Por que o PMMA, que causou morte de influencer, é uma 'bomba-relógio'?

A influenciadora Aline Ferreira, de 33 anos, morreu na terça (2) após complicações causadas por um procedimento estético para aumento dos glúteos com PMMA (polimetilmetacrilato). A dona da clínica foi presa pela Polícia Civil na quarta (3).

O que é o PMMA

Componente plástico. O PMMA é um componente plástico usado por indústrias na fabricação de lentes, na odontologia, em cremes de uso tópico e em procedimentos ortopédicos. Para preenchimento na pele, é utilizado em microesferas, numa forma semelhante ao gel.

Conhecido da indústria estética. Seu uso se tornou comum na indústria estética para preenchimento da pele, visando aumentar o volume de glúteos, coxas, rosto e outras partes do corpo.

Por que ele é tão perigoso?

Resultado é permanente. O resultado do procedimento com PMMA é permanente: uma vez que ele é injetado nos tecidos, geralmente músculo, ele não pode ser removido sozinho.

Há também riscos de insuficiência renal irreversível. O PMMA provoca a produção de granulomas (reação do sistema imunológico contra infecções), que estimulam a absorção de uma grande quantidade de cálcio pelo corpo que chega aos rins, danificando sua função.

Danos a curto ou longo prazo. Essas complicações podem acontecer logo após o procedimento ou depois de alguns anos, e não necessariamente no local do implante. O PMMA ainda pode causar inflamação crônica, reações alérgicas e migração do produto para outras áreas do corpo. Por esse motivo, é descrito por médicos como uma "bomba-relógio".

Dificuldade de remoção. Segundo especialistas, são necessárias diversas cirurgias para a retirada do produto e nem sempre o material será extraído por completo.

Regulamentação no Brasil

O uso do PMMA no Brasil é autorizado pela Anvisa, que o classifica como classe IV (máximo risco). Porém, existem apenas duas situações que seu uso é permitido:

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  • Correção de lipodistrofia (alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo) provocada pelo uso de antirretrovirais em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids);
  • Correção volumétrica facial e corporal, que é uma forma de tratar alterações, como irregularidades e depressões no corpo, como em casos de poliomielite, fazendo o preenchimento em áreas afetadas por meio de bioplastia.

A Anvisa esclarece que o produto não é contraindicado para aplicação nos glúteos para fins corretivos. Porém, não há indicação para aumento de volume, seja corporal ou facial. Cabe ao profissional médico responsável avaliar a aplicação de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto.
Anvisa

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