Ela tem doença dos seios gigantes: 'Até para comer eles me atrapalham'

A publicitária Daiani Prates, 30, viralizou no TikTok com um vídeo em que conta as suas dificuldades de viver com gigantomastia, doença que faz com que os seios cresçam muito além do esperado. Descer escada, por exemplo, é um desafio. "Tenho medo de cair, porque já aconteceu", disse a VivaBem.

Os seios de Daiani começaram a se desenvolver aos 8 anos e, aos 16, ela já tinha mamas bem grandes. Mas o peso delas se tornou um problema há cerca de cinco, quando dores na coluna e formigamentos nos braços começaram.

Daiani passará por uma cirurgia para diminuir os seios nos próximos meses e não vê a hora. Ao VivaBem, contou sua jornada.

'Já comprei tamanho 58'

"Meus seios começaram a crescer quando eu tinha oito anos. Minha mãe me levou ao pediatra e ele disse que ia sumir, que não era para ela se preocupar. Mas não sumiu. Na verdade, só cresceu mais. Com 10 anos, eu já usava sutiã adulto e com 16 tinha seios imensos, mas ainda não era uma gigantomastia.

Eu sempre tive seios grandes e hipertrofia das glândulas mamárias. Então, quando comecei a ganhar peso o problema duplicou. Quando eu estava no auge do que já pesei, com 138 quilos, nenhum sutiã servia em mim. Já comprei tamanho 58 porque não tinha maior do que isso.

Há uns cinco ou seis anos, o tamanho dos meus seios começou a me incomodar e a atrapalhar. Eu sentia muita dor nas costas, meu pescoço estava sempre inclinado para frente e a cabeça para baixo, tudo pelo peso dos seios. A dor se expandiu também para a nuca e os ombros.

Quando consegui emagrecer um pouco, as dores e o tamanho dos seios até melhoraram, mas não muito. E, nos últimos dois anos, tornou-se insustentável.

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Além das dores, tenho também dormência nos braços, porque alguns nervos estão sendo comprimidos, e não tenho mais posição para dormir.

Problemas no dia a dia

Não são só as dores que causam problemas na minha rotina. Por causa do tamanho dos seios, não consigo fazer algumas atividades simples. Por exemplo: cinto de segurança no carro. Ele passa só pelo meu pescoço, não se encaixa no meu tórax.

Fazer exercício é horrível, usar biquíni machuca e corta meus ombros por causa do peso das mamas. Descer escada é perigoso, pois não consigo ver os degraus. Morro de medo de cair —porque já aconteceu. Meu peito até engancha em lugares, como maçanetas, o que acaba me machucando.

Comprar roupas também é péssimo. Me acostumei a usar apenas peças muito largas porque nada serve nos meus seios. E é impossível apostar em conjuntos. Biquínis não tem como: a parte de baixo sempre será muito menor do que a de cima.

Até para comer meus seios me atrapalham. Já aconteceu de eu derrubar as coisas da mesa pelo tamanho deles.

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Solução é cirúrgica

Meu seio tem uma queda de 27 centímetros. E, para resolver esse problema, vou precisar fazer uma cirurgia. E, segundo o médico, não será uma mamoplastia tradicional. No meu caso, o mamilo precisará ser retirado e reposicionado.

Não tenho medo da cirurgia, apesar de já ter ouvido muitos casos de pessoas que perderam a aréola por necrose nesse procedimento. O médico já me disse que existe a possibilidade de construí-la com pele da virilha ou com tatuagem realista se eu precisar.

Daiani tem dores na coluna e formigamento nos braços por conta da gigantomastia
Daiani tem dores na coluna e formigamento nos braços por conta da gigantomastia Imagem: Acervo pessoal

A única insegurança que senti é que fui avisada que não poderei amamentar após o procedimento cirúrgico. Me abalou um pouco. Enxergo a amamentação como algo muito importante, mas não vai acontecer. E, mesmo querendo ser mãe, isso não é algo que me faria desistir de diminuir as mamas.

Eu quero um peito pequeno, de tamanho M, no máximo.

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Minha cirurgia será no próximo semestre. Precisei adiá-la por alguns problemas de saúde, mas tenho certeza que o dia em que eu fizer será o mais feliz da minha vida. Não vejo a hora de ficar despeitada."

O que é gigantomastia?

A gigantomastia é uma doença, diz Cícero Urban, mastologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia. "É quando o desenvolvimento mamário é muito elevado, acima do que consideramos normal", explica.

O especialista explica que existem mamas grandes e mamas que, além de muito volumosas, têm graus de ptose, que é uma queda muito elevada. Isso faz com que o mamilo fique abaixo da linha da dobra da mama. Para ser considerado um caso de gigantomastia, deve-se avaliar o tamanho, dores e problemas na coluna.

Essa queda da mama contribui para alterações posturais, desconfortos e dores. Tem paciente que começa a andar de forma arqueada, para esconder o volume dos seios, o que causa também um abalo psicológico.
Cícero Urban

Alguns danos posturais podem ser definitivos e o tratamento é cirúrgico. "Só seria possível diminuir os seios sem cirurgia se o caso fosse relacionado a consumo de hormônio, o que é muito raro", diz Urban.

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Uma das causas da gigantomastia é a obesidade. "Pacientes obesas podem ter gigantomastia até porque boa parte da mama é constituída de gordura." Pacientes quando perdem peso, por exemplo após bariátrica, deixam de ter mama grande, mas ela pode ficar sem consistência e cair: é a ptose.

Há ainda causas constitucionais, ou seja, características próprias da paciente, da sua genética. "Existem pacientes que têm gigantomastia sem serem obesas", explica o especialista.

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