Microexercícios de 1 minuto já fazem bem à saúde, garante professor da USP

A recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) de 150 minutos semanais de prática de atividades físicas no tempo livre soa muito difícil para você? E que tal microexercícios, como sugere um professor de medicina da USP?

Na verdade, o correto são "snacks de exercício". Bruno Gualano, especialista em fisiologia do exercício, adaptou esse conceito, desenvolvido no Canadá por médicos do esporte em 2019, e o apresentou durante o Congresso Internacional sobre Obesidade deste ano, realizado em São Paulo entre 26 e 29 de junho.

Para ele, atividades intensas, mas curtinhas, com menos de um minuto de duração, podem ajudar a estimular a saúde e combater o sedentarismo.

"Subir lances de escada por um minuto, fazer alguns agachamentos enquanto assiste à TV ou dar breves pedaladas em uma bicicleta ergométrica são exemplos dos 'snacks de exercício'. Eles já mostraram benefícios para melhora da aptidão cardiorrespiratória e da saúde vascular mesmo em curtas durações", esclareceu o médico em comunicado à imprensa.

Atividades curtas e adaptáveis

Em 2019, um estudo revelou que subir três lances de escada (cerca de 60 degraus) apenas três dias por semana, durante dois meses, aumentou a capacidade de oxigenação em jovens. Algo benéfico para a saúde geral e que está relacionado a uma melhor função cardiorrespiratória.

Além dos ganhos físicos, os exercícios, já que são curtos, podem ser facilmente incorporados a uma rotina comum. Por exemplo, trocar a escada rolante do metrô por subir lances de degraus já é uma tática de promover a saúde metabólica e a mobilidade em longo prazo, sobretudo para quem não tem acesso à academia.

"Essas estratégias devem ser personalizadas de acordo com as necessidades e habilidades individuais, já que é difícil para pessoas por limitações físicas ou de trabalho, se movimentarem. É importante, porém, reconhecermos que qualquer movimento, mesmo por um minuto, já é benéfico na redução do comportamento sedentário", esclarece Gualano.

Seis em cada dez brasileiros não se exercitam

Um levantamento feito por pesquisadores do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica da USP, em parceria com instituições dos EUA e Noruega, foi publicado em agosto de 2023 na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde.

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O artigo apontou que cerca de 60% das pessoas são inativas fisicamente, ou seja, não praticam nenhuma atividade física.

Entre os idosos, a partir de 65 anos, são sete indivíduos em cada dez que não praticam atividade física no tempo livre.

A análise usou dados da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) de 2019, feita pelo Ministério da Saúde com uma amostra de 88.513 participantes. Esse levantamento utiliza a mesma metodologia do Censo Demográfico, do IBGE, ou seja, é representativa da população brasileira.

Segundo a OMS, 150 minutos semanais de práticas aeróbicas, como caminhada, corrida ou andar de bicicleta, e de fortalecimento muscular, como musculação, pilates ou ioga, podem contribuir para a redução da mortalidade por doenças metabólicas, cardiovasculares, alguns tipos de câncer (como mama, endométrio e próstata), além de contribuir também para o controle de peso, redução da ansiedade e outros problemas de saúde mental.

*Com informações de reportagem publicada em 11/08/2023

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