Como melhorar desempenho em teste de QI e aumentar inteligência?

Uma pesquisa publicada na revista científica PNAS em 2016 indica que existe efeito placebo na melhora de resultados cognitivos de quem faz exercícios de treinamento mental.

Os pesquisadores submeteram dois grupos de 25 universitários a uma hora de exercícios de treinamento cognitivo. Um grupo não sabia qual era o objetivo dos exercícios e o outro leu um texto sobre os efeitos dos exercícios nos resultados cognitivos.

Os indivíduos que conheciam a promessa de melhora cognitiva ganharam de cinco a dez pontos em um teste de QI após os exercícios. Aqueles que não sabiam da promessa de ganho cognitivo não tiveram melhora no teste de QI.

"Este estudo mostra que pode haver um efeito placebo, mas ele não pode ser usado como tratamento", sublinha Paulo Bertolucci, pesquisador do Instituto de Memória da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

É possível se sair bem em testes?

Um estudo de 2015, conduzido por pesquisadores de psicologia da Universidade de Ohio (EUA), constatou que realizar um teste comum de raciocínio não verbal duas vezes resulta em um aumento nas pontuações equivalente a cerca de oito pontos de QI.

Partindo dessa teoria, a prática e a repetição de testes podem ter um impacto significativo no desempenho. No entanto, é esperado que haja um platô após um certo ponto. Isso ocorre porque, embora a prática inicial possa levar a melhorias substanciais, há limites para o quanto alguém pode melhorar apenas com repetição. Por isso, testes padronizados não estão disponíveis publicamente.

O segredo nesse caso é aprender a lógica por trás das perguntas dos testes. E isso vale tanto para crianças quanto para adultos. Os testes cognitivos são ferramentas para avaliar habilidades específicas, como raciocínio lógico, memória e processamento de informações. Porém, melhorar a pontuação em um teste não necessariamente reflete um aumento na inteligência geral.

Como melhorar a inteligência?

A inteligência é um conceito multifacetado e não pode ser completamente capturada por um único teste. Além disso, fatores como motivação, ambiente e experiência também desempenham um papel importante.

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Um estudo realizado em 2018 pela Universidade da Califórnia (EUA) mostra que até um estilo de vida sedentário pode impactar na inteligência. Segundo a pesquisa, a falta de exercício reduz a espessura da área do cérebro onde está o hipocampo, responsável pelo aprendizado e a memória. De acordo com os pesquisadores, a diminuição dessa região, que também ocorre com o envelhecimento, está associada a problemas como demência.

Os cientistas descobriram que quanto maior o número de horas a pessoa fica na cadeira, menor o hipocampo. Para se ter ideia, em quem permanecia cerca de duas horas sentado, a espessura da região tinha algo próximo a 3 mm. Já em quem ficava 15 horas na cadeira o tamanho era um pouco maior que 2,4 mm.

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Imagem: Getty Images

Outro exemplo da importância do exercício físico para a mente foi um estudo realizado pela Asics. A marca convidou jogadores de todo o mundo, especializados em esportes da mente, como xadrez, eSports e memorização, para iniciar um programa de exercícios físicos regulares para melhorar suas classificações no cenário internacional. O resultado foi o documentário "Mind Games - The Experiment", de 2023. Vale ressaltar que os participantes não tinham o costume de se exercitar.

Cada jogador seguiu um programa de treinamento elaborado por Andrew Kastor, corredor e técnico internacional, em que foram incluídos cardio de médio impacto, treinamento de força e aumento da carga horária de exercício dos jogadores para 150 minutos por semana.

Depois, foi avaliada a melhora mental dos integrantes com base nos desempenhos em esportes da mente, testes cognitivos e questionários de bem-estar antes, durante e depois do período de quatro meses do estudo.

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Após quatro meses de atividades físicas regulares, suas mentes foram aguçadas e eles atuaram em um nível competitivo mais alto.

Então a teoria foi provada: o exercício físico pode melhorar significativamente a função cognitiva e o desempenho mental. Desde aumentar a memória de curto prazo até ajudar nos níveis de concentração, exercitar-se aperfeiçoa o poder do cérebro e pode ser a solução para auxiliar em provas ou se destacar no trabalho.

*Com informações de reportagens publicadas em 29/04/2018, 22/01/2023, 12/08/2019

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