Cientistas descobrem o que acontece com o 'lixo' produzido no cérebro
Resíduos metabólicos produzidos no cérebro são eliminados principalmente através do sistema linfático, segundo estudo publicado na revista Nature, em 28 de fevereiro.
Esse sistema, que antes se pensava estar ausente no cérebro, foi encontrado em camundongos e humanos. Ele remove proteínas e outras substâncias tóxicas, ajudando a manter o cérebro saudável.
Basicamente, durante o sono, ondas elétricas cerebrais movimentam o fluido ao redor das células, impulsionando-o do "limbo" cerebral até a superfície. Nesse processo, os resíduos desse fluido são absorvidos pela corrente sanguínea, que os transporta para o fígado e os rins, onde começam o trajeto para serem eliminados do corpo.
Essa descoberta tem implicações importantes para a compreensão de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. O acúmulo de proteínas tóxicas (como a beta-amiloide e a TAU) no cérebro está associada a essas condições, e entender como esse "lixo" metabólico é eliminado pode levar a novas estratégias de tratamento para doenças cerebrais.
Membrana impede que líquido 'limpo' entre em contato com o 'sujo'
Uma membrana, chamada de SLYM (Subarachnoid Membrane Lymph Type, ou Membrana Subaracnoide do Tipo Linfático, em tradução livre), pode atuar como uma barreira para proteger os neurônios e as demais células nervosas.
Um estudo, publicado em 2023 no periódico Science, diz que provavelmente a SLYM atue como uma barreira entre o líquido "limpo", que entra no cérebro, e o "sujo", que sai do órgão, arrastando resíduos de proteínas com ele.
A membrana foi descrita pela primeira vez em camundongos, mas os pesquisadores dizem que mais tarde foram capazes de detectá-la também em cérebros humanos doados para pesquisa.
Estudos só avançam
Há dez anos, a mesma equipe de neurocientistas do estudo da Science publicou a descoberta do chamado sistema glinfático, que é uma extensão do sistema linfático e que atua especificamente no cérebro.
A função desse sistema é justamente eliminar ou limpar os resíduos que se acumulam no órgão. Na época, eles já notaram que esse material incluía as proteínas beta-amiloide e TAU, envolvidas na doença de Alzheimer e que se acumulam no cérebro dos pacientes acometidos por esse tipo de demência.
Desde então, várias equipes de especialistas vêm realizando estudos para desvendar exatamente como funciona o sistema glinfático, por que ele falha algumas vezes e o que acontece no cérebro desses indivíduos acometidos pelas doenças neurodegenerativas.
*Com informações de reportagem publicada em 21/01/2023
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