De quanto você precisaria? Estudo diz que dinheiro pode comprar felicidade
Descobertas recentes da Universidade da Pensilvânia (EUA) indicam que a felicidade de uma pessoa cresce à medida que sua riqueza aumenta. Os novos estudos contrariam uma pesquisa de 2010, que sugeria que a felicidade atingia seu auge com uma renda anual de aproximadamente R$ 430 mil, ajustados para cerca de R$ 622 mil nos valores atuais. De acordo com a nova investigação, a felicidade continua a aumentar com rendas mais elevadas.
"A curva dinheiro-felicidade continua subindo bem além de R$ 2,8 milhões por ano", afirmou Matthew Killingsworth, membro sênior da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, à CBS MoneyWatch. Killingsworth crê que o crescimento na felicidade está associado ao maior controle sobre a própria vida que a riqueza proporciona.
O estudo atual mostra que a felicidade cresce ainda mais entre os hiper-ricos, que ganham entre R$ 16 milhões e R$ 44 milhões por ano.
Quanto mais endinheirado, mais feliz?
O estudo pediu para que os 33.269 participantes de diversas rendas avaliassem sua satisfação com a vida em uma escala de 1 a 7. Os resultados mostraram que indivíduos com renda anual de aproximadamente R$ 169 mil deram uma nota média de 4.
Quanto aos com rendimentos em torno de R$ 2,8 milhões avaliaram sua satisfação acima de 5. Já os multimilionários, com fortunas consideráveis, atribuíram uma média próxima de 6 à sua satisfação com a vida.
Uma outra questão abordada pela pesquisa é se a prosperidade influencia a felicidade de forma distinta da renda. A riqueza pode possibilitar investimentos pessoais e familiares, como custear a educação dos filhos ou adquirir uma residência em uma boa localização.
Mas apesar de altos salários, muitos ainda enfrentam estresse financeiro. Segundo uma pesquisa do Federal Reserve Bank, da Filadélfia, um terço das pessoas com rendimentos anuais superiores a R$ 848 mil está mais preocupado com a sobrevivência do que aquelas que ganham entre R$ 226 mil e R$ 842 mil por ano.
"Como riqueza e renda se combinam para explicar a felicidade é uma questão em aberto", afirmou Killingsworth, destacando a necessidade de mais estudos para verificar se a felicidade eventualmente alcança um nível superior.
Felizes são minoria
Embora bilionários possam ser mais felizes que multimilionários, Killingsworth destaca que a quantidade de pessoas com essa riqueza é muito pequena. A maioria dos cidadãos dos EUA, por exemplo, recebe salários que resultam em menor satisfação com a vida, com a renda média anual girando em torno de R$ 424 mil. Para estar entre o 1% mais rico, é necessário ganhar uns R$ 4,4 milhões por ano.
Para os responsáveis pela criação de políticas públicas, este estudo indica que aprimorar a situação financeira das pessoas de baixa renda pode resultar em um significativo aumento no bem-estar geral da sociedade. "Definitivamente, não parece que metade da população já atingiu o ponto em que mais dinheiro deixa de fazer diferença", declarou Killingsworth.
Dinheiro é um facilitador
A relação entre renda maior e mais felicidade é "logarítmica", explica Jan-Emmanuel De Neve, professor de economia e ciências comportamentais da Universidade de Oxford (Inglaterra).
Por exemplo, se o seu salário de repente dobrar de R$ 8 mil para R$ 16 mil, você ficará bem feliz. Até aqui, nada surpreendente. Mas se você quiser ter o mesmo grau de aumento de felicidade e bem-estar novamente, outro aumento de R$ 8 mil não será suficiente. Você vai ficar mais feliz, mas não tanto. Para sentir a mesma recompensa emocional, você precisaria dobrar sua renda novamente, portanto, se R$ 16 mil o deixaram feliz, você precisaria dobrar sua renda novamente, atingindo R$ 32 mil. E depois novamente para R$ 64 mil, R$ 128 mil e assim por diante, defende o professor de Oxford.
Como visto, felicidade não é tão fácil de se comprar. Por isso, o mais importante é ter dinheiro para atender às necessidades básicas (comida, moradia, saúde etc.). Depois desse ponto existem vários fatores que contribuem significativamente para o bem-estar das pessoas e que não estão necessariamente ligados ao dinheiro.
Mark Williamson, diretor da instituição de caridade Action for Happiness, identificou alguns deles:
Cultivar boas relações dentro da comunidade (família, amigos, colegas de trabalho);
Ser parte de algo "maior do que nós mesmos";
Ser resistente a situações difíceis ou incontroláveis;
Ter autonomia (controle sobre as próprias escolhas de vida).
Em alguns países, esses fatores são usados para calcular o nível de bem-estar da população. De Neve, que é um dos autores do Relatório da ONU sobre a Felicidade no Mundo, diz que viver em uma sociedade mais igualitária é um fator fundamental para o nível de satisfação geral dos habitantes.
*Com informações de reportagem publicada em 07/02/2023
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