermitente e disponibilidade de alimentos também podem influenciar os resultados.
A orientação de buscar um nutricionista e manter acompanhamento médico é fundamental ao considerar qualquer método de emagrecimento, incluindo o jejum intermitente. Cada pessoa é única, e o que funciona para um indivíduo pode não ser adequado para outro.
Saiba mais sobre o jejum intermitente
Apesar de não ser uma ideia recente, jejuar para perder peso começou a fazer sucesso apenas em 2013, após o médico inglês Michael Mosley lançar o livro "A Dieta dos 2 Dias". Desde então o jejum intermitente se popularizou.
"Em animais, o jejum mostrou benefícios em doenças degenerativas, doenças cardiovasculares, câncer, obesidade e diabetes. Em humanos, a restrição contínua e jejum intermitente trouxeram resultados similares", explica a nutricionista Mariana Del Bosco, mestre em ciências pela Faculdade de Medicina da USP.
Mas como o jejum é uma prática difícil, muitos desistem logo no início. Além disso, uma vez que a pessoa para de jejuar, o peso volta, gerando o conhecido efeito sanfona. Portanto, a eficácia desse método, em longo prazo, depende da capacidade da pessoa em manter esse estilo alimentar saudável e de baixas calorias no futuro.
Se você está grávida, amamentando, é diabético ou tem uma condição que exige que fique atento aos níveis de açúcar no sangue, melhor evitar esse tipo de dieta. Um longo período de restrição poderia induzir a hipoglicemia, que é a queda dos níveis de glicose no sangue, e trazer consequências mais graves.
Além disso, alguns grupos de pessoas correm maior risco de efeitos negativos associados ao jejum, que podem incluir dores de cabeça, tonturas e incapacidade de concentração. Os grupos vulneráveis normalmente incluem idosos, jovens (menores de 18 anos), aqueles que estão sob medicação, aqueles com baixo índice de massa corporal (IMC) e quem tem problemas emocionais ou psicológicos envolvendo alimentos, incluindo qualquer história de distúrbios alimentares.
*Com informações do Ranking das Dietas 2020 de VivaBem
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