Roupa da cama nova: é necessário lavar lençóis novos antes de usar?
Colaboração para VivaBem*
11/07/2024 19h01
Não pense que somente as roupas de cama que usamos no dia a dia precisam ser lavadas. As novas, que ainda nem mesmo saíram de dentro da embalagem, também. O motivo é que podem provocar problemas respiratórios e intoxicações.
Segundo Juliana Toma, dermatologista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), os tecidos em geral, incluindo até os que são feitos de material natural, como algodão e linho, podem receber uma variedade de tratamentos químicos, principalmente durante seu processo de confecção, seja para ganhar cores, prevenir manchas e amarrotados ou garantir resistência a agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos) durante o armazenamento, que também oferece riscos se não seguir as normas sanitárias.
Quais as áreas do corpo mais vulneráveis?
Segundo Damaris Ortolan, dermatologista da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), quando as substâncias químicas aplicadas nos tecidos prejudicam a pele, o que mais se observa são sintomas de coceira intensa e erupções que podem evoluir para feridas.
As áreas mais afetadas costumam ser as que têm maior contato com a roupa de cama e transpiram, pois quando o suor entra em contato com corantes, por exemplo, o efeito obtido é como se eles estivessem sendo diluídos em água e acabam sendo liberados em maior quantidade.
Pessoas que já desenvolveram alergias a determinado componente têm a possibilidade de desenvolver outras ou até piorar algo já existente. Fibras têxteis sintéticas, por exemplo, como poliamida e poliéster, podem agravar ainda mais um quadro de dermatite em andamento, por causa da fricção com a pele.
Formol prejudica a pele e as vias respiratórias
Além dos problemas causados pelo emprego de tinturas químicas e anilinas, que se deixarem resíduos nas roupas de cama também podem provocar, em casos mais graves, queimaduras de pele, outro motivo de preocupação é o formol (formaldeído).
Embora controlado em diversos países, sua toxicidade é elevada e ele pode ser aplicado na forma de resinas durante o processo de elaboração das peças.
"A maioria das pessoas não apresenta reações a essa substância, que tem cheiro forte e é conhecida por suas propriedades conservantes e antibacterianas, mas elas podem ocorrer, ainda mais se for constatada sensibilidade ou predisposição a ter alergia de pele", conta Juliana Toma.
A especialista acrescenta que mesmo exposições a um baixo nível de formol podem ser suficientes para desencadear erupções cutâneas desconfortáveis ou quadros mais graves, como eczemas com crostas e bolhas em diferentes áreas do corpo.
Em se tratando do sistema respiratório, o formol quando inalado também pode desencadear processos inflamatórios nas vias áreas, além de espirros, coceira e ressecamento das mucosas. Em situações mais graves, provoca tosse, falta de ar, queimação pelo corpo e intoxicações.
Lavagem remove maior parte dos perigos
Para se ver livre dos problemas de saúde atrelados às roupas de camas novas, a solução é simples: é só lavá-las. Se for lavar junto com outras peças antigas, verifique antes se ela libera cor quando molhada. Em caso positivo, lave-a separadamente.
Também se atente às etiquetas para entender como a roupa de cama pode ser higienizada: em água quente ou fria, se aceita ou não alvejante e se pode ser passada a ferro.
Em geral, boa parte dos fungos, bactérias, ácaros e substâncias químicas vai embora com apenas uma lavagem. Ana Carolina Rozalem Reali, pediatra, alergista e imunologista pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp
A dermatologista Juliana Toma complementa que, se mesmo assim, forem notados sintomas como coceira, vermelhidão e ressecamento da pele, o melhor é verificar a água de enxágue e, se necessário, lavar a roupa mais uma vez. Se não funcionar, o certo é procurar um médico.
*Com informações de reportagem publicada em 13/05/2020