Inverno eleva casos de infarto em 12%; por que risco é maior nessa estação?
Em entrevista dada na última sexta-feira (26) à Agência Brasil, a diretora do INC (Instituto Nacional de Cardiologia), Aurora Issa, afirmou que o inverno é responsável pelo aumento de 12% nos casos de internações por infarto no Brasil em pessoas que apresentam fatores de risco. No mundo, o índice chega a 30%.
Os dados são do Observatório de Saúde Cardiovascular do INC, baseado em informações do Datasus, do Ministério da Saúde, que abrangem o período de 2008 a 2023.
Existem alguns motivos para o corpo estar mais suscetível a isso durante esta estação do ano. "Nesta época do ano, com as baixas temperaturas, as artérias se contraem para auxiliar o corpo a reter o calor. Como estão mais estreitas, os coágulos e as placas de gorduras podem dificultar o fluxo sanguíneo para o coração. Embora seja um mecanismo natural de proteção contra o frio, isso pode aumentar esse risco [de infarto]", explica Leandro Costa, cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O médico também alertou para o fato de que normalmente no inverno os hábitos saudáveis são interrompidos. As pessoas costumam se hidratar menos, diminuir o ritmo do exercício e consumir mais álcool e alimentos calóricos. E isso também pode colaborar para o aumento no número de infartos.
Além disso, no inverno, há risco maior de gripes e resfriados, que causam um aumento da inflamação das paredes internas dos vasos. "A infecção respiratória tem potencial de, nos pacientes que têm placa de gordura nas artérias coronárias, principal substrato para a ocorrência de infarto, instabilizar as placas e formar trombos. O trombo impede a passagem do sangue no vaso e isso acontece com frequência significativa em pacientes com infecção respiratória no inverno", disse Issa à Agência Brasil.
Quais os sinais de infarto?
Combinação de sintomas. Quando a obstrução afeta um pequeno ramo da coronária, atingindo uma área pequena e periférica do músculo cardíaco, o infarto pode ser assintomático (ou silencioso). O mais comum, porém, é que a pessoa tenha uma combinação de sintomas, que surgem de repente.
Dor aguda no peito. Entre os sintomas do infarto, a dor forte ou aperto no peito, que se irradia para o queixo ou ombro e braço esquerdos, e perdura por mais de 20 minutos, tende a ser a mais lembrada. O sinal é mesmo o mais comum, mas não é o único e, em alguns casos, pode nem estar presente.
Outros sintomas comuns. Fique atento a náuseas e/ou vômito, sudorese e suor frio, falta de ar (mais frequente em idosos), cansaço extremo ou fraqueza, tontura, palidez, sensação de desmaio e ansiedade inexplicável.
Nas mulheres, sintomas são diferentes. Por diferenças anatômicas, é frequente que as dores sejam descritas como queimação e pontadas no peito. Muitas vezes, esses sinais são subvalorizados entre as mulheres que estão antes da menopausa, por isso é importante conhecer os fatores de risco.
Falta de ar é comum em idosos. Em idosos ou indivíduos com diabetes que podem ter a sensibilidade à dor alterada, a falta de ar pode ser a manifestação mais aparente.
Alguns pacientes podem até não relatar sintomas. No entanto, por meio de exames simples, como eletrocardiograma e ecocardiograma, é possível identificar alterações no coração que sugerem um quadro de infarto anterior —que pode ser chamado de "infarto silencioso".
Como diminuir os riscos
Além da prática regular de exercícios físicos, alimentação adequada e cessação do tabagismo, o controle dos fatores de risco, como diabetes, hipertensão arterial e colesterol elevado, é fundamental para evitar o entupimento das artérias e consequente infarto.
O acompanhamento regular com cardiologista, sobretudo a partir dos 50 anos de idade, também é recomendado, assim como o controle rigoroso das doenças de base, com medicamentos e da mudança do estilo de vida.
Além disso, mantenha-se aquecido usando roupas adequadas, cobertores, aquecedores e bebidas quentes.
*Com informações de reportagens publicadas em 22/06/2023, 20/06/2020 e 16/04/2024
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