Roupa da cama nova: é necessário lavar lençóis novos antes de usar?

Não pense que somente as roupas de cama que usamos no dia a dia precisam ser lavadas. As novas, que ainda nem mesmo saíram de dentro da embalagem, também. O motivo é que podem provocar problemas respiratórios e intoxicações.

Segundo Juliana Toma, dermatologista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), os tecidos em geral, incluindo até os que são feitos de material natural, como algodão e linho, podem receber uma variedade de tratamentos químicos, principalmente durante seu processo de confecção, seja para ganhar cores, prevenir manchas e amarrotados ou garantir resistência a agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos) durante o armazenamento, que também oferece riscos se não seguir as normas sanitárias.

Quais as áreas do corpo mais vulneráveis?

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Segundo Damaris Ortolan, dermatologista da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), quando as substâncias químicas aplicadas nos tecidos prejudicam a pele, o que mais se observa são sintomas de coceira intensa e erupções que podem evoluir para feridas.

As áreas mais afetadas costumam ser as que têm maior contato com a roupa de cama e transpiram, pois quando o suor entra em contato com corantes, por exemplo, o efeito obtido é como se eles estivessem sendo diluídos em água e acabam sendo liberados em maior quantidade.

Pessoas que já desenvolveram alergias a determinado componente têm a possibilidade de desenvolver outras ou até piorar algo já existente. Fibras têxteis sintéticas, por exemplo, como poliamida e poliéster, podem agravar ainda mais um quadro de dermatite em andamento, por causa da fricção com a pele.

Formol prejudica a pele e as vias respiratórias

Além dos problemas causados pelo emprego de tinturas químicas e anilinas, que se deixarem resíduos nas roupas de cama também podem provocar, em casos mais graves, queimaduras de pele, outro motivo de preocupação é o formol (formaldeído).

Embora controlado em diversos países, sua toxicidade é elevada e ele pode ser aplicado na forma de resinas durante o processo de elaboração das peças.

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"A maioria das pessoas não apresenta reações a essa substância, que tem cheiro forte e é conhecida por suas propriedades conservantes e antibacterianas, mas elas podem ocorrer, ainda mais se for constatada sensibilidade ou predisposição a ter alergia de pele", conta Juliana Toma.

A especialista acrescenta que mesmo exposições a um baixo nível de formol podem ser suficientes para desencadear erupções cutâneas desconfortáveis ou quadros mais graves, como eczemas com crostas e bolhas em diferentes áreas do corpo.

Em se tratando do sistema respiratório, o formol quando inalado também pode desencadear processos inflamatórios nas vias áreas, além de espirros, coceira e ressecamento das mucosas. Em situações mais graves, provoca tosse, falta de ar, queimação pelo corpo e intoxicações.

Lavagem remove maior parte dos perigos

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Para se ver livre dos problemas de saúde atrelados às roupas de camas novas, a solução é simples: é só lavá-las. Se for lavar junto com outras peças antigas, verifique antes se ela libera cor quando molhada. Em caso positivo, lave-a separadamente.

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Também se atente às etiquetas para entender como a roupa de cama pode ser higienizada: em água quente ou fria, se aceita ou não alvejante e se pode ser passada a ferro.

Em geral, boa parte dos fungos, bactérias, ácaros e substâncias químicas vai embora com apenas uma lavagem. Ana Carolina Rozalem Reali, pediatra, alergista e imunologista pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp

A dermatologista Juliana Toma complementa que, se mesmo assim, forem notados sintomas como coceira, vermelhidão e ressecamento da pele, o melhor é verificar a água de enxágue e, se necessário, lavar a roupa mais uma vez. Se não funcionar, o certo é procurar um médico.

*Com informações de reportagem publicada em 13/05/2020

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