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Estudo: 67% das brasileiras têm 'obesidade de peso normal'; o que é isso?

Imagem: Getty Images

De VivaBem, em São Paulo

27/06/2024 00h01

Uma pesquisa apresentada no Congresso Internacional de Obesidade 2024 mostrou que, entre uma amostra de mulheres brasileiras com peso normal, dois terços (67%) estão experimentando um fenômeno chamado "obesidade de peso normal".

O que isso significa? Apesar de estarem na faixa normal para o IMC (índice de massa corporal), elas têm um percentual de gordura corporal muito alto: 30% ou mais. O estudo é de Larissa Luna Queiroz, da UFC (Universidade Federal do Ceará) e colegas.

Obesidade de peso normal (OPN) em adultos é uma condição caracterizada por uma alta porcentagem de gordura corporal (na maioria dos estudos anteriores, isto significa maior do que 30% em mulheres) e um IMC dentro da faixa normal (18,5-24,9 kg/m2).

Analisar a distribuição dessa gordura é relevante para as mulheres uma vez que a acumulação de massa gorda central é muitas vezes negligenciada nesta população, pois está menos associada a comorbidades, principalmente em mulheres jovens.

O estudo foi realizado no Hospital Universitário Walter Cantídio, em Fortaleza, envolvendo mulheres adultas saudáveis na faixa de IMC normal (18,5-24,9 kg/m2), selecionadas entre estudantes e funcionários da instituição.

Todos as 220 voluntárias foram submetidas à avaliação da composição corporal. A idade média foi 29 anos e IMC médio foi de 22 kg/m2. A relação cintura-quadril média foi de 1,0, indicando um alto nível de obesidade abdominal (central), e o percentual médio de gordura corporal na população foi de 33,8%.

A prevalência de OPN foi de 67,3% nesta população, e destes, 31,4% tinham uma relação cintura-quadril anormalmente alta (acima de 1,0). Quanto maior essa relação, maior o risco de doenças cardiovasculares e outros problemas de saúde.

No geral, as mulheres com OPN tinham um alto percentual de gordura corporal (43%) na região ginoide, que inclui os quadris e a parte superior das coxas, e se sobrepõe às regiões da perna e do tronco.

Larissa Queiroz explica que "a distribuição da gordura corporal é um indicador significativo de risco cardiovascular. Saber a sua localização é tão importante, ou talvez até mais relevante, do que saber a sua quantidade total de gordura corporal. Estes resultados destacam a necessidade de atenção para a obesidade e suas complicações, mesmo em mulheres jovens com um IMC normal".

As implicações da pesquisa são que outras milhões de mulheres brasileiras podem ser 'tecnicamente' obesas, apesar de parecerem ter peso e tamanho normais.

"Se as mulheres brasileiras mais jovens querem saber se correm o risco de ter obesidade com peso normal, tendemos a observar um percentual de gordura corporal muito alto em indivíduos de peso normal/IMC que levam um estilo de vida sedentário e frequentemente comem fora. Portanto, se uma mulher jovem se encontra nessa situação e, apesar de ter um peso normal, não vê visivelmente seus músculos quando contraídos, recomendamos que ela solicite uma avaliação da composição corporal de seu profissional de saúde", aconselha Larissa Queiroz.

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