Perigo na academia: os aparelhos e treinos que podem sabotar sua saúde
Ingressar em uma academia oferece uma série de vantagens para a saúde e o bem-estar, não só de jovens, como de idosos em busca de um envelhecimento melhor. A prática regular de atividade física contribui para o fortalecimento muscular, melhora da resistência cardiovascular e aumento da flexibilidade.
Além disso, frequentar esse tipo de ambiente pode proporcionar interação com outras pessoas que compartilham dos mesmos objetivos e, por consequência, mais motivação. A presença de profissionais qualificados também é outro diferencial, pois eles ajudam a maximizar os resultados e minimizar os riscos.
Embora frequentar uma academia ofereça muitos benefícios, é essencial estar ciente de eventuais lesões. "Nesse sentido, os aparelhos ou treinos que mais oferecem riscos são os de intensidade, com carga, quantidade de repetição e de série mal orientados", afirma André Rapp, treinador físico e mental pela Universidade Anhembi Morumbi (SP).
Prefere pesos livres ou máquinas?
Para Sérgio Pistarino, médico do esporte pós-graduado em fisiologia e biomecânica pela USP, equipamentos como smith (para treinos de sustentação de peso), leg press (que propõe flexão e extensão de pernas sentado) e a prática de supino (utilizado para fortalecer os músculos do peitoral, com barras, halteres ou em máquina) são os que mais possibilitam riscos de lesões, se mal utilizados.
"Principalmente pela carga elevada e limitação dos movimentos naturais do corpo. Já exercícios com pesos livres, como agachamento e levantamento terra, podem ser perigosos se realizados incorretamente e sem supervisão, causando problemas articulares, lombares e musculares", completa o médico do esporte.
Segundo Rapp, entre pesos livres e aparelhos, os primeiros exigem mais cautela. É que diferente das máquinas, que oferecem mais controle, os pesos dependem da necessidade de estabilização e vigilância total do movimento, o que aumenta o risco de execução incorreta. Mas se usados direito e com progressão adequada, oferecem ganhos significativos em força funcional e estabilidade, diz Pistarino.
Principais erros e suas repercussões
Erros em academia são mais comuns entre iniciantes que até então eram sedentários e indivíduos que treinam sem orientação profissional. Entretanto, eles também ocorrem em praticantes experientes, mas que negligenciam a técnica correta em busca de resultados rápidos. Para André Rapp, muitos nutrem a falsa ideia de que "quanto mais carga colocar, mais forte vou ficar", e não é bem assim.
"A execução correta dos movimentos é que vai trazer maiores ganhos e benefícios para o praticante. Não adianta pôr peso e não conseguir fazer certo, o que ainda é perigoso", acrescenta o treinador, em conformidade com o médico do esporte Sérgio Pistarino: "Além da colocação de carga excessiva, os principais erros incluem falta de aquecimento, postura inadequada e falta de progressão gradual."
Sobre lesões decorrentes desses erros, Joaquim Maluf Neto, chefe da equipe de pronto-socorro de ortopedia e traumatologia do Hospital Bandeirantes (SP), frisa que qualquer área do corpo está sujeita. "A maioria das lesões são moderadas ou leves, ainda assim podem ser dolorosas e gerar afastamento do treino. Em casos graves, temos ruptura de músculos e/ou tendões, que exigem cirurgia. Lideram essa lista peitoral maior, isquiotibiais, manguito rotador e tendão de Aquiles."
Pistarino e Rapp também mencionam problemas ligamentares e articulares, especialmente em joelhos, ombros, quadris e coluna lombar. Essas lesões podem levar a cirurgias (além de longos períodos de reabilitação), como ocasionar perda de mobilidade ou mesmo incapacidade para atividades físicas.
Aja sem pressa e com consciência
Em uníssono, os especialistas consultados concordam que treino eficaz é aquele que prioriza exercícios contínuos, progressivos e personalizados, com supervisão física e mental de profissionais. Sem imprudências e excessos, algo que relatam ver muito. "Homens tendem a sofrer mais lesões em ambientes de musculação, talvez por assumirem riscos maiores", afirma Sérgio Pistarino, da USP.
Para quem trabalha o dia todo sentado, geralmente mantendo uma postura inadequada, o treinador André Rapp sugere desenvolver também a consciência corporal e o equilíbrio antes de querer evoluir para treinos ou aparelhos que exijam movimentos mais difíceis e com cargas altas. "Às vezes, já se tem lesão por esforço repetitivo, lombalgia ou hérnia de disco, e que podem piorar", explica.
Por isso, antes de querer ingressar na academia ou mesmo fazer qualquer tipo de atividade física, seja na rua ou em casa, procure também um médico para se certificar de como anda sua saúde. "Pior que lesões musculoesqueléticas é você sofrer um infarto, AVC ou uma arritmia grave na academia", alerta o ortopedista e traumatologista Joaquim Maluf, ressaltando a importância do check-up regular.
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