Garoto recebe 1º implante cerebral contra epilepsia do mundo

Um adolescente britânico de 13 anos que sofre de epilepsia grave se tornou o primeiro paciente no mundo a utilizar um neuroestimulador para controlar crises.

O aparelho monitora a atividade cerebral e detecta padrões incomuns que podem gerar uma convulsão, enviando sinais elétricos profundos ao cérebro. O objetivo é cessar essa atividade e prevenir que aconteça a convulsão. No caso do jovem, a quantidade de convulsões diurnas diminuiu 80%.

Ele tem uma forma de epilepsia resistente a tratamentos desde os três anos de idade. O menino sofria às vezes de paradas respiratórias e precisava de medicamentos para ser reanimado.

O dispositivo foi implantado em outubro de 2023 e faz parte de uma iniciativa chamada Cadet, em parceria com o hospital Ormand Street, a Universidade de Londres, o Hospital King's College e a Universidade de Oxford (Inglaterra).

Segundo os pais do garoto, os resultados do implante no controle da epilepsia são surpreendentes. Nos primeiros seis meses, além da enorme queda no número de convulsões, a qualidade de vida dele melhorou significativamente e, se antes ele era incapaz de sair de casa sozinho, agora recuperou uma certa independência.

O processo de implante ainda está em curso, e os pesquisadores necessitam de mais estudos para avaliar a eficácia do neuroestimulador. Contudo, os resultados promissores sugerem uma possível solução para pessoas que enfrentam não apenas a epilepsia, mas também outros distúrbios neurológicos.

Saiba mais sobre a epilepsia

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Imagem: iStock

O menino que usa o neuroestimulador sofre de síndrome de Lennox-Gastaut, uma forma grave e rara de epilepsia que aparece na infância e é caracterizada também por convulsões frequentes e atraso no desenvolvimento infantil, sendo de difícil tratamento.

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Segundo a OMS, são cerca de 50 milhões de pessoas com epilepsia no mundo. Só no Brasil, estimam-se 3 milhões com a doença.

Os principais desafios começam pelas dificuldades do diagnóstico, que muitas vezes leva anos para ser fechado. Isso prejudica a vida do paciente.

Além disso, o preconceito que as pessoas com epilepsia sofrem ao longo da vida pode levar o paciente ao isolamento, afetando vida social, autoestima e saúde mental. A epilepsia pode acometer pacientes de todas as idades, mas o público infantil e o idoso tende a sofrer mais.

"Há muita pesquisa da utilização dos extratos da Cannabis para uso medicinal, e uma das áreas com maior número de estudos com grande evidência científica de sua eficácia é justamente a epilepsia, notadamente com o uso de produtos à base de CBD (canabidiol), já havendo alguns estudos que utilizam compostos que contém até o THC (tetrahidrocanabinol, a molécula mais psicoativa da Cannabis)", explica o neurologista Renato Anghinah.

Mas é para qualquer um? Não. O CBD é usado para a epilepsia de difícil controle, chamada de farmacorresistente.

*Com informações de reportagem publicada em 26/03/2023

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