Lições para pensar melhor e ter mais foco, segundo psicóloga de Yale

No seu mais recente livro, intitulado "Como Pensar de Forma Direta e Inteligente" (Editora Cultrix), lançado em maio, a professora Woo-kyoung Ahn, da Universidade Yale (EUA), apresenta abordagens úteis para otimizar a forma como pensamos e enfrentamos desafios cognitivos.

Woo-kyoung Ahn mescla princípios da psicologia cognitiva com analogias acessíveis, visando ajudar aqueles que desejam aprimorar seu pensamento crítico e tomar decisões mais conscientes e assertivas. É uma maneira eficaz de tornar conceitos complexos mais compreensíveis e aplicáveis no dia a dia.

Algumas de suas abordagens no livro:

Pensamento apressado: é uma armadilha comum que pode nos levar a tomar decisões precipitadas. Quando agimos com base na primeira ideia que surge, corremos o risco de ignorar informações importantes ou considerar apenas uma parte do quadro geral. É importante cultivar a habilidade de pausar, refletir e considerar diferentes perspectivas antes de tomar decisões importantes.

Falácia do planejamento: outra armadilha discutida no livro, ela nos leva a subestimar o tempo, os custos e os riscos envolvidos em tarefas futuras. O excesso de confiança e a ilusão de fluência podem nos fazer acreditar que tudo será mais rápido e fácil do que realmente é. Mas é importante lembrar que o planejamento realista e a consideração cuidadosa dos detalhes são essenciais para evitar surpresas desagradáveis.

Viés de negatividade: é um fenômeno que afeta percepção e memória. Basicamente, o cérebro tende a dar mais atenção e importância a experiências e informações negativas do que às positivas. Embora possa nos proteger em situações extremas, é inútil no dia a dia. Focar primeiro nos problemas e resolvê-los é uma estratégia útil. No entanto, precisamos aprender a equilibrar o impacto desproporcional do negativo para evitar distorções em nossa visão de mundo.

Portanto, repensar nossos hábitos cognitivos e adotar uma abordagem mais consciente, como prega o livro, pode nos ajudar a pensar com mais clareza e foco. Além disso, definir metas claras e praticar o hiperfoco são estratégias adicionais para melhorar nossa capacidade de concentração e tomada de decisões.

Livros de autoajuda ajudam mesmo?

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Imagem: Getty Images
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Na lista de livros mais vendidos no Brasil e no mundo estão os de autoajuda, seguidos pelos de finanças pessoais. O segredo para fazerem tanto sucesso? Um mix de variedade, preços relativamente acessíveis e promessas de múltiplos benefícios.

Experiências, superações e estratégias pessoais contidas neles, por exemplo, são empregadas para alguém se encorajar, se conhecer melhor, contornar infortúnios, saber lidar com os outros, ampliar habilidades.

Mas livros de autoajuda devem ser encarados apenas como meios de se obter informação, cultura e entretenimento, o que cabe a todos os livros. Sem intervenção de profissionais, não tratam a raiz de nenhum problema, explica Danielle Figueiredo, psicóloga no Hospital São Rafael, da Rede D'Or, em Salvador.

Esses livros não substituem o trabalho feito por psiquiatras, que são habilitados em diagnosticar pacientes, prescrever medicamentos, se necessário, e por psicólogos, que ajudam a analisar e compreender o que se sente e vivencia, para solucionar muitas situações que sozinho não se consegue. "Dão suporte individualizado, pois cada sujeito é único e porta uma subjetividade singular, complexa, intensa", diz Figueiredo.

Mas os livros têm, sim, pontos positivos. Podem propor reflexões, servir, embora passageiramente, para satisfazer e elevar o humor e serem úteis para iniciantes em leituras, sobretudo de temas direcionados a comportamentos humanos. Assim, há chance de se despertar um interesse verdadeiro pelo assunto, compreender um pouco melhor alguns termos, e até levar a investigações ou mesmo motivar uma iniciativa de se procurar ajuda especializada.

*Com informações de reportagem publicada em 18/04/2022

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