Unhas perfeitas, riscos ocultos: como a manicure pode afetar a saúde

No Egito, arqueólogos já encontraram múmias de 5.000 anos a.C. com unhas douradas e as pontas dos dedos tingidas de henna, um corante usado em tatuagens temporárias. Na China, por volta de 3.000 anos a.C., acredita-se que tenha surgido os primeiros esmaltes e as primeiras unhas postiças. As unhas eram símbolo de status, e quanto mais bem cuidadas, mais nobre a pessoa era.

Como se vê, o hábito de cuidar das unhas é tão antigo que é impossível precisar quando começou. Sabemos que se popularizou pelo mundo como uma prática comum e, em geral, não é prejudicial à saúde, desde que sejam tomados alguns cuidados, como adotar práticas seguras, procurar profissionais qualificados e utilizar produtos de boa qualidade para minimizar potenciais problemas de saúde.

Na verdade, não é necessário fazer as unhas, acabamos fazendo por uma questão estética e cultural, para embelezá-las. E criança nem deve fazê-las. Na adolescência, a partir dos 13 anos, ou até antes, as meninas já querem, mas o ideal é que as mães posterguem essa questão ao máximo. Ana Carolina Sumam, dermatologista pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

O que não fazer com as unhas

Além de não roer as unhas (pois prejudica o crescimento e a aparência delas, além de inflamar), quem gosta de fazê-las não deve tornar isso frequente e pior, retirar, ou mexer demais nas cutículas. É que elas servem como uma barreira natural para a matriz ungueal, que é a parte mais esbranquiçada próxima à raiz das unhas, protegendo sua entrada de agentes infecciosos (fungos e bactérias).

Tem mais. Não agir por conta própria se tiver dificuldade, falta de habilidade, para fazer as unhas, e tendência a se machucar. "Também não é bom trocar de esmalte toda hora, por ter muita química, e remover com acetona, que é agressiva demais para as unhas. Para quem usa unhas em gel, não dá para ficar com o prazo de manutenção vencido, pois dá problema", elenca a podologista Marta Botelho.

E não é só as mãos, atenção igual aos pés. Por ficarem escondidos dentro de calçados a maior parte do tempo, muitas pessoas tendem a negligenciá-los. Não cuidam de suas unhas, que podem estar grandes demais ou cortadas de forma irregular, encravadas, com sujeira, presença de micoses, além de problemas relacionados a traumas por batidas e atividades como corrida e caminhada.

Problemas ligados à área de beleza

Imagem
Imagem: Pixabay
Continua após a publicidade

Se os instrumentos utilizados por você ou pela manicure/pedicure não estiverem devidamente esterilizados, há risco de infecções nas unhas ou na pele ao redor delas e até de transmissão de vírus, como o das hepatites B e C.

Por isso, faça sua parte e, fora de casa, certifique-se de que o salão e/ou o profissional também seguem práticas de higiene adequadas. Ou então leve seu próprio material, como alicate, lixa, espátula, palito, toalhinha e ainda esmalte, orienta Marta Botelho.

Sobre a remoção das cutículas, Ana Roberta Figueiredo, dermatologista da Rede D'Or de Pernambuco, explica que, além do risco de inflamações e infecções, caso ocorra um dano por trauma ou doença na matriz da unha ela poderá crescer deformada ou até cair e não crescer mais. "Danos à estrutura da unha também podem ocorrer pela aplicação repetida de unhas artificiais", continua a médica.

O uso frequente de esmaltes enfraquece as unhas, tornando-as suscetíveis a quebras e descamação. A exposição a sua química pode gerar reações alérgicas, como coceira, vermelhidão e inchaço. Já a acetona retira água, oleosidade e nutrientes, comprometendo a queratina da unha. O mais recomendável é usar removedor específico, esperar uns dois dias e fazer a unha com um profissional.

Unhas demandam o básico

Imagem
Imagem: Natália Eiras
Continua após a publicidade

O principal cuidado que se deve ter em relação às unhas é sempre hidratá-las, com cremes e óleos, asseguram as fontes consultadas. O ideal também é mantê-las curtas, cortadas ou lixadas, para diminuir as sujidades sob elas. Se possível, evite aplicar esmaltes ou no caso de se usar, não ficar com eles nas unhas por muito tempo, depois remover todos os resíduos e, por fim, fazer uma hidratação.

Pessoas com diabetes precisam de cuidados especiais com as unhas, sobretudo às dos pés, devido a algumas complicações associadas à doença. "Por serem mais suscetíveis a infecções, não devem retirar cutículas" alerta a dermatologista Ana Carolina Sumam. Complementarmente devem verificar com regularidade a presença de calosidades, bolhas, micoses, ressecamentos ou feridas nos pés.

Cortes de unha com formato reto evitam que elas encravem, principalmente nos pés, informa a dermatologista Ana Roberta Figueiredo. De acordo com ela, Sumam e a podologista Marta Botelho, unhas com aspecto natural e simplificado estão em alta entre celebridades e na moda. Para quem quer saber mais a respeito, a tendência pode ser pesquisada em sites de beleza e nas redes sociais como "nonicure" ou #nakednails.

Deixe seu comentário

Só para assinantes