Algoritmo consegue dizer quem terá Alzheimer apenas pela fala
Colaboração para VivaBem*
04/07/2024 15h13
Cientistas da Universidade de Boston (EUA) criaram uma abordagem inovadora para detectar sinais precoces da doença de Alzheimer, com base na maneira como as pessoas conversam. O estudo foi publicado em 25 de junho na revista Alzheimer's & Dementia.
Como o estudo foi feito
Utilizando um algoritmo de IA (inteligência artificial), os pesquisadores treinaram o modelo para identificar conexões entre a fala e a progressão da doença em pacientes nos estágios iniciais. Além disso, se atentaram a fatores como idade e sexo.
Participaram 166 pessoas, sendo 90 casos de perda cognitiva progressiva e 76 casos de comprometimento cognitivo estável.
Os resultados foram promissores: a IA alcançou uma precisão de 78,5% ao identificar o risco de desenvolvimento do Alzheimer em um período de seis anos.
No entanto, é importante destacar que a ferramenta ainda está em fase de validação e foi testada apenas em indivíduos com comprometimento cognitivo leve, com idade entre 63 e 97 anos.
O próximo passo é adaptar essa tecnologia para um aplicativo de celular, tornando-a acessível a pacientes com alto risco de desenvolver a doença.
Sinais de Alzheimer leve, moderado e grave
No estágio de comprometimento cognitivo leve, a pessoa apresenta alterações sutis, mas que já impactam a sua memória e capacidade de raciocínio. Porém, as mudanças ainda não atrapalham os relacionamentos e o trabalho.
Surgem pequenos lapsos de memória, como esquecer a chave várias vezes ou não ir a compromissos. Também há dificuldade para lembrar de conversas recentes, e podem demorar a concluir tarefas e tomar decisões.
É importante que os familiares e pessoas mais próximas fiquem atentos aos primeiros sintomas. Essa pessoa precisa ser avaliada por um especialista, realizar exames e ter um diagnóstico. A progressão entre os estágios costuma demorar alguns anos. Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro, geriatra e professor da UFC (Universidade Federal do Ceará)
Depois, quando a doença avança um pouco mais, os sintomas anteriores se intensificam e é comum que os familiares já percebam as mudanças nos comportamentos. Ocorrem alterações significativas de memória e pensamentos que afetam o funcionamento diário.
Além disso, alguns também demonstram mudanças na personalidade: ficam mais irritados, sem paciência e até mais agressivos. Muitos não conseguem mais expressar seus sentimentos ou se comunicar como antes.
Na demência moderada, geralmente, a pessoa fica ainda mais confusa e esquecida. E, nesta fase, é comum que precise de mais ajuda para realizar as atividades diárias. Podem necessitar de alguém para tomar banho e se alimentar.
Muitos perdem a noção do tempo (dias da semana e horário) e espaço (não sabem mais onde moram) e começam a confundir familiares ou amigos. Algumas pessoas também começam a usar fraldas, já que perdem a capacidade de reter a urina ou fezes.
Há ainda casos de indivíduos que "inventam" histórias, ficam agitados, começam a "ver ou ouvir coisas" e apresentam crises de agressividade.
Nesta fase grave, a função cerebral fica bastante comprometida e a doença tem um impacto significativo na rotina nas e habilidades diárias. Geralmente, quem tem Alzheimer com demência grave ou severa apresenta dificuldade para falar e se comunicar; requer assistência 24h para cuidados pessoais; não consegue mais se alimentar, tomar banho ou ir ao banheiro ou mesmo andar, ficando acamado.
*Com informações de reportagem publicada em 11/05/2023