Algoritmo consegue dizer quem terá Alzheimer apenas pela fala

Cientistas da Universidade de Boston (EUA) criaram uma abordagem inovadora para detectar sinais precoces da doença de Alzheimer, com base na maneira como as pessoas conversam. O estudo foi publicado em 25 de junho na revista Alzheimer's & Dementia.

Como o estudo foi feito

Utilizando um algoritmo de IA (inteligência artificial), os pesquisadores treinaram o modelo para identificar conexões entre a fala e a progressão da doença em pacientes nos estágios iniciais. Além disso, se atentaram a fatores como idade e sexo.

Participaram 166 pessoas, sendo 90 casos de perda cognitiva progressiva e 76 casos de comprometimento cognitivo estável.

Os resultados foram promissores: a IA alcançou uma precisão de 78,5% ao identificar o risco de desenvolvimento do Alzheimer em um período de seis anos.

No entanto, é importante destacar que a ferramenta ainda está em fase de validação e foi testada apenas em indivíduos com comprometimento cognitivo leve, com idade entre 63 e 97 anos.

O próximo passo é adaptar essa tecnologia para um aplicativo de celular, tornando-a acessível a pacientes com alto risco de desenvolver a doença.

Sinais de Alzheimer leve, moderado e grave

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Imagem: iStock

No estágio de comprometimento cognitivo leve, a pessoa apresenta alterações sutis, mas que já impactam a sua memória e capacidade de raciocínio. Porém, as mudanças ainda não atrapalham os relacionamentos e o trabalho.

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Surgem pequenos lapsos de memória, como esquecer a chave várias vezes ou não ir a compromissos. Também há dificuldade para lembrar de conversas recentes, e podem demorar a concluir tarefas e tomar decisões.

É importante que os familiares e pessoas mais próximas fiquem atentos aos primeiros sintomas. Essa pessoa precisa ser avaliada por um especialista, realizar exames e ter um diagnóstico. A progressão entre os estágios costuma demorar alguns anos. Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro, geriatra e professor da UFC (Universidade Federal do Ceará)

Depois, quando a doença avança um pouco mais, os sintomas anteriores se intensificam e é comum que os familiares já percebam as mudanças nos comportamentos. Ocorrem alterações significativas de memória e pensamentos que afetam o funcionamento diário.

Além disso, alguns também demonstram mudanças na personalidade: ficam mais irritados, sem paciência e até mais agressivos. Muitos não conseguem mais expressar seus sentimentos ou se comunicar como antes.

Na demência moderada, geralmente, a pessoa fica ainda mais confusa e esquecida. E, nesta fase, é comum que precise de mais ajuda para realizar as atividades diárias. Podem necessitar de alguém para tomar banho e se alimentar.

Muitos perdem a noção do tempo (dias da semana e horário) e espaço (não sabem mais onde moram) e começam a confundir familiares ou amigos. Algumas pessoas também começam a usar fraldas, já que perdem a capacidade de reter a urina ou fezes.

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Há ainda casos de indivíduos que "inventam" histórias, ficam agitados, começam a "ver ou ouvir coisas" e apresentam crises de agressividade.

Nesta fase grave, a função cerebral fica bastante comprometida e a doença tem um impacto significativo na rotina nas e habilidades diárias. Geralmente, quem tem Alzheimer com demência grave ou severa apresenta dificuldade para falar e se comunicar; requer assistência 24h para cuidados pessoais; não consegue mais se alimentar, tomar banho ou ir ao banheiro ou mesmo andar, ficando acamado.

*Com informações de reportagem publicada em 11/05/2023

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