Dentes permanentes: com qual idade começa a troca da dentição?

Cada vez mais observa-se que as crianças têm começado mais cedo a troca dos dentes decíduos, ou de leite, pelos permanentes. A cronologia da erupção, como é chamada a época em que os permanentes irrompem na cavidade bucal, sofre influência de fatores genéticos e ambientais, e varia de uma criança para outra.

Pode-se afirmar que aos 5 anos é uma perda precoce. Em média, os dentes de leite começam a cair por volta dos 6.

A troca da dentição é um processo natural, apesar disso, os pais ficam bastante ansiosos. Segundo os especialistas, é preciso ter em mente que, na maioria das vezes, não são necessárias intervenções.

Os dentes de leite desempenham função primordial para o desenvolvimento da mastigação e servem como guia para o crescimento dos permanentes. São os da frente, chamados de incisivos inferiores e superiores, que caem primeiro. O permanente absorve a raiz do de leite, fazendo com que ele fique mole até cair e, na sequência, ocorre a erupção do permanente.

Um cuidado é observar se o permanente não começou a erupcionar enquanto o dente de leite correspondente ainda está na boca. Quando isso acontece, o permanente tende a mudar sua direção para algum lugar que esteja livre, provocando uma alteração na posição. Ao ocorrer isso, é preciso ir ao odontopediatra para avaliação, já que, muitas vezes, é inevitável extrair o que ainda não caiu.

Escovação e fio dental

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Imagem: Thinkstock

Durante a troca dos dentes, a área onde estava o de leite que caiu deve ser higienizada com cuidado, água limpa, sem bochechar e, ao escovar, sem colocar força no local para não irritar.

A rotina é fundamental para uma boa saúde bucal, com escovação de duas a três vezes ao dia, com pastas indicadas ao público infantil, que contém a quantidade ideal de flúor. Incentivar o uso do fio dental, pelo menos, uma vez ao dia, e manter hábitos alimentares saudáveis, evitando refrigerantes e outras bebidas e alimentos que provocam prejuízos, são outras orientações.

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A fase do patinho feio

Faz parte do desenvolvimento normal o aparente desarranjo na fisionomia, chamado de "período do patinho feio" pelos dentistas, devido à dentição mista, com a presença de dentes de leite e permanentes. Essa etapa fisiológica é marcada por diversas mudanças no arco dentário com o aparecimento de algumas características ocluais transitórias, muitas vezes confundidas com má oclusão.

Dos 7 aos 9 anos, os incisivos superiores nascem grandes numa boca ainda pequena e podem estar numa posição mais vestibularizada —para frente— e com diastemas, que são os espaços entre os dentes.

Além disso, os permanentes têm uma coloração mais amarelada, pois apresentam uma maior espessura de dentina, que é o tecido responsável pela coloração do dente. O contraste que é percebido entre as dentições gera uma preocupação estética aos pais, mas é considerado normal.

Dos 10 aos 12, se dá o surgimento dos caninos permanentes e o aumento do crescimento dos ossos maxilares, o que faz com que os permanentes anteriores se acomodem numa posição mais favorável no arco dentário.

O acompanhamento com odontopediatra ou ortodontista é muito importante nesse período para avaliação: se é realmente apenas a fase do patinho feio ou se existe uma má oclusão e necessidade de intervenção ortodôntica.

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A dentição permanente está completa por volta dos 12 a 14 anos de idade, quando ocorre o nascimento dos segundos molares permanentes (dentes do fundo), que, também, irrompem na parte mais posterior do arco dentário, sem a perda de nenhum dente de leite. A erupção dos terceiros molares, os dentes do siso, ocorre por volta dos 18 anos.

Correções e aparelho

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Imagem: Getty Images

Na infância, é muito comum perceber problemas de má oclusão, quando a arcada superior e a inferior apresentam irregularidades no encaixe.

As principais anomalias a que os pais devem se atentar são respiração pela boca, deglutição atípica que leva a alterações como a falta de selamento labial, dificuldade de morder, falar apresentando mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior, olheiras e o aumento vertical da face.

Com o uso da chupeta, por exemplo, e a prática de outros maus hábitos, a colocação do aparelho ortodôntico será necessária, para evitar a evolução da doença e sua cura.

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O ideal é que desde bebê se faça o acompanhamento com o odontopediatra, responsável pelas orientações sobre a prevenção da cárie e, também, das más oclusões. Esse profissional realiza, ainda, o diagnóstico das oclusopatias —alterações ósseo, muscular e/ou dentária—, trata ou encaminha para um ortopedista funcional ou ortodontista, a depender da idade, da maturidade da criança, do tipo de mudança e da severidade.

Muitas situações são prevenidas ou corrigidas mais facilmente quando diagnosticadas em idade precoce, ainda bebês. O tratamento, a colocação do aparelho e, até, outras ações, dependem do tipo de má oclusão que se observa. É possível começar a intervir com 2 e 3 anos de idade de acordo com as condições clínicas. O importante é que se faça uma avaliação profissional e planejamento tão logo se constate algum tipo de alteração.

É consenso entre os especialistas: quanto mais cedo as crianças conviverem com visitas constantes e regulares ao dentista, melhor será a relação com a higiene bucal e bem menos provável que desenvolvam o medo do dentista, pois estarão familiarizadas ao ambiente do consultório.

Fontes: Ana Lidia Ciamponi, doutora em odontopediatria pela FOUSP (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo), especialista em ortodontia e professora de odontopediatria da FOUSP; Carla Vecchione Gurgel, especialista em odontopediatria pela ABO-BA (Associação Brasileira de Odontologia - Regional Bahia), mestrado e doutorado na FOUSP-Bauru (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo - Bauru); Haroldo Amorim de Almeida, mestre e doutor em ortodontia, professor titular da Faculdade de Odontologia da UFPA (Universidade Federal do Pará).

*Com informações de matéria publicada em março de 2022.

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