Brasileiros morrem no Peru: o que acontece com o corpo na altitude elevada?

Viajar para altitudes elevadas pode provocar desconforto e mal-estar em alguns viajantes. O assunto veio à tona após a morte de um professor brasileiro que viajava a Machu Picchu, no Peru, e de um montanhista que escalava um cume no mesmo país.

Testemunhas relataram que o professor Clederson Marques teve convulsões e desmaiou de forma repentina. Autoridades teriam sido informadas que Clederson sofria dos efeitos da altura desde o dia anterior. Já Marcelo Motta Delvaux, 55, morreu no Coropuna Oeste, o vulcão mais alto do Peru, tendo chegado a 6.300 m de altitude.

O que acontece com o corpo?

Na altitude elevada o peso do ar sobre o organismo (chamado de pressão atmosférica) é menor. Isso torna o ar mais rarefeito e diminui a circulação de oxigênio no organismo.

Mais força para captar oxigênio. Dentre os sintomas que podem aparecer cerca de quatro horas depois de alcançar 2.300 metros de altura, segundo coluna de Paulo Chaccur para VivaBem, está o aumento da frequência cardíaca. Essa alteração mostra que o corpo tem que fazer mais esforço para captar oxigênio.

O pulmão passa a trabalhar mais. Com isso, surge a dificuldade para respirar.

Mais glóbulos vermelhos, que transportam o sangue, são produzidos. O sangue fica mais espesso, o que pode ser um problema para pessoas com vasos finos e com risco de obstrução.

Segundo artigo do The Conversation, há menos oxigênio chegando aos músculos. Como consequência, a performance em exercícios físicos fica limitada.

A altitude também pode aumentar o metabolismo enquanto diminui o apetite. Por isso, é preciso comer mais do que o organismo sente ser necessário. Outros sintomas são dor de cabeça, sangramento do nariz, náusea e vômito.

Com mais de 5 mil metros, se torna inevitável que os sintomas não apareçam. O corpo não consegue se adaptar a tal altitude por longos períodos, já que o aproveitamento do oxigênio cai para 50%.

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Em 6 mil metros, a umidade e a pressão dos ambientes se tornam muito baixas, o que aumenta o risco de desidratação. A radiação ultravioleta também cresce e pode provocar mais queimaduras.

Nos 8 mil metros o corpo humano morre aos poucos. O aproveitamento do oxigênio cai para 30%. O coração dispara para compensar a perda, o que pode resultar em arritmia ou mesmo parada cardíaca.

Quanto maior a altitude, maiores as consequências. Fumantes, sedentários, pessoas com problemas cardíacos, respiratórios ou asma podem sofrer mais. Escaladas como a do Everest costumam exigir suporte de oxigênio.

O que fazer para evitar o desconforto?

Melhorar condicionamento físico. Exercícios aeróbicos melhoram a capacidade do pulmão e do coração, o que faz com que os órgãos realizem melhor a troca do gás carbônico por oxigênio.

Dieta para suplementar ferro uma semana antes de partir. Esse mineral é essencial na produção de hemoglobina, uma proteína encontrada nos glóbulos vermelhos do sangue. Isso permite maior presença dessas células que tornam a troca de gases no organismo mais eficiente. Vale comer bife de fígado, folhas verdes escuras (agrião, rúcula, mostarda, couve) e feijão.

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Subir de forma gradativa. Planejar uma viagem que envolve conhecer cidades mais baixas antes de chegar ao destino final em maior altitude permite que o organismo se adapte aos poucos.

Trocar comidas gordurosas por aquelas ricas em carboidratos. Uma vez no alto, essa troca permite que o organismo receba mais energia e trabalhe muito menos para digerir gordura.

Evitar exercícios de alta intensidade. Isso ajuda a não sobrecarregar os órgãos que já estão trabalhando bastante.

Mastigar folhas de coca. A planta é consumida pela população do Peru e Bolívia, principalmente, que chamam os males da altitude de "soroche". Ela relaxa os músculos e melhora a circulação e respiração. As folhas contêm alcalóides, que servem como estimulantes e fornecem força física. As vitaminas B e C, também encontradas na folha, ajudam a estabilizar os níveis de açúcar no sangue.

Tomar remédios específicos de locais com altitude elevada. Medicações como o Sorojchi Pills podem ser encontrada nas farmácias de países como Peru e Bolívia para alivia os desconfortos. O ideal é consultar um médico antes de tomá-lo, já que ele tem em sua composição cafeína e ácido acetilsalicílico.

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