Mais inteligentes e curiosas: crianças de hoje são da geração alfa
Colaboração para VivaBem*
05/07/2024 13h20
As crianças nascidas a partir de 2010 fazem parte da geração alfa e ainda sonham em ser médicas ou dentistas quando crescerem —mas também querem fazer robôs.
Crianças dessa geração são mais autônomas e frequentemente desafiadoras. Precisam de outros estímulos que incitem seu lado criativo e imediatista.
"A geração alfa já nasceu com a tecnologia inserida em seu contexto diário, mas também adoram o brincar desconstruído", afirma Elisabete da Cruz, pedagoga com especialização em educação transdisciplinar, autora de literatura infantil e infanto-juvenil. "O que observo é esse brincar precisa ser mais instigante. Elas não gostam do jogo pronto, mas da possibilidade de criar suas próprias regras", continua.
Segundo a neuropsicopedagoga Viviani Zumpano, a lição mais importante que os pais podem ensinar aos filhos pertencentes à geração alfa é a de saber equilibrar as relações tecnológicas e presenciais. "Entender que não podemos banir a tecnologia de nossas vidas, mas fazer dela ferramenta que nos ajuda a ler o mundo", aconselha.
Conectadas desde cedo
Como a tecnologia faz parte dessa geração, cabe aos pais o papel de não cercear, e sim auxiliar seus filhos a utilizar a tecnologia com equilíbrio, defende Zumpano.
Os pais podem ensiná-los a estabelecer uma relação de 'usuário e consumidor consciente' dos meios tecnológicos desde cedo, pois eles impactam diretamente nas relações sociais e acadêmicas que os filhos estabelecerão por toda a vida. Viviani Zumpano, neuropsicopedagoga
Ela explica que, devido à intensa influência tecnológica, as crianças alfa são muito inteligentes, curiosas, multitarefas e têm intensa necessidade de interagir, inventar e se conectar. "Boa parte das brincadeiras são realizadas por meio da tecnologia, ou seja, os amigos podem ser virtuais ou não, mas o meio de relação entre eles é o mesmo: a tecnologia."
A exposição intensa, entretanto, gera dificuldades de concentração, atenção, memória e irritabilidade, problemas ocasionados por isolamento social e pela instabilidade do sono.
O que não podemos perder de vista é que somos seres humanos geneticamente sociais e apesar dos relacionamentos interpessoais se darem também por meio da tecnologia, necessitamos do afeto físico. Nossas crianças precisam ser educadas também para se relacionar de forma física. O afeto ultrapassa as telas de computadores e dispositivos móveis. Viviani Zumpano, neuropsicopedagoga
Nem herói, nem vilã, só a realidade
O que muito se discute entre os pais é se limitar o tempo de tela é necessário. A pedagoga Elisabete da Cruz destaca a importância da família para estabelecer regras. "A criança não tem discernimento do que é bom para ela, a família é seu norteador. Os limites são necessários para seu crescimento como ser humano", diz.
Não existe uma quantidade de horas pré-determinadas, porque cada família tem sua própria rotina. Acredito no equilíbrio. Brincar, comer, se exercitar, usar o tablet ou celular, assistir a um filme, ler um livro. A vida tem nos mostrado que o equilíbrio é o caminho. Opte pelo equilíbrio e não deixe de acompanhar as atividades que a criança tem tido acesso. Elisabete da Cruz, pedagoga
Para as especialistas, é necessário pensar também no conteúdo a ser acessado pelas crianças. Estar atento, acompanhar, buscar informações sobre a programação, limitar acessos e principalmente fazer parte disso.
Outro conselho da pedagoga Elisabete da Cruz é usar a tecnologia a seu favor, promovendo atividades fora da tela, mas usando suas referências. "Frequente mais a cozinha, faça receitas encontradas nos aplicativos e coloque a criança para cozinhar com você. Faça atividades manuais, brincadeiras, jogos. A felicidade está nas coisas simples, então, descomplique", diz.
*Com informações de reportagem publicada em 12/10/2020