Frutas fake? Por que alimentos parecem de borracha nos EUA e na Europa?
Frutas com cascas moles e polpas com textura emborrachada. Se você usa as redes sociais, principalmente o TikTok, é bem provável que já tenha se deparado com algum vídeo mostrando essa situação.
A chamada "trend das frutas fakes" viralizou nas últimas semanas e mostra usuários, principalmente dos Estados Unidos e da Europa, se queixando do aspecto das frutas que eles têm encontrados nos mercados.
Um dos vídeos mais populares é de Seattle, nos Estados Unidos, com uma pessoa falando da decepção ao comprar melancias e melões, destacando a falta de suculência e a textura "elástica" das frutas. O vídeo já acumula mais de 39,4 milhões de visualizações. "Vi vídeos de melancias borrachudas. Elas não vão comer isso", diz a mulher, enquanto mostra a fruta cortada ao meio.
As bananas e os abacates também foram alvos das críticas. Usuários da plataforma relatam que as bananas apresentam uma consistência incomum, muitas vezes descrita como "esponjosa", enquanto os abacates são criticados por sua polpa dura e pouco cremosa.
@kiva_boddy It looks so good but tastes so bad Have you had a bendable, rubbery watermelon? #rubberwatermelon #watermelon #badwatermelon ? original sound - kiva
Mas, afinal, as frutas mostradas nos vídeos são de verdade? Existe uma explicação para a textura "emborrachada" delas?
O pesquisador Márcio Eduardo Canto Pereira, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), explica que aparentemente as frutas que aparecem nos vídeos são verdadeiras e que esse aspecto "emborrachado" pode ser devido às técnicas para prolongar a vida útil da fruta para exportação.
"A vida útil de uma banana, por exemplo, é de sete a dez dias, mas quando é para exportação, precisamos pelo menos dobrar esse tempo. A grande parte desses produtos é exportada via mar e pode demorar até duas semanas para chegar nos EUA e 21 dias para chegar à Europa", diz.
Pereira explica que técnicas como resfriamento e a aplicação de inibidores de hormônios são usadas na maturação desses alimentos destinado a outros países. Os inibidores usados são na forma gaseificada, atingem a parte externa da fruta e de uso autorizado no país e no exterior.
"Normalmente, aplica-se produtos para inibir a ação do etileno, um hormônio natural das frutas que é o responsável pelo amadurecimento delas. Com isso, retarda-se esse amadurecimento e a fruta dura mais tempo", explica.
Porém, quando usados de maneira errada, os inibidores de hormônio podem interferir no sabor, cor e textura das frutas, deixando-as com a textura mais elástica e menos suculentas.
"Não é comum, mas pode acontecer. Por isso seria importante fazer um rastreio dessas frutas para ver de onde elas estão vindo e encontrar a origem do problema. Apesar da aparência e do sabor, até o momento não temos estudos que apontem possíveis efeitos à saúde", acrescenta.
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