Juliana Paes tem gêmeos de pais diferentes em série; isso é possível?

Uma mulher pode ter gêmeos de pais diferentes? Na nova série da Netflix "Pedaço de Mim", a personagem interpretada por Juliana Paes tem gêmeos, na mesma gestação, de pais diferentes. Com 17 episódios, o programa estreou na plataforma nesta sexta-feira (5).

Na vida real, os registros da chamada superfecundação heteropaternal existem, mas são raros. Ela pode ocorrer tanto pela fertilização in vitro quanto de forma natural. Mas existem algumas condições para que isso seja possível:

A mulher precisa liberar dois óvulos durante o mesmo ciclo menstrual.

Ela precisa fazer sexo com ao menos dois homens diferentes durante o período fértil (que dura cerca de cinco dias).

Os espermatozoides de ambos os pais precisam fecundar os óvulos, e os embriões precisam se desenvolver de forma adequada.

Casos reais

No ano passado, uma mulher contou que deu à luz gêmeos de pais diferentes na cidade de Mineiros (GO). As dúvidas sobre a paternidade começaram quando as crianças tinham oito meses e um teste de DNA comprovou o caso.

Em 2016, um casal vietnamita descobriu que as crianças eram de pais diferentes quando elas tinham dois anos. O casal imaginava que algum deles havia sido trocado na maternidade.

Em 2009, uma mulher norte-americana contou na TV que descobriu que os filhos gêmeos não eram do mesmo pai após desconfiar como os dois eram diferentes e fazer um teste de DNA.

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Quais as chances da superfecundação heteropaternal acontecer?

Ter gêmeos de pais diferentes é tão raro que pode ser considerado quase como ganhar na loteria.

A liberação de dois óvulos por ciclo menstrual não é incomum dada a quantidade de gêmeos não-idênticos que existem (quando dois gametas diferentes são fecundados dando origem a dois fetos). A incidência de gêmeos de qualquer tipo na população geral é de um a cada 80 partos.

Por outro lado, há apenas 10% de chance de um óvulo ser fecundado no período fértil e apenas parte dos embriões consegue se implantar no útero e se desenvolver.

É possível engravidar com uma gestação já em curso?

Casos em que mães tiveram um óvulo fecundado mesmo com um embrião já em desenvolvimento no útero existem e se chamam superfetação. Isso faz com que os gêmeos tenham semanas de diferença gestacional.

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Entretanto, esses casos são tão raros que alguns especialistas questionam sua existência. Essa condição traz risco para o feto e a mãe, em especial, no caso de gestações fora do útero, chamadas de ectópicas.

Após a fecundação, os hormônios femininos agem para que não aconteça uma nova gravidez e, assim, proteger a que está em andamento.

Em seres humanos, a superfetação é uma anomalia, mas o fenômeno foi reportado em outros animais, como texugos, panteras e cangurus.

O caso mais famoso de superfetação é o da americana Julia Grovenburg. Em 2009, ela deu à luz duas crianças com duas semanas e meia de diferença.

O fenômeno pode ter relação com tratamentos para estimular a ovulação, que podem afetar a fisiologia feminina. Também pode ocorrer em mulheres com dois úteros.

Fontes: Arnaldo Cambiaghi, da clínica IPGO; Jerry Borges, professor da Universidade Federal de Lavras e especialista em embriologia

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*Com informações de reportagem de 2021.

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