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Protege contra AVC e até diabetes: por que você deve investir no seu sono

Sono tranquilo e em quantidade suficiente faz bem para a saúde Imagem: Niels Zee/ Unsplash

Colaboração para VivaBem, em São Paulo

05/07/2024 04h00

Qual a quantidade ideal de sono por noite? Cada um precisa de um tempo específico de descanso, mas a maioria das pessoas necessita de algo entre entre sete e nove horas de sono, de acordo com Matthew Walker, diretor do Centro de Ciência do Sono Humano, órgão da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos.

Mas, se você sente sua atenção alterada, tem problemas de memória e acorda cansado, é sinal de que não está dormindo tanto quanto precisa.

Quer algumas provas científicas para investir na qualidade do seu sono? VivaBem selecionou 12 motivos que vão fazer você ir para a cama mais cedo todos os dias e dar mais valor ao seu colchão.

Acordar várias vezes à noite tem relação com transtorno bipolar e depressão

Após analisar padrões de atividade e repouso diurnos e noturnos em mais de 90 mil pessoas, pesquisadores da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, descobriram uma forte ligação entre os ciclos de sono interrompidos e maior risco de distúrbios de humor, como transtorno bipolar e depressão. O estudo, publicado no periódico The Lancet Psychiatry, não encontrou provas de que o sono interrompido realmente causa esses distúrbios, mas a descoberta reforça a ideia de que essa associação existe e fornece evidências de que ritmos alterados de atividade de repouso também estão ligados a queda no bem-estar e habilidade cognitiva.

Uma noite sem dormir já acumula proteína ligada ao Alzheimer no cérebro

Uma pesquisa publicada em abril no periódico Proceedings Of The National Academy Of Sciences mostrou que quanto menos as pessoas dormiam, maior era o acúmulo de beta-amiloide no cérebro. Embora os cientistas ainda não tenham certeza sobre como o Alzheimer comece, o acúmulo de proteínas beta-amiloides e tau no cérebro —levando a uma quebra nas funções normais do órgão— é uma das principais características da doença. De acordo com os pesquisadores, os resultados destacam os efeitos do sono na função cerebral e podem ser relevantes para futuros tratamentos e prevenções do Alzheimer.

Cientistas encontraram associação entre sono e proteínas ligadas ao Alzheimer Imagem: iStock

Quem dorme mal tem risco até 123% maior de sofrer acidente

A sonolência excessiva traz prejuízos cognitivos e faz com que você tenha um risco maior de causar um acidente de automóvel devido ao cansaço, de acordo com um estudo publicado na BMC Medicine. O problema é que pessoas cronicamente privados de sono não costumam se perceber assim, apesar do declínio contínuo no desempenho. Isso resulta em uma alta do risco de acidentes automobilísticos em indivíduos exaustos. A apneia obstrutiva, por exemplo, um distúrbio crônico no qual a respiração começa e para repetidamente durante o sono, reduzindo drasticamente sua qualidade e aumentando a sonolência, foi associada a um aumento de 123% no risco de acidente automobilístico. Além disso, dormir apenas seis horas por noite foi associado a um aumento de 33% no risco de acidente, comparado com quem dorme sete ou oito horas.

Dormir mal aumenta o risco de hipertensão, infarto e AVC

Quem dorme menos de cinco horas, em média, tem mais problemas de hipertensão, maior risco de infarto do miocárdio e de acidente vascular cerebral (AVC), diz uma recomendação divulgada pela NSF (National Sleep Foundation), dos Estados Unidos. Nas fases profundas do sono, os hormônios que controlam a circulação sanguínea são produzidos. Se você dorme mal, o nível dessas substâncias cai e o fluxo sanguíneo é afetado. Isso acontece pois o sistema nervoso simpático não é desligado, ou seja, o corpo entende que o cérebro e o coração não devem descansar e mantém a pressão arterial e a frequência cardíaca elevadas.

Ficar sem dormir tem o mesmo efeito no cérebro que beber demais

Privar-se de sono enfraquece o funcionamento dos neurônios, podendo causar lapsos de memória e problemas de concentração, da mesma forma que alguém bêbado, de acordo com um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. A pesquisa descobriu que ficar sem dormir interfere na habilidade dos neurônios em traduzir o que está sendo visto em pensamentos coerentes, da mesma forma que um motorista cansado demora para reagir a um pedestre atravessando a rua.

Dormir pouco está ligado a ganhar 3 cm de cintura

Um estudo publicado no periódico Plos One em agosto de 2017 mostrou que dormir apenas seis horas por noite pode fazer com que você ganhe três centímetros de cintura, mesmo se estiver fiel à dieta. No trabalho científico foram analisados relatos de 1.615 adultos do Reino Unido, com idades entre 19 e 65 anos, que completaram questionários sobre seu sono e alimentação. Os cientistas também registraram a pressão dos voluntários e a circunferência abdominal. Para a tristeza de quem tem poucas horas com a cabeça no travesseiro, o estudo descobriu que aqueles que dormem seis horas ou menos por noite tinham medidas de cintura até três centímetros maiores do que quem dormia por nove horas.

Dormir durante o dia também engorda

O problema não é só em quem dorme de menos. Ficar tempo demais na cama ou tirar cochilos vespertinos também têm influência na circunferência abdominal. Um estudo feito com mais de 120 mil pacientes identificou quatro fatores que relacionam o déficit de qualidade de sono com a obesidade: dormir menos do que 7 ou mais do que 9 horas por dia; trocar a noite pelo dia; cochilar durante o dia; e ter hábitos noturnos.

Sono faz você brigar mais com seu parceiro

Um estudo da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, mostrou que parceiros que não estavam com sono em dia são mais propensos a serem hostis um com o outro. "Quando as pessoas dormem pouco, é mais fácil olhar para o mundo através de óculos escuros", disse Janice Kiecolt-Glaser, diretora do Ohio State Institute for Behavioral Medicine Research ao New York Times. "Acabamos ficando mais loucos, e essa falta de sono e de tato machuca o relacionamento."

A pesquisa ainda descobriu que, após as brigas, as pessoas também tinham níveis mais altos de proteínas inflamatórias no sangue que são associadas a doenças cardíacas, câncer, entre outros problemas de saúde.

Dormir tarde aumenta risco de morte prematura

Pessoas que dormem tarde e têm dificuldades para acordar de manhã têm risco maior de morrer de forma prematura, segundo um estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. A pesquisa analisou dados de 433 mil pessoas com idade entre 38 e 73 anos, e concluiu que aquelas que se definem como "noturnas" têm 10% mais chances de sofrerem uma morte prematura do que aquelas que se dizem "diurnas". Além disso, quem acorda mais tarde tem uma tendência maior de ter problemas físicos ou mentais.

Dormir tarde aumenta risco de morte prematura Imagem: iStock

Soneca longa no fim de semana pode reduzir danos de ficar sem dormir

Uma pesquisa publicada no periódico Journal of Sleep Research descobriu que adultos com menos de 65 anos que dormiam cinco ou menos horas por dia tinham 65% mais chances de morrer do que aqueles que dormiam seis ou sete horas. No entanto, a pesquisa mostrou que indivíduos que dormiam poucas horas durante a semana e tinham uma soneca longa nos fins de semana não apresentaram maior risco de mortalidade. A redução dos danos ocorreu naqueles que dormiram cinco ou menos horas durante a semana, mas conseguiram ter oito ou mais horas de sono no final de semana.

Dormir pouco afeta os genes

Segundo estudos realizados pelo pesquisador Paul Franken, do Centro de Genômica Integral da Universidade de Lausanne, na Suíça, dormir a metade do tempo necessário pode chegar a alterar até 80% do transcriptoma —o conjunto de genes que estão se expressando em um dado momento em uma célula. Isso demonstra que "os efeitos de um sono insuficiente no nosso sistema genético são muito maiores do que o que sabíamos até agora", disse, durante um simpósio sobre estas patologias organizado pela Fundação Ramón Areces e o Instituto de Investigações do Sono, na Espanha.

Dormir menos que o necessário aumenta risco de diabetes tipo 2

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que a privação do sono causa maior resistência à insulina. De acordo com os cientistas, a culpa está em dois hormônios: a testosterona e o cortisol. A testosterona é o principal hormônio anabólico, ou melhor, que constrói músculos, enquanto o cortisol —muitas vezes chamado de "hormônio do estresse"— ajuda a quebrar as reservas de energia e gordura para o organismo usá-las. Após a falta de sono, esses hormônios ficam desregulados no corpo, causando a resistência à insulina e aumentando o risco de diabetes tipo 2 —pelo menos em homens.

*Com informações de matéria publicada em maio de 2018

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