Maratona Olímpica de Paris é primeira aberta a amadores; o que diz quem vai

Pela primeira vez desde a profissionalização dos esportes olímpicos, atletas amadores terão a chance de seguir os mesmos passos dos profissionais em uma das provas mais tradicionais, a Maratona Olímpica.

No dia 10 de agosto, às 21h de Paris, exatas 13h após a largada dos corredores de elite da categoria masculina, será a vez de 20.024 pessoas "comuns" percorrem os 42,195 km da "Marathon Pour Tous" ("Maratona Para Todos", em tradução literal).

A iniciativa histórica está ligada ao lema "Games Wide Open" (em português, "Jogos Amplamente Abertos"), que caracteriza esta edição dos Jogos Olímpicos e trata da inclusão. Ao incentivar a maior participação popular, a ideia dos organizadores é aproximá-los do espírito da competição.

Assim como em outras competições oficiais, a "Marathon Pour Tous" focou na paridade de gênero, com o mesmo número de participantes homens e mulheres. Haverá ainda outra prova de corrida aberta ao público, a de 10km na região central de Paris, às 23h30 do mesmo dia.

Para participar das duas provas, os atletas amadores enfrentaram uma série de eventos e desafios promovidos no app do evento desde 2019, em todo o mundo.

A prova

O trajeto de 42,195 km terá início no Hôtel de Ville (prefeitura de Paris) e percorrerá pontos emblemáticos da cidade, como o Museu do Louvre e a Torre Eiffel, passando ainda por Versalhes e outras sete cidades - Boulogne-Billancourt, Sèvres, Ville d'Avray, Viroflay, Chaville, Meudon e Issy-les Moulineaux.

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Imagem: Reprodução

A linha de chegada será na capital francesa, mais precisamente na Esplanada Invalides, jardim do Hôtel des Invalides, construído em 1687 como hospital militar e casa de repouso para veteranos de guerra.

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O percurso é uma homenagem à Marcha das Mulheres a Versalhes, ocorrida em outubro de 1789. Evento histórico da Revolução Francesa, reuniu milhares de mulheres para forçar Luís 16 a retornar com sua família a Paris, onde a população enfrentava a fome. Na sequência, o rei assinou a Declaração dos Direitos do Homem e dos Cidadãos.

Atletas amadores

Entre os cerca de 20 mil atletas amadores da "Marathon Pour Tous" estão 195 brasileiros. Para saber como foi sua preparação e quais são suas expectativas para a experiência histórica, VivaBem conversou com três deles, reunidos em uma confraternização na ASICS House, no último dia 29 de junho, para se conhecer e trocar dicas.

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Imagem: Divulgação

De acordo com o treinador e corredor Marcelo Avelar, 40 anos, embaixador da Asics, o percurso não será fácil - inclusive para os campeões da prova da elite, que não deve contar com um recorde mundial.

"A prova, à noite, na cidade luz, promete ser muito bonita e significativa, mostrando que realmente o esporte é para todos e que é a hora de inclusão, mas o percurso é difícil, de altimetria bem pesada", avalia Avelar. "No meu treino, incluí trechos de subida e priorizei os horários mais quentes no Brasil para simular as temperaturas elevadas do verão europeu."

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O casal Eduardo Suzuki e Vallery Mello, ambos 42 anos, do canal de corrida Tênis Certo, também está contando os dias para viver a experiência.

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Imagem: Arquivo pessoal

"Eu nunca fui atleta e comecei a correr com 31 anos", conta Mello. "Já consegui completar todas as 'major' [seis maiores maratonas do mundo: Tóquio, Boston, Londres, Berlim, Chicago e Nova York] e, agora, ter a chance de participar da história é algo além de um sonho, mas me sinto preparada."

Já em final de temporada - Mello correu a Maratona de Boston em abril deste ano -, a dupla vem aumentando o volume de treino semana a semana para reforçar a preparação para a "Marathon Pour Tous".

O que mais preocupa é a largada noturna, pouco comum em provas longas, que exige adaptações na rotina de alimentação. Além disso, a dupla está de olho nos termômetros para adaptar as estratégias de hidratação e reposição de carboidrato.

"Acho que vamos correr com 25 graus, temperatura alta, especialmente para nós que estamos no inverno aqui no Brasil - vamos largar já suando, depois de um dia inteiro", lembra Suzuki. "E, na Europa, pelas provas que já corri, sei que o regime de hidratação costuma ser diferente: enquanto aqui estamos acostumados a receber garrafinhas de água durante a prova, lá o comum são copinhos com menor quantidade."

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Mas as perspectivas são as melhores possíveis. "Acho que a corrida talvez seja o único esporte capaz de proporcionar essa experiência de inclusão num evento esportivo profissional desse porte", diz Eduardo Suzuki.

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