O que é aneurisma da aorta ascendente torácica, que Otaviano Costa teve?
Ramana Rech
23/07/2024 10h14
O apresentador Otaviano Costa, 51, descobriu um aneurisma da aorta ascendente torácica após um eletrocardiograma. O caso clínico se caracteriza pelo aumento no calibre em uma região da maior artéria do corpo humano e pode ser bastante perigoso.
Aneurisma é a dilatação de um vaso sanguíneo em pelo menos 50% de seu tamanho original e pode acontecer em qualquer vaso sanguíneo do corpo. À medida que se estica, as paredes do vaso se tornam mais finas, o que pode provocar o rompimento.
A doença é perigosa por si só, mas quando se fala que o aneurisma é na aorta ascendente torácica, há agravante. Maior artéria do corpo humano, a aorta se origina do lado esquerdo do coração. Parte dela fica dentro do órgão. Os primeiros 15 a 20 centímetros exteriores ao coração se chamam aorta ascendente torácica. Por ficar tão perto do órgão vital, as complicações crescem em caso de rompimento.
O cirurgião cardiovascular Edmo Atique Gabriel conta que essa região costuma ter um calibre de entre 2,5 a 3 centímetros a depender da pessoa. Se o calibre chega a 5,5 centímetros, o paciente tem risco de ruptura de 30% a 50%.
Qualquer aneurisma pode envolver uma hemorragia fatal. Entretanto, por estar tão perto do coração, quando a aorta ascendente torácica se rompe, o excesso de sangue pressiona o coração.
De acordo com Gabriel, rompimentos em artérias grandes, como aorta, tem um tempo menor até se tornarem fatais. "Em um período de no máximo seis a 12 horas, esse sangue pode se acumular em uma quantidade suficiente para fazer o coração parar", explica.
Pessoas com hipertensão, diabetes, sobrepeso ou obesidade são as mais afetadas por esse aneurisma. Aqueles que apresentam algumas doenças genéticas, como Otaviano, também costumam ter maior propensão para desenvolver o problema. O apresentador contou ter uma anomalia no coração, já que sua válvula é bicúspide em vez de tricúspide, como o usual.
Quais os sintomas?
Em vídeo no Instagram, Otaviano diz que o motivo de ter procurado um médico foi uma "dorzinha". "Há mais ou menos 30 dias, minha vida virou de cabeça para baixo. Eu estava ótimo de saúde, mas tinha uma dorzinha que estava me incomodando", relatou.
Edmo Atique Gabriel esclarece que a dor torácica é o principal sintoma do aneurisma da aorta ascendente torácica. Mas os sintomas têm intensidade variável. Quanto maior o aneurisma, mais dor a pessoa pode sentir. "O aneurisma pode ter como sintoma a dor torácica, e esse sintoma pode ficar muito vago. As pessoas acham que é nada."
A dor não costuma ocorrer em um lugar bem definido. O paciente pode sentir dor no braço direito, por exemplo. "É uma dor de uma definição um pouco inespecífica na região central do tórax de forte intensidade. Pode irradiar para o lado direito ou esquerdo do tórax", diz o médico.
Outra característica da dor é a constância. Esse aneurisma envolve vários episódios de dor ao longo do dia. A sensação pode piorar em caso de esforço físico, pico de estresse ou de pressão. Outros sintomas são falta de ar, tontura, palpitações e formigamento no braço.
O aneurisma de aorta, porém, não é difícil de diagnosticar. "Hoje nós temos vários métodos de diagnóstico muito eficazes", conta Edmo. Alguns dos exames para identificar o caso são ecocardiograma (ultrassom do coração) e angiotomografia, que é a tomografia específica para essa artéria.
Quando o aneurisma já se rompeu a dor é similar a de uma "facada", segundo o médico. Nesse caso, o paciente deve ser encaminhado para uma cirurgia de urgência.
Como tratar?
Uma vez esticada, a artéria não volta ao seu tamanho normal. Para uma recuperação total, a solução para o aneurisma da aorta ascendente torácica é a cirurgia, classificada pelo médico como complexa e de risco médio a alto. No procedimento, o pedaço doente é substituído por uma prótese.
Apesar dos riscos envolvidos, "é um procedimento que salva a vida das pessoas", diz o cirurgião. "Você nunca sabe. A pessoa está estável agora e, amanhã, ela pode ter uma ruptura de repente na casa dela, sentada vendo TV."
Para os casos menos extremos em que o paciente quer evitar a cirurgia, Edmo orienta a manter um estilo de vida "rigoroso". Isso inclui visita mensal ao cardiologista, cuidados com alimentação, administração do estresse e uso de medicamentos para reduzir a tensão na artéria. Os exercícios físicos devem ser feitos com muita cautela.
Ainda assim, essas são medidas preventivas ou paliativas. "O processo é evolutivo e vai chegar o momento da cirurgia", avalia Edmo
Como prevenir?
É importante observar se há casos na família de aneurisma de aorta. Existem testes genéticos que identificam síndromes familiares ou genéticas. A pessoa também deve fazer consultas médicas a cada seis meses.
Outro ponto importante é atuar sobre possíveis fatores de risco, como diabetes, hipertensão e sedentarismo. Quando o paciente já apresenta esses diagnósticos, ele deve redobrar cuidado com alimentação, além de seguir com o tratamento necessário para as doenças. O médico também recomenda afastar a pessoa de fontes de estresse.