Falta de carne nas Olimpíadas, relatada por atletas, afeta o desempenho?

Os atletas brasileiros que participam dos Jogos Olímpicos de Paris estão insatisfeitos com a comida oferecida no refeitório da Vila Olímpica, onde estão hospedados. De acordo com a Folha de S.Paulo, eles têm reclamado da ausência de carne nas refeições.

Os atletas mencionam que, embora a proteína esteja disponível, ela se esgota rapidamente devido às pequenas porções servidas. Além disso, a reposição é demorada, o que faz com que muitos desistam de aguardar.

O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) reconheceu o problema e está trabalhando para solucioná-lo junto aos organizadores. Em comunicado, afirmou: "Assim como outros Comitês Nacionais, o COB reportou a questão da restrição de proteína no refeitório da Vila e solicitou ajustes durante a reunião diária entre os Chefes de Missões e o Comitê Organizador Paris 2024".

"Enquanto aguarda resposta, o COB reforça a operação de alimentação e a oferta de proteína para os atletas brasileiros no refeitório montado na base do Time Brasil em Saint-Ouen-sur-Seine, próxima à Vila. Apresentamos, com isso, a grande procura das equipes nacionais aos serviços oferecidos em Saint-Ouen", disse o comunicado.

Falta de carne vs. desempenho

De acordo com especialistas, é possível repor as proteínas em fontes vegetais no cardápio de um atleta, mas é preciso ter um acompanhamento de perto de profissionais da área de nutrição.

Em dietas mal planejadas, atletas sem a quantidade ideal de proteínas podem estar em risco de ter baixar energia, gordura e micronutrientes importantes na prática esportiva, tais como ferro, cálcio, vitamina D, riboflavina, zinco e vitamina B12.

Mas segundo Paola Machado, mestre e doutora em ciências da saúde pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), atletas podem inclusive ser vegetarianos. Quando bem planejada, uma dieta do tipo é saudável para qualquer pessoa em todos os ciclos e estágios da vida, inclusive quem vive do esporte.

Machado, em uma de suas colunas, cita um artigo da Revista Nutrição, de 2006, na qual explica que não foram encontradas diferenças significativas na capacidade aeróbica e de força em indivíduos que seguiram dietas com ou sem carne de origem animal —apesar de haver necessidade de mais estudos sobre o tema.

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Pode-se afirmar ainda que o atleta vegetariano pode ter uma melhor qualidade de vida, menor risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis e melhor desempenho esportivo. "Mas desde que a dieta seja bem planejada e adequada às suas necessidades nutricionais e ele mantenha os hábitos de uma vida saudável", explica Machado.

*Com informações de reportagens publicadas nos dias 07/05/2018 e 05/02/2019

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