Inverno implacável: aprenda as diferenças entre bronquite, pneumonia e asma

Devido às baixas temperaturas, à redução da umidade do ar e à maior circulação de vírus, bactérias e alérgenos, em grande parte por falta de cuidados, como manter ambientes arejados, evitar aglomerações e lavar as mãos regularmente, muitas pessoas adoecem na época do inverno; no Brasil, entre junho e setembro.

As doenças respiratórias mais comuns durante o clima frio e seco incluem:

Resfriados e gripes: infecções das vias respiratórias superiores causadas por vírus, com sintomas como febre, coriza e dor de garganta;

Rinite: inflamação da mucosa nasal devido a reações alérgicas, com espirros e coceira;

Sinusite: inflamação dos seios da face, causando dor na região facial e secreção nasal;

Bronquite, pneumonia e asma: "Três patologias perigosas que envolvem o tecido pulmonar e as vias aéreas responsáveis pela troca gasosa do organismo, exigindo diferenciação correta", explica Cícero Matsuyama, otorrinolaringologista do Hospital Cema (SP). É que muitas vezes elas se "misturam", por assim dizer. Uma pode evoluir para outra ou afetar as mesmas áreas (pulmão e brônquios).

Qual a diferença entre as três doenças?

A bronquite é um processo inflamatório que acomete os brônquios por origem viral, bacteriana, alérgica ou química (essa última, pela inalação de substâncias tóxicas ou irritantes, de fumaça, poluentes ou tabagismo). Pode ser aguda ou crônica e evoluir para pneumonia, ou somar-se a ela, gerando, por exemplo, uma broncopneumonia, que é quando são afetados brônquios e pulmão.

São sintomas de bronquite: tosse seca ou com catarro, chiado e dor no peito ao respirar, falta de ar ou dificuldade para respirar, cansaço e febre baixa.

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A pneumonia, por sua vez, é mais grave do que a bronquite. "Acomete o pulmão, é geralmente infecciosa, provocada por vírus e bactérias (como influenza, coronavírus e pneumococo, respectivamente), mas pode ter causas não infeciosas, como quando é aspirativa, por exemplo", esclarece Antonio Bruno Castro Magalhães Valverde, pneumologista do Hospital Aliança, em Salvador.

São sintomas de pneumonia: variam de acordo com o tipo de microrganismo, idade e estado de saúde. Porém, os mais comuns são dificuldade para respirar ou falta de ar, respiração acelerada, febre acima de 38ºC, tosse seca ou com catarro esverdeado ou sangue, dor no peito, suor noturno, dor de cabeça e cansaço.

"Já a asma acomete somente as vias aéreas, pelo menos no início do processo. Tem inúmeras causas, como quadros emocionais, alérgicos, fúngicos, virais e bacterianos, acometendo principalmente indivíduos previamente suscetíveis", informa o otorrino do Cema, acrescentado pelo pneumologista de Salvador: "É um tipo de bronquite crônica e geralmente a pessoa nasce com ela. Uma crise de asma pode facilitar de se adquirir pneumonia, que também é um gatilho para ela."

São sintomas de asma: são parecidos com os da bronquite (tosse, falta de ar, prostração, chiado no peito) e se iniciados na primeira infância, tendem a melhorar entre 7 anos e 12 anos, podendo retornar em qualquer idade —mas em algumas pessoas nunca cessam. A presença de febre indica infecção associada.

Diagnóstico certo evita complicações

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De acordo com Vinicius José Anacleto, pneumologista da Santa Casa de São José dos Campos (SP), o diagnóstico, nas três condições (bronquite, pneumonia e asma), é feito de forma clínica (durante a avaliação do paciente com o médico, em consultório), mas há exames que ajudam a elucidar melhor, como raio-X de tórax, exame de prova de função pulmonar e tomografia computadorizada torácica.

"Das três, a mais comum em crianças é a asma. Em idosos, a pneumonia, mas há casos comuns de bronquite e pneumonia circulando pelas duas faixas etárias. Todas têm seus riscos, lembrando que a asma mata, é uma doença extremamente perigosa, e a pneumonia também e pode virar sepse, que seria a bactéria se espalhar pelo corpo e ocasionar falência de múltiplos órgãos", continua Anacleto.

Não é só. Bronquite crônica e asma ainda podem estar relacionadas à DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).

"Na asma, costuma ser mais frequente a evolução para DPOC ou sobreposição quando não bem assistida por profissionais competentes", afirma Cícero Matsuyama. Já a bronquite crônica pode envolver obstrução das vias aéreas por exposição à fumaça de cigarro ou outras toxinas.

Tratamento envolve antibióticos e vacinas

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Por todas terem seu grau de gravidade, devem ser tratadas o quanto antes. Casos "fáceis" podem ser administrados em casa, enquanto os mais graves exigem internação hospitalar e medicamentos intravenosos. "O que guia o médico são os sintomas e o histórico do paciente. Em geral, asma e bronquite são tratadas com dispositivos inalatórios, e pneumonia bacteriana com antibióticos", diz Anacleto.

A asma é uma doença que apresenta diversas intensidades, normalmente de curso crônico, e pode evoluir com sequelas e morte nos casos mais graves.

A pneumonia, desde que o paciente esteja com sua resposta imune adequada, é tratada com boa evolução, raramente cursando para forma grave.

E a bronquite, excluindo a forma crônica, costuma evoluir bem na forma aguda, em até 15 dias.

"Para idosos, crianças na primeira infância e pacientes imunossuprimidos (com defesa imunológica baixa), há vacinas que ajudam diminuindo os riscos de pneumonias graves. Como também há vacinas para vírus, que muitas vezes não causam pneumonia, mas podem facilitar para bactérias oportunistas", explica o pneumologista Antonio Valverde, ressaltando sobre a importância de se fazer visitas periódicas a especialistas, visando sobretudo uma boa recuperação.

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